inspiração juvenil

A história que estou para contar não é uma história fantástica e única, de fato é bem comum e um pouco triste.
Uma garota conhece um garoto e se apaixona.
O garoto não se apaixona por ela.
Todos já ouviram essa história milhões de vezes – todos certamente já viveram a mesma história. O amor não recíproco de um amigo próximo.
Minha história começa no ensino fundamental, prestes a entrar na adolescência, mudanças rápidas e intensas tomavam conta de mim, uma garota comum – um pouco esquisita – pequena e insegura.
Ele era mais velho, dois anos mais velho, parecia inalcançável, eu sabia que era inalcançável, estava sempre a frente, cada palavra que ele dizia causava algo diferente em mim.
Nos corredores e escadarias daquela velha escola eu apenas observava ele passar, com amigos e amigas, sempre animados, de falas altas, às vezes com alguma namoradinha – e eu sofria, como sofria!
É uma história tão clichê, tão comum, tão ordinária! Garota conhece garoto e tem seu coração partido.
Em algum ponto daqueles corredores, daquelas escadarias, nos tornamos colegas e logo depois amigos.
Conversávamos todos os dias e minha primeira paixão se aflorava com o tempo, só crescia e crescia.
O primeiro abraço é eternizado em minha memória, foi a primeira vez que senti na pele o que era paixão, parecia que estava em outro mundo, outra época, outra dimensão. Todos já experimentaram isso mas na hora parece tão único, tão especial, eu jurava que não havia outra garota no mundo que estava tão apaixonada quanto eu. Eu sentia aquilo na pele, na mente.
Resolvi um dia dizer que gostava dele
Ele claro, riu de minha cara boba e insegura, logo retirei o que disse, era besteira, brincadeira, claro que não gosto de você! Estava brincando.
Ufa, você me assustou.
Sorri meio sem forças.
Naquele dia, em plena aula tive que sair correndo e ir para o banheiro.
Chorei no banheiro do colégio, clichê humilhação juvenil, de coração partido e chorando em um banheiro qualquer, era uma dor que eu nunca tinha experimentado antes e como doeu, doeu mais que qualquer joelho ralado, mais que qualquer vacina.
Claro que superei alguns meses depois, não falava mais com esse garoto mas ele sempre será lembrado como minha primeira paixão, primeira humilhação, primeiro amor não correspondido, primeira dor.
Houve tantas paixões e dores depois disso que talvez eu tenha me acostumado.
Mas aquele aperto na garganta que senti pela primeira vez, sempre me persegue.