Editora de livros trade da Intrínseca conta como contribuiu para escrita de Um amor cinco estrelas, romance mais recente de Beth O’Leary
Por Helena Mayrink*
Todo mundo tem um dia no trabalho em que a gente pensa: “Por essa eu não esperava.” Esse dia, pra mim, foi uma linda terça-feira de 2022 em que me vi numa chamada de vídeo com a Beth O’Leary.
Muitos dos meus colegas da Intrínseca sabem que a Beth é uma das minhas autoras queridinhas aqui da editora (e compartilham dessa opinião). Então quando minha chefe me perguntou se eu estaria disposta a ajudar essa nossa rainha das comédias românticas com alguns detalhes da cultura brasileira para criar um personagem para seu novo livro, minha reação foi praticamente a seguinte:
Uma semana depois, quando finalmente entrei naquela sala do Zoom para conversar com a Beth, eu estava uma pilha de nervos. Mas desde o início nossa autora foi tudo que imagino que os fãs já esperam dela: a delicadeza e o carisma em pessoa.
Durante a nossa conversa, a Beth me contou um pouquinho do que queria para o seu personagem brasileiro, que não só era o protagonista como já tinha até nome: Lucas. Ela disse que ele seria um brasileiro que se mudou para o Reino Unido e que a trama se passaria na época do Natal, então ela estava curiosa sobre nossas percepções em geral sobre os ingleses, além de querer saber mais das tradições e comidas típicas brasileiras.
A Beth já chegou cheia de perguntas nesse primeiro papo, e falamos sobre sotaque, música, relação com a família, comida, rotina, palavrões — tudo enquanto ela fazia várias anotações. Uma das coisas que ela já tinha definido, por exemplo, era que o Lucas seria do estado do Rio, e durante a conversa pude sugerir algumas cidades por aqui que eu acreditava que dariam bons locais de origem, para sair um pouco da capital. Desses lugares sugeridos, dois acabaram rendendo personagens para a história: Niterói e Teresópolis.
Ao longo dos meses seguintes, nós duas trocamos e-mails sobre muitas outras referências, com direito a gifs, sugestões de conteúdos para ver e ouvir e dúvidas sobre conexões entre a Inglaterra e o Brasil, numa troca muito agradável. Depois que falamos sobre rabanada, por exemplo, a Beth confessou que ela e o marido testaram uma receita em casa e ficaram apaixonados. Em outro momento, ela também contou que estava escrevendo enquanto ouvia Liniker, e adorando. Quer dizer, gente como a gente, né? Até chegou a incorporar algumas palavras em português nos e-mails dela:
Um tempinho depois, a Beth me pediu para dar uma olhada em uns últimos pontos referentes à experiência do Lucas, e, assim, alimentando o sonho de todo leitor, tive um dos maiores privilégios desse trabalho: fui uma das primeiras pessoas a ler o manuscrito de Um amor cinco estrelas. Nessa fase, pude sugerir detalhezinhos para que a ligação com o Brasil fosse ainda mais certeira, ajudei com as traduções para o português e, lógico, me emocionei com os momentos mais fofos da trama e com a surpresinha que ela deixou pra mim na forma de uma personagem no final do livro (posso ou não ter chorado, e posso ou não ter dito exatamente isso para a Beth).
Em todo o processo, a Beth demonstrou o maior interesse e cuidado com a construção do Lucas e as referências brasileiras, e espero que todo mundo sinta isso enquanto lê. O resultado é um protagonista com personalidade própria e que, para mim, quebra com muitos clichês de personagens brasileiros que vemos lá fora. Um dos meus aspectos favoritos, por exemplo, é a relação de caos, conflito e carinho que o Lucas tem com diferentes membros da família dele, que acredito que espelha bem as dinâmicas familiares de muitos de nós.
A história de Um amor cinco estrelas é, talvez, uma das mais irresistíveis que a Beth já escreveu. Izzy e Lucas trabalham em um hotel aconchegante no interior da Inglaterra, mas se detestam. Quando o lugar se encontra em meio a uma crise financeira, os dois são obrigados a trabalhar em parceria para salvar os seus empregos. À medida que passam cada vez mais tempo juntos, porém, uma chama parece crescer entre eles, transformando a rivalidade em algo muito mais fofo.
Hoje, com a publicação do livro aqui no Brasil, fico feliz de ver nele pinceladas de tudo que eu e Beth conversamos. Como fã de Simplesmente Amor (assim como a nossa autora, diga-se de passagem), eu sabia desde o princípio que esse romancinho em pleno clima de Natal mexeria comigo. E Um amor cinco estrelas acabou unindo um pouco de tudo que há de bom: cenário natalino fofíssimo, personagens divertidos, uma declaração de amor épica, referências gostosas para os brasileiros e muitas conexões com Teto para dois.
Participar da edição e produção de todo livro traz sua pontinha de orgulho. Mas esse, com certeza, teve um gostinho especial (talvez de bolinho de chuva 😉).
*Helena Mayrink foi criada à base de comédias românticas e chocolatinhos depois do almoço. Hoje é editora assistente da Intrínseca e emocionada profissional.
Que post gostoso de ler! Descobri o livro por causa de um vídeo da Melina Souza (Tea with Mel). Fui curiosa até o site da editora, como uma boa estudante de marketing, para ver como produzem conteúdos, e dei de cara com esse texto. Fiquei ainda mais interessada no livro <3
Oi, Michele <3 Muito obrigada pelo carinho. Que bom que gostou do texto! Tenho certeza que vai curtir demais o livro!