Paixão de verão

Minha melhor amiga, Déa, sempre me contava histórias dos amigos da colônia onde passava as férias, e confesso que eu sentia um ciumezinho quando ela falava de Marcelo, da amizade entre eles, de como ela podia conversar sobre tudo com ele, e de como ansiava pela próxima temporada de férias para reencontrar a turma. Na época, não havia celular nem acesso à internet, e as correspondências eram cartas e telefonemas. Ela sempre dizia que Marcelo e eu iríamos nos dar muito bem quando nos conhecêssemos, e um dia me colocou ao telefone pra falar com ele. A partir daí, nós dois também começamos a conversar eventualmente, e mandávamos cartões postais um para o outro. Assim foi por quase dois anos, até que o pai dele foi transferido para uma cidade litorânea onde minha família tinha um apartamento. Num feriado prolongado, fomos para lá e levamos Déa conosco. Até então, eu só tinha visto Marcelo em uma única foto de anos atrás, e não nutria qualquer expectativa em relação a ele, a não ser de amizade. Como chegamos num final de tarde, combinamos de nos encontrar na praia, na manhã seguinte; mas à noite estávamos no salão de festas do prédio, Déa conhecendo a galerinha que era minha turma de férias, quando vi um garoto desconhecido entrar no salão e meu coração deu um pulo quando ele focou os olhos em mim e veio em minha direção sem hesitar.
_Tina?
Nunca antes havia me arrepiado ao ouvir meu nome. Foi paixão, sim, e foi recíproca. Ficamos juntos naquele feriado e nos dois outros antes do final do ano. E aquelas férias de verão… foram inesquecíveis!