Platão na minha vida

Descobri o amor e descobri Platão, porque – claro! – minha primeira paixão foi platônica. Assim como, imagino, foi a de muitas adolescentes por aí. Aconteceu na escola, eu mal conhecia o sujeito, mas uma brincadeira boba, dessas de criança, me fez olhá-lo com outros olhos. Só que a pessoa em questão não era muito legal – quando a gente tem 11 anos, os meninos quase nunca são legais, de fato. E essa minha paixão platônica foi algo entre o amor e o ódio; detestava a infantilidade dele, a maneira como me ignorava e, inclusive, como se vangloriava por ser objeto de uma paixonite infantil/adolescente. Porque sim, ele sabia. Mas também, não sei nem o porquê, algo nele me fazia alimentar essa paixão. Ou seja, ora detestava, ora adorava. Descobri esse troço de amor platônico (valeu, Platão!) e descobri também as fossas, aqueles pop românticos melosos, e que nem sempre a vida é como as comédias românticas do cinema. Mas passou! E hoje, 20 anos depois do início dessa paixonite, eu me divirto com as lembranças.