testeVocê aceitaria spoilers da sua vida?

Olá, leitores da Intrínseca 😉

Eu sou o Alfredo, autor de O livro de Líbero, que será lançado agora em junho pela editora. Com o livro chegando em breve às livrarias (nem que sejam apenas as virtuais, já que em muitos locais as lojas ainda estão fechadas), não poderia haver oportunidade melhor para estrear este espaço aqui no blog da Intrínseca, um canal mais próximo e mais direto com vocês, leitores.

Para quem não me conhece, eis um resuminho rápido: sou formado em cinema e depois fiz pós-graduação em escrita criativa. Sempre gostei muito de ler e comecei a escrever ficção aos 14 anos. Agora, aos 28, estou realizando o sonho de longa data de publicar meu primeiro romance.

O livro de Líbero conta a história de um menino de 11 anos ― o tal Líbero do título ―, morador de Pausado, uma minúscula cidade do interior. Certo dia, chega por lá um circo que, além do espetáculo, oferecerá a Líbero uma oportunidade única: ler o livro da própria vida. Um calhamaço vermelho, de capa dura, contendo tudo sobre seu passado e futuro. E Líbero, mesmo sendo tão jovem, precisará decidir se deve, ou não, ler aquelas páginas. Ou seja, se quer ou não spoilers de seu destino.

Em março, o livro foi lançado com exclusividade no intrínsecos (o clube de assinatura da Intrínseca) e foi muito divertido acompanhar a reação dos assinantes. Uma das perguntas que mais recebi foi: você leria o livro da sua vida? Minha resposta é sempre muito convicta: não. Acho que a vida perderia boa parte da graça e da espontaneidade. Mas, de algumas semanas para cá, em meio a todo o caos causado por essa pandemia que vem assolando o mundo, admito que minha convicção está um pouco abalada.

Com tantas incertezas e ansiedades nos rondando, não seria reconfortante se pudéssemos abrir um livro capaz de nos dizer se ficaremos bem ou ― em caso negativo ― de nos alertar e preparar para os infortúnios que virão? Não seria bom folhear algumas páginas para frente e descobrir quando chegará o tal “pico” da pandemia e em que momento ela arrefecerá? Ou descobrir quando, onde e com quem será nossa próxima viagem ou ida ao cinema, por exemplo? Perguntas que há alguns meses soariam tão banais hoje têm outra profundidade e significado.

Sigo achando que minha resposta continuaria sendo “não” para o livro da minha vida, mas em um momento como esse, em que o mundo parece mais imprevisível do que nunca, talvez eu esteja mais disposto a aceitar alguns spoilers em troca de certa segurança e tranquilidade.

E você? Leria o livro da sua vida?  

 

testeEnvie sua pergunta para a autora de O Homem de Giz [ENCERRADO]

C. J. Tudor, autora de O Homem de Giz e O que aconteceu com Annie, estará ao vivo no Instagram da Intrínseca respondendo a perguntas dos leitores. A live com tradução simultânea acontecerá na terça-feira (09/06), às 12h, no perfil @intrinseca.

A autora falará sobre seus sucessos publicados e seu novo thriller, As Outras Pessoas, que chega às livrarias e lojas on-line em junho e já se encontra em pré-venda. O livro acompanha um homem em busca de respostas que se recusa a acreditar na morte de sua filha.

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testeEu andei me esquecendo

Antes do mundo parar, eu já estava estagnado em mim há um bom tempo. Se é que podemos nomear de bom o estágio no qual nos encontramos perdidos. Bom tempo, tempo bom… Ah, essa expressão tão simpática e pueril! Uma espécie de propaganda permanente que obriga a humanidade a ser feliz em looping

Youpi! 

Ao ler qualquer anúncio de alegria, minha cabeça automaticamente visualiza: 

  • nuvens branquinhas, 
  • sol amarelão, 
  • passeio de bike
  • coleção de like 

e um imenso letreiro em neon escrito GRATIDÃO

Highlight! 

Como se não bastasse, ele pisca. 

(Hi, light!)

A #gratidão se acende e se apaga para lembrar aos olhos dessa gente ingrata de que é preciso agradecer por tudo a todo instante. Uhuuuu! Vejo também um campo verde, repleto de colibris e lírios e filhos. Ah! Que felicidade mais feliz! Eeeeba! 

(Bye bye, light!)

Sonhar é fundamental, eu sei, eu sei, eu sei… Mas fabular demais também pode ser alarmante. O sonho periga se tornar uma gruta na qual a gente se exila para gritar. E o nosso grito é abafado pela distância. Sempre estamos longe de nós mesmos. Lá fora, o real permanece inaudível.

Será que mascarar nossas marcas traz alívio? Esconder o incômodo não o torna um conforto. É preciso convidá-lo para o confronto. É necessário convocá-lo para esta batalha inadiável: você versus você. É indispensável insistir, insistir e insistir até que ele – o maldito incômodo – se torne um cômodo mais ou menos harmonioso nessa nossa morada interna. 

Lamento estragar seu otimismo, querida leitora, amado leitor. A realidade é um golpe pesado na cabeça dos sonhadores. Meteoro. Pedra gigante. Causadora de perdas imensas. Destrói projetos. Achata expectativas. Impõe trovões naquele bom tempo, tempo bom… eu sei, eu sei, eu sei….

Ah, esse silêncio, um dia, explo/dirá! 

Boom! 

Agora é preciso rastejar para além da gruta, para fora do grito, até se reencontrar numa outra saída. Sempre há outra saída. (Lembro agora de um verso específico da música “Tem alguém aí?”,  do Gabriel, o Pensador: “Pra quem sabe olhar pra trás nenhuma rua é sem saída.”)

Você me viu por aí? (no bar, na livraria, no chão). Não, né? Você me view por aí? (no face, no insta, no e-mail, no WhatsApp). No! Ouviu meus apelos digitais? Hein? Hein? Diz aí… Deu um like no meu lifestyle? Nas redes sociais, a gente parece só existir em inglês. Kkkkkkkk, oups, digo, lol! Sorry.

E digo mais: no espelho, aparece o seu real reflexo ou também há uma pedra que se assemelha ao que um dia você chamou pelo seu nome? Pedra; palavra parada. Pedro; poeta parado. 

(Mas)

Antes do mundo parar, eu já andava me esquecendo. Isolado: ilhado em mim. A meu lado? Alguém bem parecido comigo. Um ser inerte e tímido. 

Confesso, pouco me mexi para descobrir todos os significados do vocábulo inércia. Pedi à Wikipedia. Ela me mostrou alguns caminhos interessantes. 

resistência que a matéria oferece à aceleração imobilismo, estagnação, inaptidão, incapacidadeestado de abatimento caracterizado pela ausência de reação, pela falta de energia física ou moral; apatia, indolência, prostração

Talvez a definição mais poética esteja na química; ela diz: 

A inércia é uma propriedade que possui uma substância de não reagir em contato com outra.

Achei tão bonito. De ler, não de sentir. Se eu não reajo ao que penso (ou ao que o outro pensa), como posso existir? Respiro, certo. Mas existo? 

Repito: 

Respiro, certo, mas existo?

É tempo de se movimentar, e essas palavras são o meu primeiro passo.

testeEm novo livro, Thomas Piketty discute como a ideologia promove a desigualdade social

 

Referência mundial nos debates sobre concentração de riqueza e renda, Thomas Piketty se tornou um dos economistas mais influentes da atualidade após a publicação de O capital no século XXI, fruto de quinze anos de pesquisas sobre as origens e consequências da concentração de renda no mundo. Em Capital e ideologia, Piketty aprofunda seus estudos para analisar de que forma a ideologia garante a perpetuação da desigualdade social.

Sua pesquisa parte de dados coletados não apenas no Ocidente, dando amplo espaço para o caso do Brasil, mas também em nações pouco analisadas, como a Tunísia, a Rússia e a China. A obra faz um apanhado que remonta às sociedades pré-Revolução Francesa e chega aos dias de hoje, para mostrar que a economia não é produto da natureza: como construção histórica, é passível de ser mudada e até revolucionada. O autor traz ainda uma proposta arrojada de um sistema econômico mais justo e faz duras críticas às políticas atuais.

Capital e ideologia chega às lojas a partir de 17 de julho.