Paixão Secreta

Nos conhecemos na escola desde a quinta série. Fazíamos parte do mesmo grupo de amigos e passávamos bastante tempo todos juntos. Quando estávamos mais ou menos na sétima ou oitava série comecei a perceber que sentia por ela algo diferente das outras amigas do grupo. Eu gastava muito mais tempo conversando com ela, ficava muito decepcionada quando ela não ia pra escola e não avisava, por exemplo. Eu fazia muita questão de estar perto dela, sentar perto dela, às vezes ela deitava no meu colo e eu sempre a tratei diferente das outras quando isso acontecia. Quando ela falou que talvez mudasse de escola eu fiquei com tanta raiva que durante alguns dias mal falei com ela. Mas o que me fez ter certeza que estava apaixonada foi quando num aniversário de uma das nossas amigas eu a ouvi dizendo que talvez estivesse gostando de um rapaz que ela já tinha ficado algumas vezes e ia dar uma chance a ele. A conversa não era comigo e eu ouvi sem querer e quis morrer de tanto ciúme. Isso tudo me enlouqueceu por muitos motivos. Eu não queria aceitar o fato de gostar de meninas, mas não podia negar tudo que sentia por ela. Achava errado querer ficar com ela e desesperador por não poder. Queria contar, mas tinha medo de estragar nossa amizade. Então eu a tratava sempre diferente. Todos os nossos amigos perceberam e sempre faziam “piadas” a respeito disso, as quais eu nunca neguei. Até que meu pai foi transferido para outro estado e eu precisei mudar de colégio, aos 16 anos. Eu chorei absurdamente com saudade dela, mas aos poucos eu fui superando. Hoje eu amo outra mulher, por quem eu me apaixonei perdidamente alguns anos depois que me mudei e estamos juntas há três anos. Mas Alice foi a minha primeira paixão e a responsável por deixar claro para mim minha homossexualidade. Ainda somos grandes amigas depois de mais de 10 anos e recentemente contei a ela o que sentia quando éramos adolescentes e ela confirmou que já sabia e que eu sempre deixei isso muito claro.