Eu te devoto

Ela era do tipo de garota que faz você se sentir especial a cada momento em que estão juntos. Tudo era tão inocente, eu tinha nove anos e ela era quase cinco anos mais velha, apesar de ser tão novo, eu já entendia as coisas, mas não o suficiente para evitar uma decepção, eu realmente pensava que ela gostava também de mim, mas só estava me levando para um abismo, onde cultivava os sentimentos mais puros e ingênuos, eu poderia jurar que era o único, mas ao ser jogado, descobri que era bem mais fundo do que eu pensava, naquele momento eu jurei a mim mesmo jamais me entregar a qualquer amor fingido. Prometi a mim mesmo jamais confiar no eu te amo, pois já dizia o poeta “a palavra, meu amor, não fede e nem cheira.”
Passaram-se vários anos e finalmente entendi a diferença entre o “eu te amo” e o “eu te devoto”. O eu te amo não suporta muita coisa, já o eu te devoto está presente até depois da morte, como eu aprendi isso? Carpinejando*.
É engraçado como o destino molda você ao decorrer do tempo, em um momento você acha que sabe tudo, mas em outros você é apenas alguém.
Hoje em dia continuo tendo contato com ela, não vou negar que ainda é perceptível a dor da lembrança na minha alma, mas foi o primeiro amor da minha vida, então irei amá-la para sempre, não com a mesma intensidade de antes, mas com o carinho que tenho por ela hoje. De certa forma o primeiro amor tem a sua peculiaridade, assim como os demais, mas tem algo em comum também, a dor. inevitável e avassaladora, não sejamos hipócritas, adoramos cultivá-la.
Portanto, se ela ainda for a mesma, quero deixar explícito que à odeio, porém foi um prazer ter meu coração partido por você.

Carpinejando* Fabrício Carpinejar, o autor que leu a minha alma.