As faces e as peculiaridades da mulher que transformou o suspense psicológico para sempre
Patricia Highsmith é, até hoje, uma das autoras mais influentes do suspense psicológico moderno. Criadora de Tom Ripley, personagem icônico que protagoniza cinco romances eletrizantes, Highsmith marcou a literatura com sua escrita sofisticada, personagens ambíguos e um olhar perturbador sobre a natureza humana. Mas quem foi, de fato, essa mulher?
A expressividade do seu trabalho ficou explícita desde o início da carreira. Pacto sinistro, primeiro romance de Highsmith, publicado em 1950, alcançou enorme sucesso. A obra chamou a atenção de ninguém mais, ninguém menos que Alfred Hitchcock, responsável por adaptá-la para o cinema. Desde então, muitos olhares se voltaram para a escrita potente da escritora.
Sua escrita e personagens

Patricia era meticulosa e obsessiva com sua produção literária. Escreveu compulsivamente ao longo da vida, criando personagens tão complexos que muitas vezes eram usados como disfarces pela autora. Tom Ripley, seu preferido, era visto por ela como um sósia. Chegou a assinar cartas como “Pat H., aliás, Ripley”.
A anatomia da culpa

A inconsistência, tanto ética quanto emocional, de Highsmith se refletia diretamente na complexidade dos personagens que criou. Seus livros não retratam vilões convencionais, mas pessoas comuns que acabam engolidas por dilemas morais, mentiras e crimes cuidadosamente arquitetados.
Para muitos, Highsmith criou uma nova forma de escrever suspense: a anatomia da culpa. Tramas em que os crimes se misturam ao cotidiano dos personagens e a tensão nasce, justamente, da realidade que tentamos ignorar: a possibilidade de sermos entendidos tanto como vítimas quanto como vilões, dependendo do ponto de vista.
A infância

Patricia nasceu em 1921, no interior do Texas. Passou parte da sua infância com a mãe, com quem tinha uma relação péssima e tóxica, até que foi abandonada e passou a viver com a avó.
Essa mudança nutriu um ressentimento latente em Highsmith e, mais tarde, seria um dos combustíveis de sua escrita.
A personalidade

Highsmith foi uma figura marcada por contradições. Mulher queer em tempos de forte preconceito, ela viveu relações intensas e turbulentas com mulheres enquanto negava partes de si mesma.
Fascinada pela androginia e tranquilidade dos caracóis que criava em casa, Patricia era reclusa e provocadora.
A escritora era cercada por uma aura de mistério, mas seus diários revelam uma pessoa tomada por emoções intensas, crenças controversas e muitos preconceitos.
Sua influência

Anos após sua morte, Patricia Highsmith e suas criações seguem influenciando a literatura de suspense. Sua escrita sofisticada e sombria inspirou autores como Gillian Flynn, de Garota exemplar, e muitos outros. Highsmith permanece insuperável na arte de explorar os abismos obscuros da mente humana.
Para mergulhar ainda mais na mente brilhante (e sombria) de Patricia Highsmith, a Intrínseca lança a coleção completa da Série Ripley, com cinco livros em novas edições comemorativas.