testeLivro de estreia de Cara Delevingne chega às livrarias em outubro

Cara Delevingne é uma das modelos mais bem pagas e influentes do mundo e protagonista de filmes como Cidades de Papel e Esquadrão Suicida. Muito mais que uma top model moderna e ousada, ela lança tendências, fala abertamente sobre sexualidade e sobre a luta conta a depressão. Com apenas 25 anos, Cara já se tornou uma das vozes da sua geração e mostra que não tem medo de arriscar em diversas áreas da cultura pop.

Em seu mais novo projeto, Cara revela ter talento também na literatura. Jogo de espelhos, seu romance de estreia, conta a história de quatro adolescentes: Naomi, Rose, Leo e Red estão enfrentando aquela fase em que se relacionar no colégio é tão difícil quanto encarar os problemas pessoais. Red tem uma mãe alcoólatra e um pai ausente; o irmão de Leo está na prisão; Rose usa sexo e drogas para mascarar traumas antigos e Naomi se esconde atrás de peruca e maquiagem pesada.

Apesar de diferentes, eles se tornam melhores amigos quando são obrigados a formar uma banda. O que era uma tarefa chata vira a famosa e popular Mirror, Mirror. Através da música, eles encontram um meio de encarar o mundo de outra forma. Têm o apoio e o amor um do outro, são bons no que fazem, e a vida deles parece entrar nos eixos.

Mas tudo desmorona quando Naomi some misteriosamente e, dias depois, é encontrada entre a vida e a morte. O incidente desestrutura a banda e, consequentemente, a vida de todos. Da sólida relação de amizade que eles achavam estar construindo, restam apenas dúvidas e vazios. O que aconteceu com Naomi? Foi um acidente ou um suicídio? Por que ela fugiria e deixaria a banda para trás? Por que esconderia segredos dos seus melhores amigos? Para desvendar o mistério por trás dessa história, Red e os amigos entram em uma investigação que vai desenterrar os segredos de cada um e fazê-los confrontar a diferença entre o que realmente são e a imagem que passam para o mundo.

Jogo de espelhos terá lançamento simultâneo e chega às livrarias em 11 de outubro.

testeJohn Green lê o primeiro capítulo de Tartarugas até lá embaixo!

 

Chega de mistério! Se até então não sabíamos muita coisa sobre Tartarugas até lá embaixo, novo livro de John Green, agora vamos poder ouvir na voz do próprio autor o primeiro capítulo do livro inteirinho!  Confira aqui (não esqueça de ligar as legendas):

O livro já está em pré-venda e terá lançamento mundial em 10 de outubro! Garanta na pré-venda pelos links abaixo:

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Livraria cultura: http://bit.ly/2wEW77V 

testeMulheres à beira de um ataque de nervos

Por João Lourenço*

Você tem mania de limpeza? É viciada em calmantes? Sempre está com uma taça de champanhe na mão? Fala alto, conversa sozinha, interrompe as pessoas e gosta de ser o centro das atenções? É hipocondríaca, apresenta instabilidade emocional? Suas amigas te deixam louca? Ou é você quem enlouquece suas amigas? Cuidado, você pode ser uma neurótica! Na verdade, esse termo não tem o mesmo peso que tinha no passado. Em geral, a tal da neurose não se trata mais de algo clínico. Qualquer comportamento exagerado, um pouco fora dos padrões, pode ser tido como neurose… Mas não se preocupe, um pouco de neurose não faz mal a ninguém. Louco é aquele que nunca perde o controle. 

São vários os tipos de neuróticas. As mais comuns são aquelas que têm consciência da condição e abraçam essa característica. Há também as neuróticas enrustidas, aquelas que tentam mudar, controlar a neura. Esse é o caso da Eleanor Flood, protagonista do novo romance de Maria SempleHoje vai ser diferente. Eleanor não é má pessoa — assim como a maioria das neuróticas também não são. Eleanor é o tipo de mulher que faz listas mentais de tudo que precisa ser diferente em sua vida. Ela quer muito mudar: deseja ser uma mãe melhor, uma amiga melhor, uma esposa melhor. Enfim, uma versão melhor de si mesma. Porém, assim como na vida real, muitos imprevistos e surpresas desagradáveis surgem na vida de Eleanor.

Como não pirar quando tudo desmorona? Apesar de tantos obstáculos, Eleanor tenta encontrar soluções inusitadas para os problemas do cotidiano. Ela é uma personagem cativante que garante boas risadas e reflexões sobre as nossas neuroses do dia a dia. Irônico, engraçado e humano, a história de Eleanor está em processo de adaptação para a telinha, tendo Julia Roberts no papel principal — para neurótica nenhuma botar defeito. 

Abaixo, selecionamos seis personagens neuróticas de filmes e seriados de TV. Ame ou odeie-as. 

 

Carrie Bradshaw — Sex and the City

 

A série televisiva Sex and the City abriu o caminho para produções originais que abordam o universo feminino. Quem nunca quis sentar para um brunch com Samantha, Charlotte, Miranda e Carrie? Esta última sempre foi a personagem que mais dividiu opiniões. Carrie é independente, fashionista, assina uma coluna semanal sobre sexo para o jornal The New York Star e mora em um charmoso apartamento no coração de Manhattan. Ela é a it girl que você quer ser amiga e, às vezes, também consegue ser aquela pessoa insuportável que queremos distância: narcisista, egoísta e cheia de manias. É a típica neurótica que fuma um cigarro atrás do outro e não sai de casa até o “contatinho” ligar. Carrie Bradshaw, apesar de boa amiga, sempre quer ser o centro das atenções. 

 

Chris — I love Dick 

 

Por muitos anos, Kathryn Hahn estrelou como coadjuvante em filmes independentes. Na série da Amazon I Love Dick, ela rouba todas as cenas. Chris é uma cineasta que não produz nada original há anos. Frustrada com a profissão, ela decide seguir o marido, Sylvester (Griffin Dunne), para uma cidadezinha no interior do Texas, onde ele ganhou uma bolsa para estudar na famosa instituição do artista plástico Dick (Kevin Bacon). Em proporções diferentes, o casal se apaixona pelo sedutor Dick. Chris cria inúmeras fantasias e conspirações sobre Dick e transforma tudo isso em um diário picante. Para chamar a atenção do seu objeto de desejo, ela imprime o diário e distribui para a cidade inteira ler. Além de perseguir Dick por todos os cantos, a personagem de Chris se humilha, cria cenas que causam vergonha alheia — no espectador e nos outros personagens — e faz jogos mentais com o marido. Ou seja, um prato cheio! Ela é a mulher mais imprevisível da telinha. 

 

Madeline — Big Little Lies

 

Além de produtora da badalada série da HBOBig Little Lies, baseada no romance Pequenas grandes mentiras, de Liane Moriarty, Reese Witherspoon também encarnou uma das protagonistas: Madeline. Ela é aquela neurótica que sabe que é neurótica, mas não tem nenhuma vontade de mudar. Madeline mora em uma mansão de frente para o mar, tem tudo que o dinheiro pode oferecer, porém sempre está entediada. Ela está no segundo casamento e é mãe de duas filhas. Pense em uma mãe tigre, aquela que se envolve nas brigas das meninas. Ela também não mede esforços para criar climão com quem se mete em seu caminho. Madeline arruma confusão até com o prefeito da cidade. A última palavra é sempre dela e ela não pensa duas vezes antes de te mandar para aquele lugar. Todos temem a sua língua ferina. Madeline é control freak, se apega a pequenos detalhes e sabe da vida de todo mundo. Mas não é só de barraco que ela sobrevive. Madeline também protege e aconselha as amigas desafortunadas.  

 

Brooke Cardinas — Mistress America

 

No tragicômico Mistress America, fica difícil acompanhar a rotina e as ambições da personagem Brooke Cardinas. Interpretada por Greta Gerwig, que coassina o roteiro do longa, Brooke é um retrato irônico da geração millennial. Brooke faz um pouco de tudo, mas não termina nada que começa. Ela pretende abrir um restaurante, mas, enquanto o sonho não se concretiza, trabalha como decoradora, designer de moda, instrutora de SoulCycle e tutora de matemática para adolescentes ricos. Ufa! Brooke acredita que as pessoas só se aproximam dela para roubar as suas ideias. Esse lado supersticioso e neurótico da personagem rende boas gargalhadas. Em tempos de crise, Brooke apela até para clarividentes. Ela é um personagem que não percebe que muitos de seus sonhos são irrealizáveis. Mas ela jura que: “Sei tudo sobre mim mesma, é por isso que não posso fazer terapia.”

 

Jasmine — Blue Jasmine 

 

O diretor do longa Blue Jasmine, Woody Allen, ficou conhecido por criar personagens neuróticos — lembra de Annie Hall? Em todos os filmes de Allen você encontra personagens que apresentam algum tipo de transtorno obsessivo compulsivo: pessoas que falam demais, excêntricas, paranoicas, desconfiadas até da própria sombra. Em Blue Jasmine não é diferente. Jasmine é uma socialite nova-iorquina que tem a vida virada do avesso quando o marido vai preso, deixando ela na rua da amargura. Jasmine começa a sofrer de transtorno delirante, ou seja, ela não aceita a nova realidade. Então faz de tudo para manter as aparências. Ela apresenta todas as características de uma neurótica de carteirinha: fala sozinha, aborda estranhos na rua para conversar sobre a vida privilegiada que tinha com o marido e por aí vai. Ela também apresenta delírios de grandeza e é compulsiva por compras e roupas de grife. Quando nada faz efeito, ela tenta se acalmar com uma mistura poderosa de calmante e champanhe. O papel rendeu o segundo Oscar da carreira de Cate Blanchett. 

 

Aura — Tiny Furniture 

 

Antes de ser a controversa Hannah Horvath, no seriado Girls, Lena Dunham dirigiu e escreveu Tiny Furnitures. No filme independente, Dunham interpreta Aura, uma recém-graduada em Teoria do Cinema que não sabe o que fazer com o diploma — e com a própria vida. Aura explora os conflitos comuns a qualquer pessoa, como a transição da juventude para a idade adulta. Ela volta a morar na casa dos pais, mas percebe que a mãe e a irmã mais nova estão distantes e não precisam dela por perto. Aura também não consegue mais se conectar com os amigos de infância. À deriva, entediada e sozinha, ela começa a fazer amizades com webcelebridades do YouTube e passa a trabalhar como ajudante em um restaurante. Para completar, ela tem aquele famoso “dedo podre” para homens, só se envolve com gente comprometida ou emocionalmente distante. 

 

João Lourenço é jornalista. Passou pela redação da FFWMAG, colaborou com a Harper’s Bazaar e com a ABD Conceitual, entre outras publicações estrangeiras de moda e design. Atualmente está em Nova York tentando escrever seu primeiro romance.

 

testeSorteio Facebook – Lançamentos Jojo Moyes (Encerrado)

Vamos sortear os últimos 3 lançamentos da nossa amada Jojo Moyes! Os livros são: A casa das marés, Um mais um e Em busca de abrigo.

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Atenção:
– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada. Atenção: ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “agradecemos a inscrição”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição
– Se você já ganhou um sorteio nos últimos 7 dias no FACEBOOK, você não poderá participar deste sorteio.
– O resultado será anunciado no dia 18 de setembro, Segunda-feira, em nosso perfil no Facebook. Boa sorte! ?

VENCEDORES 

testeSorteio Instagram – Lançamentos Jojo Moyes (Encerrado)

Vamos sortear os últimos 3 lançamentos da nossa amada Jojo Moyes! Os livros são: A casa das marés, Um mais um e Em busca de abrigo.

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Atenção:
– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada. Atenção: ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “agradecemos a inscrição”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição
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VENCEDORES 

testeCrimes de paixão: a construção de Por trás de seus olhos

Entrevistamos a autora de Por trás de seus olhos, o livro mais surpreendente do ano.

Por André de Leones*

 

Sarah Pinborough

Jornalistas adoram rótulos. Ainda que Rebecca, romance de Daphne Du Maurier, tenha sido lançado em 1938 (e adaptado para o cinema dois anos depois por ninguém menos que Alfred Hitchcock, em um longa que faturou o Oscar de Melhor Filme), deram um jeito de apelidar os recentes thrillers psicológicos, narrados por personagens femininas nada confiáveis e coroados por reviravoltas incríveis, de Grip-Lit (ou gripping psychological thrillers). É onde se encaixam obras como Garota exemplar, de Gillian Flynn, e Por trás de seus olhos, romance de Sarah Pinborough que vem cativando muito leitor calejado com sua narrativa escorregadia, cujo desfecho, mais do que imprevisível, é fantasticamente perturbador — aliás, escrevemos sobre o livro aqui.

Nascida em 1972, na pequena cidade de Milton Keynes, a uns setenta quilômetros de Londres, Pinborough já tinha uma carreira estabelecida como autora de ficção young adult, fantasia e terror antes de investir no (vá lá) gênero Grip-Lit. Deu muito certo: Por trás de seus olhos chegou sem demora às listas dos mais vendidos e vem sendo traduzido e lançado em dezenas de países. Uma adaptação para cinema ou TV não deve demorar. Foi com simpatia e bom humor que ela cedeu a entrevista que se segue, na qual fala um pouco sobre a escrita do livro, as circunstâncias em que bolou seu desfecho marcante, os próximos planos e outras coisas.

 

Li que Por trás de seus olhos tem elementos autobiográficos. Isso é verdade? Se for, em que sentido?

Sarah Pinborough: Não há tantos [elementos autobiográficos] assim! Mas, como mulher solteira na casa dos quarenta, fui estúpida o bastante para ter aquele caso equivocado e estranho (no romance, a personagem Louise se envolve com seu chefe, David, um homem casado). E eu bebo vinho branco e tenho um cigarro eletrônico. Mas as semelhanças param por aí!

 

A primeira coisa que chamou a minha atenção foram as vozes dos personagens. Você realmente fez um ótimo trabalho ao distinguir essas vozes, o que é imprescindível para que o romance funcione apropriadamente. Como foi o processo?

SP: Ah, obrigada! Eu realmente não levo as vozes tão em conta, mas, considerando que havia duas narradoras principais em primeira pessoa, ambas mulheres, quis diferenciá-las da melhor maneira possível. Adele é uma pessoa bastante meticulosa e controlada e eu tentei fazer com que sua linguagem refletisse isso, enquanto que Louise, que Deus a abençoe, é mais dispersa, bagunçada, então seus pensamentos expressam isso. Mas, acima de tudo, assim que você conhece o personagem, a voz dele simplesmente aparece — ainda que isso soe um pouco pretensioso.

 

Além de ser um thriller psicológico, o romance explora temas importantes como atração, infidelidade, ciúmes etc. Na verdade, se esses temas não fossem abordados de forma realista, o suspense e as reviravoltas não seriam tão impactantes. Você tinha a intenção de abordar esses temas desde o começo?

SP: Sim, sem dúvida. Eu realmente queria escrever sobre um caso amoroso e todos os pormenores e emoções que vêm à tona, e quis brincar com o estereótipo da amante mais jovem e bonita, por isso era importante Adele ter uma beleza mais padrão. Acho que, no mundo moderno, com todos tão conectados via redes sociais, celulares e e-mail de uma forma que não éramos há vinte anos, é bem mais fácil sermos atraídos pela infidelidade. A maioria dos relacionamentos começa com as pessoas dizendo que jamais voltarão a trair e quase sempre termina porque alguém fez isso, e então eu quis explorar esse mundo.

Você também escreve para a televisão. Esta experiência influencia seu trabalho como romancista?

SP: Por certo me ajudou nos diálogos. Além disso, na televisão e no cinema cada cena tem um propósito a cumprir — tem que conduzir a história de alguma forma —, então eu continuo tentando trazer isso para a escrita dos meus romances. Nem sempre funciona — é muito mais fácil pesar a mão num romance que num roteiro para a TV.

 

Adele e Louise são fascinadas uma pela outra. É justo dizer que esse fascínio transcende o personagem masculino, de tal forma que David é meramente instrumental? Ele, por exemplo, não tem uma voz.

SP: Sem dúvida. Descobri pela minha própria experiência e pelas experiências de amigos que, se uma mulher dorme com um homem casado, ela quase sempre fica fascinada pela esposa, e a esposa, pela amante, e o homem se torna quase irrelevante. Mulheres foram condicionadas por séculos a competir umas com as outras, e todas pensamos que as outras são melhores nisso de “ser mulher”. Nós constantemente nos comparamos com outras mulheres e nos achamos inferiores. Sobretudo quando somos jovens. Eu quis explorar esse fascínio. É um livro mais sobre elas do que sobre ele, ainda que seja ele quem as aproxime.

 

Como você vê o desenvolvimento e o protagonismo de personagens femininos na literatura contemporânea, especialmente em thrillers?

SP: É realmente incrível como personagens femininas passaram ao primeiro plano e deixaram de ser algo mais do que apenas calculistas ou vítimas. Amo Rebecca, de Daphne Du Maurier, e penso que Amy, de Garota exemplar, abriu a porta para que nos thrillers as mulheres possam ser mulheres, boas e más, e assumam o lugar central. Não sei quanto tempo a bolha Grip-Lit vai durar, há tantos livros desse gênero já publicados, mas estou curtindo, e espero que ela tenha mudado para valer a maneira como escrevemos sobre mulheres na literatura policial.

 

Você poderia, por favor, falar um pouco sobre como surgiu a ideia para o final? Quer dizer, você já começou a escrever o romance sabendo como ele terminaria?

SP: Eu com certeza já tinha o final em mente antes de começar. Sabia que queria escrever um thriller sobre um affaire, algo claustrofóbico e com uma pegada Polanski/Hitchcock, mas não conseguia encontrar algo, uma ideia, que não parecesse corriqueira. Comecei a me sentir bastante frustrada, então fui a um bar, pedi uma taça de vinho, abri o notebook e passei a rascunhar meus personagens: quem eram, o que acontecia com eles – e então foi como se uma lâmpada se acendesse, o momento em que pensei “E se?”, e foi isso. O fim estava lá.

 

Li que você mora em Milton Keynes. Não sei se você curte futebol (caso não curta, apenas ignore isto), mas, como torcedor do Liverpool, gostaria de agradecer o Milton Keynes Dons por destroçar o Manchester United na Copa da Liga anos atrás. Aquilo foi quase tão emocionante quanto Por trás de seus olhos.

SP: (Risos.) Vai, Dons!

 

Para terminar, você poderia dizer o que vem a seguir? Está trabalhando em algum novo projeto?

SP: Estou trabalhando em outro thriller que se concentra em personagens femininas e tem uma reviravolta, mas é bem diferente de Por trás de seus olhos. Estou bastante satisfeita com ele, que será lançado em maio do ano que vem. Não sei ao certo se posso dizer qual é o título, então não vou revelar!

 

*André de Leones é autor do romance Abaixo do paraíso, entre outros. Página pessoal: andredeleones.com.br.

testeEm A grande saída, o Nobel Angus Deaton coloca o progresso em perspectiva

Por Rennan Setti*

De Donald Trump ao Estado Islâmico e a Kim Jong-Un; da crise financeira global de 2008 à recessão brasileira; da morte de milhares de refugiados na travessia do Mediterrâneo aos acontecimentos recentes em Charlottesville. É extenso o compêndio do que há de lamentável no mundo atualmente e é isso que impede o senso comum de enxergar aquilo que o Nobel de Economia Angus Deaton conclui em seu livro A grande saída: vive-se melhor hoje do que em qualquer outro período da história. 

A expectativa de vida cresceu 50% desde 1900 e, como conta o economista a partir da história de sua própria família, crianças nascidas hoje na África subsaariana têm mais chance de completar cinco anos do que tinham as nascidas na Inglaterra em 1918. O percentual da população que vive com menos de US$ 1 por dia era de 42% há menos de 40 anos e, hoje, é de 14%. Embora a desigualdade esteja aumentando nos países desenvolvidos, ela cai em nível global.    

Professor da Universidade de Princeton, o autor escocês recebeu o Nobel de Economia em 2015 por suas contribuições para métodos de mensuração da qualidade de vida que vão além de dados agregados como a renda e Produto Interno Bruto (PIB). Em sua carreira, Deaton se dedicou a novas metodologias para medir dimensões mais prosaicas, mas não menos importantes, como a quantidade de calorias consumida, o acesso a serviços básicos, a infraestrutura dos domicílios etc. Em vez de embasar suas teorias exclusivamente em indicadores tradicionais, Deaton criou modelos de pesquisas domiciliares e de análise de dados digitais para complementá-los, proporcionando um retrato mais fiel das condições de vida.  

 

Muitas das conclusões de A grande saída são fruto dessa técnica empírica. A altura média da população é usada por Deaton para inferir o acesso à alimentação, por exemplo. O autor argumenta também que a maior oferta educacional foi mais importante que o avanço da renda para o recente salto de longevidade em países pobres. “Avanços na educação talvez sejam hoje os grandes responsáveis pela melhora na situação da saúde nos países de baixa renda”, explicou. É por isso que a expectativa de vida na Índia hoje é mais alta que na Escócia em 1945, apesar de a renda per capita dos indianos ser equivalente àquela da Grã-Bretanha no longínquo ano de 1860.  

Além da distopia que tem marcado o noticiário recente, há outra razão pela qual a maioria dos leitores de Deaton se surpreende ao ser informada de que vive-se hoje o melhor dos tempos: o grosso do progresso tem acontecido, obviamente, bem longe do mundo desenvolvido. O que baby boomers e enfants dos Trente Glorieuses experimentaram no pós-guerra é talvez parecido com o que as gerações X e Y estão gozando em Shenzen, Mumbai ou em Lagos. 

Embora um livro sobre o progresso inédito que se deu nos últimos séculos jamais soe como pessimista, Deaton dedica parte importante de A grande saída aos reveses desse processo. Sustenta, aliás, que seu objetivo primeiro é tratar “da eterna dança entre progresso e desigualdade, de como o progresso gera desigualdade e como a desigualdade pode às vezes ser útil”. Para Deaton, a história do progresso é também a história da desigualdade. 

Um país que cresceu quase 10% ao ano nas últimas três décadas, como a China, dificilmente conseguiria distribuir rapidamente e de maneira equânime as riquezas geradas. Isso é natural quando o crescimento é abundante e as oportunidades de mobilidade social representam um incentivo — vide a história americana no pós-guerra. O problema é que o avanço econômico minguou na maioria dos países ricos e tem desacelerado entre os emergentes. Como já observou Thomas Piketty em O capital no século XXI, menos crescimento tende a gerar mais desigualdade. Deaton chama a atenção para as repercussões dessa dinâmica no futuro do próprio progresso.  

“Crescimento econômico é o motor da fuga da pobreza e da penúria material. Mas, atualmente, ele é débil no mundo rico e vem diminuindo década a década. Em quase todos os lugares, a fragilidade do crescimento vem acompanhada de aumento da desigualdade”, escreveu o autor. “No caso dos Estados Unidos, os atuais contrastes de renda e riqueza são os maiores em mais de cem anos. Grandes concentrações de riqueza podem minar a democracia e o progresso, sufocando a destruição criativa que o torna possível. Tais desigualdades estimulam quem já conseguiu alcançar a saída a bloquear as rotas de fuga depois de passar por elas.” 

Isso preocupa porque, como A grande saída mostra, as melhorias nas condições de vida operadas desde o Iluminismo configuram uma exceção na história da humanidade. Durante milênios, elas permaneceram estacionadas. A verdade é que, colocado em perspectiva, esse momento poderia facilmente representar um estreito interregno caso algo interrompa sua dinâmica. 

Mas Deaton é crítico à ajuda humanitária internacional, uma das propostas mais recorrentes quando o assunto é reduzir a pobreza. Para o economista, em vez de levar à melhora das condições de vida, muitas vezes esse suporte serve para perpetuar regimes corruptos — estes sim, na sua opinião, a razão para que diversos países não tenham se beneficiado da onda de progresso do último século.

“Este é um dilema central da ajuda internacional: quando as ‘condições para o desenvolvimento’ estão presentes, a ajuda não é necessária; quando as condições locais são desfavoráveis ao desenvolvimento, a ajuda externa não é útil e irá prejudicar caso contribua para perpetuar tais condições”, escreveu. 

=> Leia um trecho de A grande saída 

*Rennan Setti é jornalista.