testeÀ espera de um recomeço

A última vez que saí de casa foi no dia 17 de março. Eu tinha 35 anos e os cabelos curtos. Meus passos ainda não sabiam a dimensão de tudo o que está acontecendo com esse mundo. Assim que se tocaram, eles imediatamente se entocaram e resolveram nunca mais se arriscar fora do espaço existente além das grades do Edifício Grace.  

Michele me avisa que passamos o outono inteiro dentro do nosso apartamento. Não tinha me atentado a este fato. Foi um espanto! Claro que eu sabia que estávamos há meses isolados fisicamente das pessoas que amamos e dos lugares que gostamos. Mas quando nomeamos o que estamos vivenciando, os sentidos se redimensionam, parecem ganhar outra importância. Falar estamos há 3 meses dentro de casa – por mais que signifique exatamente a mesma coisa soa diferente do que dizer passamos o outono inteiro sem pisar na rua. Nesse caso, o impacto maior. Assusta mais. Não? A mim sim.

Passamos o outono inteiro sem pisar na rua. Logo o outono! A estação que eu mais amo no ano! Não pude pisotear em nenhuma folhinha seca sequer no meu percurso rotineiro até a livraria na avenida Moema. Aquele barulho (imagine a onomatopeia de uma folha seca sendo esmagada) é terapêutico. Equivale ao plástico-bolha dos presentes que chegam (chegam?) pelos Correios. Olha aí, a humanidade sempre buscando a sensação de paz na destruição de algo sem forças para revidar… 

Particularmente, tenho uma queda pelo outono porque gosto do calor, mas não tanto. Porque amo o frio, mas não tanto. Porque amo a chuva, mas não tanto. Porque amo a ventania, mas não tanto. Porque gosto dos dias e das noites com a mesma duração, mas não tanto. Porque gosto do tom amarelado, mas não tanto. Porque gosto da solidão, mas não tanto. Porque gosto dos ciclos que se encerram, mas não tanto. Porque gosto dos recomeços, mas não tanto. Porque… Chega! Já tô tonto de tanto tanto

Passamos o outono inteiro sem pisar na rua. Essa é a nossa realidade. Uma estação inteira estacionada no nosso apartamento. Como se tudo estivesse à espera de um recomeço. Outono é tempo de mudança, de renovação. Queda de folhas, frutos, colheita… Mas, aqui dentro, não há nada a colher. Talvez poeira, caspa, unhas, migalhas de pão – sobras do café da manhã – que se espalham pelo chão, debaixo da mesa da sala, bem perto dos meus pés. O outono mora com a gente há 3 meses e não se oferece sequer para ajudar no condomínio, pagar uma conta de luz, gás ou, sei lá, uma pizza aos sábados?

No quarto de dormir, uma leve infiltração começa a despertar. O concreto também guarda o peso da sua aflição em estado líquido. As lágrimas não estão em quarentena. Elas podem sair sem pena, cair a qualquer momento desses olhos emparedados. 

No escritório, o papel de parede se solta da superfície no canto inferior direito. A cola aos poucos perde seu efeito. Ela parece querer desrespeitar as recomendações da Organização Mundial da Saúde e descolar uma fuga para revestir a rua. Ela também parece estar cansada de ficar trancafiada. Quem não está? 

Na cozinha, o grande susto de uma pequena explosão! O micro-ondas deu curto-circuito após quatro anos de contribuição ininterrupta descongelando sopas, esquentando lasanhas e aquecendo jantares preparados com as sobras do almoço do dia anterior. Sinto que as coisas vão pifando com mais frequência quando passamos a conviver mais tempo com elas. Numa rotina normal, os eletrodomésticos quebram e a gente mal percebe. No amor também é assim?

Até fiquei mais velho nesse período. Já não tenho 35. Rolou uma festa high-tech, com direito a brinde no Zoom: 40 minutos de muito amor com família e amigos. Viva a tecnologia! Viva a comemoração digital! Viva a passagem de tempo virtual… Opa, opa, pera lá… O tempo só passa realmente, meu jovem. Portanto, é real: envelheci!

Gilberto Gil disse recentemente numa live: Quem não morre, envelhece. Outras pessoas já disseram algo semelhante, mas quando Gil diz, as palavras nos acertam de forma diferente. Aliás, nascemos no mesmo dia – 26 de junho. Em décadas diferentes, claro. Gosto de saber que, de certa forma, envelheço no mesmo ritmo que Gil – o artista que mais admiro. Ele fez 78 e parece tão mais moço do que eu. 

Da próxima vez que eu sair de casa, terei 36 anos e os cabelos mais ou menos na altura dos joelhos. O que esperar desse inverno?

testeO que esperar da adaptação de Território Lovecraft?

Uma das séries mais aguardadas do ano, Lovecraft Country, a adaptação televisiva de Território Lovecraft, de Matt Ruff, estreia em agosto na HBO, e nós já estamos animados para reencontrar Atticus e sua família! Por isso, fizemos uma lista com cinco motivos para você também ficar ansioso por essa adaptação:

 

A história explora o terror dos EUA segregados

Por quase 100 anos, as famigeradas leis de Jim Crow formalizaram a segregação racial nos estados do sul dos EUA. Durante esse período, existiam áreas separadas para negros em todos os lugares, incluindo escolas, assentos de ônibus e até bebedouros. Em algumas cidades, os brancos tinham permissão para apedrejar negros que andassem na rua após o pôr do sol.

Foi nesse cenário que viveu H. P. Lovecraft, escritor considerado um dos mestres do horror norte-americano e que, ao longo dos anos, ficou conhecido por algumas de suas características literárias: os seres viscosos e tentaculares, o apreço por palavras rebuscadas e o racismo. O preconceito invadia suas histórias, explicitamente ou nas entrelinhas.

Livremente inspirado nesses fatos históricos, Matt Ruff criou Território Lovecraft, um horror cósmico com protagonistas negros. Na história, Atticus e sua família precisarão driblar não só criaturas sobrenaturais pela região sul dos EUA, como também os terrores da época da segregação.

 

O livro foi originalmente pensado para ser uma série de TV

Os escritórios e estúdios de Hollywood recebem centenas de novos roteiros e propostas todos os meses e, infelizmente, nem sempre os melhores ganham um sinal verde para sua produção. Foi o caso de Território Lovecraft. A história, apresentada por Matt Ruff originalmente em 2007 para a Fox Studios, acabou não indo para a frente. A ideia era fazer uma série aos moldes de Arquivo X, na qual cada episódio seria uma miniaventura de um dos personagens, sempre às voltas com horrores sobrenaturais e inimigos reais, como a Ku Klux Klan.

Depois da recusa, o autor ficou imaginando como poderia transformar o projeto da série em um romance sem abrir mão da estrutura original, dos pequenos casos individuais que, juntos, construiriam um arco narrativo maior. Seu desejo era que, assim como os espectadores das melhores séries de TV, seus leitores “maratonassem” as histórias.

Assim nasceu Território Lovecraft. Publicado no Brasil em janeiro de 2020 pelo intrínsecos, o clube do livro da Intrínseca, o livro chegou às livrarias em março do mesmo ano. E, agora, finalmente ganhará uma adaptação para o formato em que foi originalmente pensado.

 

Cada episódio é uma história diferente

Por muitos anos, grande parte das séries de TV seguia o esquema de episódios procedurais, ou o bom e velho “caso da semana”. Nada melhor do que relaxar no sofá e ver um episódio de forma descompromissada, certo?

Essa é uma das peculiaridades que tornam Território Lovecraft tão especial. A cada capítulo do livro, o foco vai para um protagonista diferente, mas todas as tramas convergem para um único final. Com aventuras que vão desde perseguições de carro a viagens interplanetárias, passando ainda por casas mal-assombradas, o livro amarra todas essas tramas de forma magistral em seu último capítulo e promete explorar tudo o que os fãs de ficção científica gostam — e muito mais.

 

O elenco e a equipe

A série da HBO conta ainda com um elenco estelar com nomes como Jonathan Majors (Destacamento Blood), Jurnee Smollett-Bell (Aves de Rapina), Michael Kenneth Williams (Olhos que Condenam) e Aunjanue Ellis (Histórias Cruzadas) e é produzida por J. J. Abrams, responsável por grandes histórias fantásticas como Cloverfield: Monstro, LOST e Westworld, e Jordan Peele, consagrado diretor que tem chamado a atenção de Hollywood ao revitalizar e ressignificar o gênero terror em filmes como Corra! e Nós.

 

Confira os trailers

Se depois de tudo isso você ainda está em dúvida, a HBO já liberou teasers e trailers da série que com certeza vão te conquistar:

Lovecraft Country estreia em 16 de agosto na HBO e o livro já está disponível em formato físico e e-book.

testeQuanto do autor existe em seus personagens?

Nessa semana teremos o lançamento oficial de O livro de Líbero! Entre idas e vindas, a obra é resultado de um processo de quatro anos e é uma alegria finalmente poder colocar esse “filho” no mundo.

Não é incomum comparar o lançamento de um livro com a chegada de um primogênito. As razões, acho eu, são várias – algumas óbvias, outras nem tanto. Em primeiro lugar, é claro, há os meses (ou anos, no meu caso) de gestação. Um fiapo de ideia é concebido na cabeça, o enredo e seus personagens vão amadurecendo dentro do autor que, pouco a pouco, vai transferindo tudo isso da imaginação para o papel em uma espécie de parto longuíssimo e, não raro, doloroso. Como disse Goethe, “escrever é um ócio muito trabalhoso”.

Mas acho que é uma metáfora que vai muito além. Os livros são filhos de seus autores porque, tal e qual os de carne e osso, carregam o DNA de quem os concebe. Com isso surge, portanto, uma das maiores curiosidades de quase todos os leitores: quanto do autor há naquela história, naqueles personagens?

Tão na moda hoje em dia, o gênero da “autoficção” brinca justamente com isso: borra os limites entre biografia, experiência e ficcionalização. O autor norueguês Karl Ove Knausgård é um dos melhores exemplos. Na série Minha Luta, Knausgård leva ao limite máximo a exposição de sua vida pessoal e familiar ao longo dos seis volumes e das milhares de páginas em que ele é o próprio protagonista. No outro extremo, ou melhor, na face oposta da moeda, estão autores como Elena Ferrante, que se valem de pseudônimos para separar a fórceps autor e personagem. Curiosamente, o efeito acaba sendo justamente o oposto: o pseudônimo aguça nossa curiosidade e, na falta de um rosto, reforça a impressão de que autor e personagem hão de ser a mesma pessoa.

O livro de Líbero passa longe da autoficção, mas é inegável que há nele e em seus personagens muito de mim e das minhas experiências de vida. A paixão de Líbero pelos livros e pela leitura é também minha; enxergo no personagem o garoto de onze anos que eu mesmo fui: sonhador, curioso, ambicioso e assustado, cheio de dúvidas.

Mas, então, me perguntam: Líbero sou eu? Sim. E não. Mais não do que sim, inclusive. Há muitos aspectos em que somos completamente diferentes. Nunca pensei em estudar ou trabalhar com jornalismo, por exemplo. Tampouco nasci e cresci em uma cidade minúscula do interior – apesar de Pausado ser, sim, inspirada em lugares que frequentei.

Tudo isso para dizer que a metáfora do livro como filho, apesar de batida, é bastante propícia. Como todo filho, nascem de nós mas não são iguais/idênticos a nós. São uma grande mistura de histórias, memórias, sonhos, acontecimentos e pessoas, alguns reais, do repertório do autor, e outros tantos inventados. Vida longa ao Líbero!

testeParticipe do Concurso Shine e ilustre uma sobrecapa da Intrínseca

Sua ilustração pode estar na sobrecapa do livro da estrela do K-pop Jessica Jung!

No Concurso Shine: Minha chance de brilhar com Jessica Jung, promovido pela Intrínseca, a cantora, atriz e empresária Jessica Jung escolherá uma ilustração para estampar a sobrecapa da edição brasileira de seu primeiro livro, Shine, que será lançado no país em outubro. O autor da ilustração vencedora receberá R$1.500 e um ano de assinatura do intrínsecos, o clube do livro da Intrínseca. Mas fiquem tranquilos: os finalistas e semifinalistas não vão ficar de fora da premiação.

Para participar, basta ser maior de 16 anos, ter conta bancária no próprio nome e preencher o formulário, que está disponível no site do concurso. As inscrições vão até 12 de julho. Você pode conferir as regras, exigências técnicas do esboço e todos os prêmios no regulamento.

Atenção: não é preciso enviar uma arte final para se inscrever. Com base na sugestão de vocês, alteramos o regulamento do concurso e, para participar, mande um esboço contendo os traços iniciais da ilustração e os elementos principais (personagens e cenários). É possível também enviar seu portfólio e um pequeno texto com suas ideias.

Para ajudar, conheça um pouco mais do livro:

Em Shine, acompanhamos os bastidores da indústria do K-pop, que movimenta bilhões de dólares, e mergulhamos na etapa inicial dessa cadeia: a formação dos ídolos.

Jessica Jung se inspira em muitas de suas experiências como idol para contar a história de Rachel Kim, uma menina que sonha em fazer parte de um girl group. Nessa jornada, Rachel vai se apaixonar, aprender a lidar com os inúmeros desafios desse universo e descobrir que, em meio ao caos, existe o amor dos fãs, a glória do palco e a chance de realizar um sonho.

Leia um trecho do livro e confira mais informações sobre os personagens no site.

testeFormas de preservar a ternura

São Paulo, segunda-feira, dez pras nove. Michele sai do quarto onde acabou de fazer sua aula ohmmmmmmmmline de yoga. Desculpe o trocadilho. Prometi parar com isso, mas enfim… Vida que cegue! Eita, mais um! Chega, chega, chega… 

Você já trocou a água do beija-flor?

Essas foram as primeiras palavras que escaparam da sua voz ainda adormecida nesta manhã nublada de junho. Meus ouvidos testemunharam a candura da cadência dessa sequência de sílabas. Sílabas, essas, que imagino terem formado um pequeno sol letrado na sua boca. Michele tem luz no que diz. 

Você já trocou a água do beija-flor? 

E essa sentença foi o bom-dia mais bonito de todos os bons-dias mais bonitos de todos os tempos. Depois desse dia, falar bom-dia ganhou um forte concorrente e perdeu um tanto a graça, enfraqueceu um tiquinho. Está decidido! Não falarei mais bom-dia! Agora direi: Você já trocou a água do beija-flor? para todas as pessoas que encontrar pelo caminho (quando eu puder voltar a pisar na rua, claro).

Prevejo um festival de você já trocou..

Você já trocou a água do beija-flor, Enrique? Meus cabelos – que já se confundem com minha barba e agora simulam um projeto de Chewbacca da Quarentena idealizado em um pequeno apartamento entre a Av. Moaci e a Alameda Miruna – sentem sua falta. Minha franja avantajada às vezes sonha com o senhor. Nos veremos em breve, eu espero. 

Você já trocou a água do beija-flor, Moça-que-vende-salada-de-frutas-perto-do-Shopping-Ibirapuera? Espero que o pote ainda esteja na faixa dos R$5. Uma coisa eu aprendi com ela: não se usa laranja nesse tipo de salada. As outras frutas azedam rapidamente, parece. Acho que ela teria muito a ensinar a certos políticos. 

Você já trocou a água do beija-flor, Seu Zé? Sonho com a tarde em que poderei saborear de novo o melhor PF de Moema. PF é prato feito na linguagem dos botecos. É sempre bom precisar certas siglas nesses tempos de busca e apreensão às 6h da manhã nas casas dos bacanas. O generoso contrafilé acompanhado de arroz, feijão e fritas é ponto alto da baixa gastronomia aqui do bairro. Eu contribuo com a economia local. Mais do que alguns ministérios por aí. Ah, Brasília e seus mistérios!

Saudade das coisas lá fora, né minha filha? Pois é… todos nós sentimos! Às vezes, a saudade é tamanha que me pego tendo saudade até de quem eu odeio um pouquinho. Em quem eu odeio muitão, eu nem penso: dispenso. Pensando bem, nem sei se odeio muito alguém. Será que devo me odiar por isso? Odiar é uma palavra muito forte, eu sei. Tão forte que enfraquece quem a sente, quem a pronuncia ou quem a escreve. Talvez não seja ódio meu sentimento, mas algo bem próximo ao seu significado. Um termo análogo que vive perambulando pelas redondezas no dicionário de sinônimos.

Estou um tanto farto do comportamento de algumas pessoas. Estou cansado dessa neutralidade que afundou de vez o país que ainda estava aprendendo a nadar. O Brasil agora é um gigante sem fôlego. É possível ver sua mão rompendo a superfície. Talvez seja essa a imagem da esperança. Mas, tá difícil, viu? Por quanto tempo nossa esperança ainda aguenta? Tô por aqui com essa galera que não respeita o confinamento, com essa gente que acha que está tudo indo no fluxo da mais perfeita normalidade. Aja naturalmente, vai passar e blábláblá… Basta!

Desculpa, eu não consigo perdoar essa irresponsabilidade social. Você consegue? Eu deveria fazer essa aula de yoga ohmmmmmmmmline? Simmmmmmmm, eu deveria. Eu deveria ser mais amoroso com essa situação? Não, não deveria. Ser amargo, em alguns casos, é o único jeito de preservar meu lado mais amado. Recomendo: Saramago, Ensaio sobre a cegueira. Hoje, Saramago não faria um ensaio, mas uma tetralogia sobre essa cegueira coletiva que se apossou dos olhos, da mente, do coração de toda essa turma. Onde foi parar nossa ternura? (quem souber, manda um direct). 

É preciso dar água ao beija-flor!

A voz de Michele, já desperta, agora me alcança feito uma pequena cobrança. Essa tarefa é sua, ela completa a oração. Essas palavras adoçam minha amargura (armadura?) de tal modo que o pensamento raivoso desaparece em mim.

Como tentativa de ajudar na minha organização, ela me dá dicas de como usar de forma produtiva todas as funções do Google Agenda. É lembrete. É cor. É aviso 30 minutos antes. É alarme faltando 5 minutos. Afinal, o beija-flor não pode ficar sem água. Sem mágoa, amiguinho. Sem mágoa. 

Sim, é uma tarefa simples. Os cuidados mais necessários são essencialmente simples. A gente é que sempre tenta dificultar o que sente.

Portanto, amados leitores, amadas leitoras, eis um spoilerzinho da minha agenda:

        Trocar a água do beija-flor, todos os dias antes das 9h;

Lembrete: Coloque 2 colheres de sopa rasas de açúcar para aproximadamente 100ml de água filtrada. A solução (água e açúcar) deve ser trocada diariamente e os bebedouros precisam ser higienizadas todos os diasCheck.

Michele tem luz no que diz. Mas isso eu já disse antes. Se o timbre da Michele fosse a voz do Waze, o mundo seguiria para um destino melhor. Acho que a ternura mora em algum lugar bem perto das suas cordas vocais. A gente deveria ouvi-la mais vezes. E jamais silenciá-la. 

testeNovo livro de Elena Ferrante chega às livrarias em 1º de setembro

 

Uma das maiores vozes da literatura contemporânea, cuja identidade permanece em segredo, Elena Ferrante está de volta com seu primeiro romance em cinco anos. Publicado com exclusividade no clube do livro intrínsecos, A vida mentirosa dos adultos chegará às livrarias brasileiras a partir de 1º de setembro e já está em pré-venda.

Ferrante é autora da Tetralogia Napolitana, que vendeu mais de 12 milhões de exemplares em todo o mundo e deu origem à série A Amiga Genial, da HBO. Também assina romances já publicados pela Intrínseca, entre eles A filha perdidaUm amor incômodo e Uma noite na praia, além do livro de não-ficção Frantumaglia. Os direitos para adaptação de A vida mentirosa dos adultos já foram adquiridos pela Netflix. Ainda sem previsão de estreia, a série ficará a cargo da Fandango Production, mesma produtora responsável por A amiga genial, da HBO.

Em A vida mentirosa dos adultos, as mudanças no rosto de Giovanna anunciam o início da adolescência e não passam despercebidas em casa. Dois anos antes de abandonar a família e o confortável apartamento no centro de Nápoles, Andrea não se dá conta do que sentencia quando sussurra para a esposa que a filha é muito feia. Essa feiura estética, mas que também indica uma possível falha de caráter, recai sobre Giovanna como uma herança indesejável de Vittoria, a irmã há muito renegada por Andrea. Aos doze anos, a menina vê um rosto no espelho e, embora não compreenda a fundo o peso daquela comparação, sente que algo está irremediavelmente à beira de um abismo.

 O amor e a proteção oferecidos pelo lar são as primeiras estruturas a desmoronar quando Giovanna decide conhecer a mulher que pode encarnar seu futuro. Os encontros com a tia são o ponto de partida para o embate com inúmeras questões existenciais — é possível pertencer a algum lugar em uma Nápoles de contrastes entre o cinza industrial e sua sociedade rica e instruída? Ou transcender os erros e pecados cada vez mais aparentes de pais outrora perfeitos? Como sobreviver ao despertar do desejo?

Ao longo dos anos acompanhamos os percalços da transição da infância protegida de Giovanna a uma adolescência exposta às complexidades daqueles que a cercam, evocando também a possibilidade de levar a vida adulta como nenhuma outra mulher fizera até então. Um romance extraordinário sobre transições, paixões e descobertas.

testeOuça a playlist da saga Crepúsculo

Como bem disse Robert Pattinson, nosso eterno Edward Cullen, em uma entrevista ao USA Today, a trilha sonora da saga Crepúsculo está à frente do seu tempo.

Goste ou não dos livros, uma coisa que ninguém pode negar é que Crepúsculo tem uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Com músicas de Paramore, Muse, Bruno Mars e até mesmo do próprio Robert Pattinson, ela nos faz viajar para a sombria cidade de Forks assim que apertamos o play.

Enquanto aguardamos ansiosamente o dia 4 de agosto, lançamento mundial de Sol da meia-noite, que tal relembrarmos um pouquinho esse universo que marcou toda uma geração? Aperte o play e divirta-se!

testeTempo de acolher beija-flores!

Michele adora a palavra acolhimento. Então, de certa forma, esta crônica é um pouco para ela. Na verdade, é toda sobre ela.

No dicionário, evidentemente, há significados mais objetivos do termo acolher. O Houaiss, o Aurélio ou o Michaelis têm sua notória importância e seus conteúdos devem ser respeitados. Viva a língua portuguesa! Mas os nossos olhos têm a capacidade de encontrar definições que só existem retidas na fronteira das nossas pálpebras. Palavras, estas, impossíveis de exprimir. A rotina sufocante não consegue apagar a poesia que nasce a todo instante escondida em nossas retinas. Por isso, é fundamental depositar o olhar sobre o mundo e sentir seu silencioso e indecifrável vocabulário. Os olhos não precisam de boca para traduzir o que sentem. Nem tudo precisa ser dito. Entendido? 

A varanda do nosso apartamento paulistano talvez seja o melhor lugar para encontrar o sentido de acolhimento. Do pequeno balcão no coração de Moema, onde mal cabem dois bípedes, Michele operou um verdadeiro milagre. Santa Michele Expansionista dos Locais Intransponíveis! Transformou dois metros quadrados em uma pequena floresta urbana (urban jungle que fala, né?). Com direito a: orquídeas, rosas, avencas, pérolas, trevos, antúrios, jiboias – a planta, não a serpente (é sempre bom precisar) –, além de um conjunto esverdeado de gêneros, famílias e espécies botânicas do qual minha ignorância ecológica é incapaz de nomear. Enfim, moramos num refúgio tropical, abençoado por Mi e bonito por natureza. Mas que beleza! Salve, salve essa selva contemporânea! 

Confesso que senti falta de uma árvore. Uma bananeira, que seja. Mas o timbre beatificado de Michele logo me convenceu de que tal milagre seria impossível realizar. Afinal, junto com o tronco viriam as raízes e, de mãos dadas com elas, a infiltração, a reclamação do vizinho do sétimo andar, a indireta do síndico no aviso do elevador, o sobrepeso na sacada, o risco do desmoronamento, a notícia no jornal local… Milagre tem limite! Ela não disse isso. Milagre tem limite! Mas pode ter pensado. Milagre tem limite!

Desse mesmo espaço, é possível avistar a pista de pouso do aeroporto de Congonhas. Jardim ausente de flor, seco. Pétalas áreas sem previsão de chegar a qualquer destino. O cenário anda escasso de aviões. O motivo? Pandemia. Quarentena. Nessa altura do campeonato, você já deveria ter decorado o mantra: Lave as mãos com água e sabão por 20 segundos. Se puder, fique em casa. Use máscaras. Evite aglomerações. Congonhas agora é um gigante silenciado. Um triste contraste com o ambiente no qual me encontro projetado pela minha amada milagreira. Santa de casa faz milagre!

Já não sinto tanta falta das turbinas adormecidas nos hangares do outro lado do meu campo de visão. Aqui, quem desperta meu interesse é uma aeronave menorzinha, sem motor. Não menos potente. Uma ave de pequeno porte, frágil e ágil – arquitetadao para suportar o bico alongado num corpo que, quando muito, supera os 6 gramas. Minúsculos músculos se esforçam de forma sobre-humana para encarar a gravidade de modo único no mundo animal. 

Uma verdadeira engenhoca projetada para desafiar todas as leis da aerodinâmica. Ela tem essa capacidade única de congelar em movimento, de permanecer imóvel no ar, de pairar e continuar sua missão. De fazer inveja a Santos Dumont. Suas asas – duas hélices com rotação de quase 180° – batem velozmente em formato de oito, como se estivessem em busca do infinito: dois infinitos: um para cada asa.

Todas as manhãs, atraído pelo doce perfume do bebedouro florido, somos acolhidos por um oi no oitavo andar do nosso visitante beija-flor. Ele parece conhecer nossa rotina, pois sempre escolhe os mesmos horários para pincelar um cinza instante num azul cintilante.  Ou bem cedinho – por volta das 7h30 – ou logo após o almoço – depois das 14h. Nossa vista também se enche de açúcar. Nem sentimos falta de sobremesa.

As visitas não duram mais que breves microssegundos, mas é tempo suficiente para hipnotizar a eternidade. De modo que o para sempre parece caber na palma (calma?) da mão. E ter minúsculos músculos. E não pesar mais do que 6 gramas. E ser frágil. E ser ágil. E ter a liberdade de sumir e voltar a qualquer momento. E ter a capacidade de desafiar todas as leis da aerodinâmica para permanecer imóvel e em movimento. E pairar, assim, no ar, feito uma dúvida: vou embora ou fico um pouco mais?

Acolhimento é olhar para a Michele e enxergar essa possibilidade de infinito, todas as manhãs. 

testeSorteio Twitter – Você não merece ser feliz [Encerrado]

“Se você quiser; se você se esforçar; se você treinar; se você entrar de cabeça; se você se concentrar: nada garante que você vai conseguir.”

Quer conhecer mais sabedorias como essa? Vamos sortear 3 exemplares de Você não merece ser feliz, de Craque Daniel.

Para participar do sorteio, você precisa seguir o nosso perfil (@intrinseca), criar uma frase motivacional (ou desmotivacional) usando #vocênãomereceserfeliz e preencher o formulário abaixo!

Atenção:
– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada. Atenção: ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “agradecemos a inscrição”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição
– Se você já ganhou um sorteio nos últimos 7 dias no Twitter ,você não poderá participar deste sorteio.
– O resultado será anunciado no dia 23 de junho, terça-feira, em nosso perfil no Twitter. Boa sorte!

testeLou Clark está de volta em conto inédito de Jojo Moyes

Preparem-se, Jojo Lovers! Pensando em todos os leitores que estão em quarentena, a nossa querida e amada autora Jojo Moyes escreveu um conto exclusivo, no qual podemos reencontrar Lou Clark, protagonista de Como eu era antes de você.

Intitulado Lou na quarentena, a história inédita se passa depois dos acontecimentos do último livro da trilogia, Ainda sou eu, e acompanha a personagem tendo que lidar com os conflitos e as dificuldades decorrentes da pandemia. Além disso, o conto ainda traz algumas surpresinhas incríveis e que vão fazer os leitores darem pulinhos de felicidade!

Confira Lou na quarenta com exclusividade abaixo ou, se preferir, faça o download: