O Desenho de Coração

A minha primeira paixão foi no Pré III – talvez um pouco precoce, mas o cupido às vezes é meio atrapalhado.

O nome dela era (ainda é, na verdade) Letícia. Eu não sei ao certo como isso começou, eu só me lembro que sentávamos próximos um do outro e ela era muito agradável. Então, um belo dia, eu me peguei pensando nela demais. Com certeza, paixão.

Foi então que uma vez ela disse que ia dar-me um desenho de um coração. O que mais além de amor isso pode significar para uma criança de cinco anos? Essa é uma das minhas memórias favoritas da infância, ela tirando o papelzinho da mochila e me entregando. Mas confesso que era uma obra um tanto vanguardista, e eu não entendi o conceito daquele círculo disforme pintado de laranja escrito “coração” embaixo. Eu perguntei “O que é isso?”, e ela me respondeu “Um coração!”, sorriu e saiu correndo.

Mas nem tudo foram flores, eu me lembro como a paixão acabou. A professora pediu para nós, no fim do ano, escolhermos os pares para a dança de formatura. Eu logo fui e disse que queria dançar com ela. Mas ela já tinha outro par e me pediu desculpas.

A história da minha primeira paixão também é a história da minha primeira desilusão amorosa.

Mas é uma memória muito saudosa que guardo com carinho no meu coração. Muitas vezes eu ainda a vejo na rua, e, por incrível que pareça, ela não me reconhece. Talvez ela nem saiba que tenha sido minha primeira paixão.

Mas, no final, o que importa são as boas memórias, e são essas que fazem as boas histórias.

Letícia, onde quer que você esteja, te desejo uma vida maravilhosa!