Proibido

Ele estava sentado em outra mesa, com os amigos dele. Já tinha falado com ele antes, mas a verdade é que até aquele momento não lembrava que ele existia. Só que isso mudou quando eu virei meu rosto. Por alguma razão, aquela olhada de relance durante o jogo da copa foi suficiente para virar minha vida do avesso. Não sabia o nome dele, mas sabia desde o início que não poderíamos ficar juntos. Ele era aluno, e eu um funcionário. Era proibido. Mas isso não me impediu de ir atrás do nome dele ou de “stalkeá-lo” nas redes sociais. Quando via ele na sala de aula, não conseguia manter o olhar fixo, tampouco desviar meus olhos que eram atraídos àquele rosto como ímãs. Às vezes ele parecia retribuir, às vezes eu pensava: “que besteira, ele provavelmente é hétero”. A dúvida continua. Um dia estávamos distribuindo provas, e adivinha quem entregou a dele? Eu mesmo. Nessa hora ele falou algo, e eu respondi, meio sem graça. Acho que ele estava sem graça também. Terá sido impressão? Será que um dia vou saber? Voltar para aquele lugar depois das férias parece uma ideia dolorosa. Como meu coração vai reagir se vi-lo outra vez? De qualquer forma, eu sei como ele reagiu nesses dois meses desde aquele dia. Agora eu finalmente tenho coragem de ser quem eu sou, e isso se deve àquele olhar. Qualquer que seja o desfecho dessa história, não posso dizer que ele não foi correspondido. A vida correspondeu esse olhar com a coragem que me faltava.