testeSorteio Instagram – Literatura Jovem [Encerrado]

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testeIntrínseca lança clássico de George Orwell em edição especial ilustrada

Desde seu lançamento, em 1945, A revolução dos bichos se tornou um marco da literatura mundial. Publicada em todo o mundo, a obra vendeu milhões de exemplares e segue relevante — e nas listas dos mais vendidos — até hoje. Em uma fábula muito mais complexa e cruel do que aparenta a princípio, George Orwell ilustra como um governo nascido dos sonhos dos oprimidos lentamente se transforma em uma nova tirania e mostra que o poder corrompe até as causas mais nobres.

Depois de se rebelarem na Fazenda do Solar, os animais, liderados por um grupo de porcos, estabelecem um regime igualitário e cooperativo que funciona até alguns bichos começarem a usufruir de mais privilégios do que o estabelecido inicialmente. Com regras que mudam a toda hora, sempre beneficiando quem as cria, a revolução logo se torna uma confusa teia de ordens e tarefas sem sentido, culminando em paranoia, confrontos e dúvidas.

Esta edição evoca o contexto histórico e social no qual a trama foi concebida através de dois prefácios do autor escritos em momentos diferentes, além de conter dois textos críticos: o primeiro de André Czarnobai, contando sobre como chegou a algumas escolhas em sua tradução, e um posfácio também inédito do crítico literário José Castello, que esclarece as intenções da obra e aprofunda a biografia do autor.

Com as marcantes ilustrações do premiado artista Ralph Steadman, capa dura, sobrecapa, pintura trilateral e fitilho, A revolução dos bichos estará disponível a partir de 26 de fevereiro exclusivamente na Amazon. Uma edição imperdível para colecionadores e também para aqueles que nunca tiveram contato com o clássico atemporal de George Orwell.

O livro está em pré-venda com um kit de postais exclusivos. Garanta já o seu.

testeSorteio Twitter – Literatura Jovem [ENCERRADO]

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testeO relato poderoso de Chanel Miller e a luta por justiça às vítimas de agressão sexual

Chanel Miller © Mariah Tiffany

Meu nome é Chanel. Eu sou uma vítima. Não tenho problemas com essa palavra, meu problema é me reduzir a isso. No entanto, não sou a vítima de Brock Turner. Não sou nada dele. Eu não pertenço a ele.

Chanel Miller ainda não era conhecida pelo próprio nome quando surpreendeu milhões de pessoas com uma carta relatando o estupro que havia sofrido no campus da Universidade de Stanford. 

Publicada no Buzzfeed, a declaração da vítima foi vista por onze milhões de pessoas em apenas quatro dias, traduzida para diversos idiomas e lida no plenário do Congresso americano, inspirando mudanças na lei da Califórnia e a demissão do juiz do caso. Brock Turner, o acusado, foi condenado em 2016 a apenas seis meses de prisão depois de ser flagrado agredindo-a sexualmente. Milhares de pessoas escreveram para dizer que ela lhes dera a coragem de compartilhar experiências de agressão pela primeira vez.

No livro Eu tenho um nome, Chanel reivindica a própria identidade para contar sua história. Ao entrelaçar dor e resiliência em seu relato, ela revela seu tumultuado processo de cura e desafia a cultura que desencoraja as vítimas de buscarem justiça, mostrando como a frieza do sistema judicial pode ser uma armadilha de humilhações, vergonha e sofrimento para as vítimas de agressão sexual. Suas memórias reverberam a dor de tantas mulheres e fortalecem a luta por justiça.

Às meninas de todo o mundo, eu estou com vocês. Nas noites em que se sentirem sozinhas, eu estou com vocês. Quando forem questionadas ou desmerecidas, eu estou com vocês. Lutei todos os dias por vocês. Então nunca parem de lutar, eu acredito em vocês.

testeGolpes, espiões e triângulos amorosos | Conheça o novo livro de Joël Dicker

O fenômeno dos romances policiais está de volta! Joël Dicker, autor de A verdade sobre o caso Harry Quebert e O desaparecimento de Stephanie Mailer, retorna às livrarias com o mistério O enigma do quarto 622. A obra, que foi o romance mais vendido de 2020 na França, conquistou os leitores brasileiros em dezembro, quando foi enviada com exclusividade no clube intrínsecos.

Por trás desse thriller há pelo menos duas novidades na narrativa do autor: pela primeira vez vemos como protagonista um escritor chamado Joël e a cidade de Genebra como cenário. A trama começa em uma noite de dezembro, quando o sofisticado hotel Palace de Verbier, nos Alpes Suíços, é palco de um assassinato que permanecerá sem solução, já que a investigação do crime nunca é concluída pela polícia. Anos depois, o escritor Joël decide tirar alguns dias de férias e se hospeda no local. Lá, é surpreendido por um detalhe peculiar: seu quarto é designado 621 bis, a nova nomenclatura do agora estigmatizado 622. A curiosidade logo leva o escritor a mergulhar em uma investigação sobre o caso emblemático.

Ao longo da corrida para descobrir as motivações para o assassinato, somos apresentados a uma gama de personagens tão interessantes quanto pitorescos: uma aristocrata russa decadente que sonha em casar as filhas com homens ricos, um grupo de banqueiros e um jovem ambicioso e talentoso que causa inveja e intriga entre herdeiros que disputam a presidência de uma instituição financeira familiar.

Todas essas personalidades estão conectadas por uma rede intrincada de segredos que atravessam décadas, países, golpes, traições e triângulos amorosos. Mistura inteligente de mistério e comédia de costumes, O enigma do quarto 622 chega às livrarias brasileiras a partir de 19 de fevereiro. Garanta na pré-venda.

Kit de dezembro/2020 do clube intrínsecos com o livro O enigma do quarto 622

testeO que Jeff Lemire faz além de sucesso?

Nascido e criado na pequena cidade agrícola de Essex, em Ontário, Jeff Lemire é hoje um dos autores de histórias em quadrinhos mais versáteis de sua geração. Com pouco mais de quinze anos de carreira, acumula dezenas de publicações em várias editoras pelo mundo e, apesar de ter escrito durante anos para as gigantes Marvel e DC, construiu sua reputação graças a obras autorais como Black Hammer, Descender e Royal City.

A trajetória de Lemire começou com Lost Dogs, quadrinho publicado de forma independente nos Estados Unidos, em 2005, e que rapidamente foi adquirido pela editora Top Shelf Productions. A partir daí, outros de seus grandes títulos também foram publicados por lá, como a trilogia Condado de Essex e O soldador subaquático — histórias que conquistaram o público graças ao tom intimista e pessoal que logo se tornaria a marca registrada do autor.

Mesmo depois de ter se estabelecido na indústria com Sweet Tooth: Depois do apocalipse, Lemire nunca imaginou que um dia seria o roteirista de personagens dos X-Men ou da Liga da Justiça. Por isso, em 2016, começou a escrever Black Hammer, uma história sobre um grupo de super-heróis exilados que precisam aprender a conviver em uma fazenda nos limites do tempo e espaço. “Há 10 ou 12 anos, estava trabalhando exclusivamente em quadrinhos independentes. (…) Nunca imaginei que teria a chance de fazer quadrinhos de super-heróis mainstream naquela época, então criei Black Hammer como uma carta de amor e uma forma de expor minha visão sobre o gênero”, revelou à Forbes.

Mais do que um amálgama de referências ao universo dos super-heróis, em Black Hammer Lemire desenvolve pequenas narrativas que conduzem ao tema central de grande parte de suas obras: a família. “É uma dinâmica que me interessa muito: as coisas que podem separar uma família e os laços que mantêm essas pessoas unidas apesar de circunstâncias incomuns”, contou em entrevista ao Comics Beat.

Não à toa, depois da conclusão de Black Hammer, Lemire decidiu retornar às suas origens e explorar abertamente o tema em Royal City, quadrinho que nos apresenta a uma família disfuncional que precisa se reencontrar e encarar o passado após um problema de saúde grave do patriarca. No primeiro volume, Segredos em família, acompanhamos Patrick, autor de um livro de muito sucesso que passa por uma crise criativa e se vê obrigado a retornar à sua cidade natal, Royal City, encarando tudo que seu passado tentou esconder. “Acho que muitos de nós que crescemos em cidades pequenas e saímos de lá temos uma tendência a nos ‘reinventarmos’”, afirmou em entrevista à editora original do título. “Então, quando voltamos para casa, temos que reconciliar a pessoa que queremos ser com quem somos de verdade”.

Estúdio onde o quadrinista faz suas ilustrações. Foto: Acervo pessoal/Jeff Lemire’s blog

 

“Amo escrever histórias de gênero e vou continuar fazendo isso em títulos como Descender e Black Hammer, mas também preciso balancear esse trabalho com coisas mais pé no chão.”
Jeff Lemire sobre Royal City

 

Segundo o Guia dos Quadrinhos, mais de 170 revistas e livros contêm o nome Jeff Lemire listado como roteirista ou ilustrador somente no Brasil. Em uma entrevista de 2017 ao site MultiversityComics, ele revelou como consegue produzir tanto: “Para falar a verdade, minha agenda hoje em dia é muito mais leve. Estou escrevendo quatro títulos enquanto escrevo e desenho Royal City. Nos últimos dois anos, eu escrevia sete títulos todo mês e também desenhava todo dia, então isso é bem tranquilo para mim.”

Para Lemire, a alta produtividade é exatamente o que ele buscava. “Isso é mais do que eu sonhei. (…) Eu tenho a oportunidade de acordar todos os dias e fazer meus próprios quadrinhos, em meu próprio mundo, com um grupo de colaboradores e parceiros criativos incrivelmente talentosos. Me sinto muito sortudo e grato a todos os livreiros, leitores e bibliotecários que tornaram isso possível.”

O sucesso de Lemire também tem transbordado das páginas e migrado para outras mídias: pelo menos cinco de suas obras, incluindo Black Hammer e Descender, estão com adaptações em desenvolvimento, seja para TV ou cinema. Em alguns casos, para ambos.

testeSexo e censura, por Pilar Quintana

Tradução de Elisa Menezes

Meu livro de contos Caperucita se come al lobo (Chapeuzinho come o lobo) foi publicado pela primeira vez em 2012 pela Cuneta, uma editora independente do Chile. Dois anos depois, meu editor me informou que o Ministério da Educação de seu país havia comprado trezentos exemplares para distribuí-los a escolas públicas. “O Ministério da Educação?”, perguntei admirada, pois não é um livro para crianças em idade escolar. “Sim”, disse ele, “eu também achei estranho.” Bem, pensamos os dois, o Ministério deve ter suas razões.

Um ano se passou. Uma manhã meu editor me enviou um print do site biobiochile, que, segundo eles mesmos, é a maior rede de notícias do país. “Crianças do ensino fundamental receberam livro com conteúdo pornográfico do Mineduc”, dizia o título da matéria. Um menino de Río Bueno, um município de trinta mil habitantes, tinha encontrado o livro na biblioteca de sua escola. Começou a lê-lo e o mostrou ao professor. Logo o livro foi entregue ao prefeito e então a notícia foi publicada na internet.

“O livro pode causar danos irreparáveis aos nossos estudantes”, disse o prefeito de Río Bueno, “descrever de forma tão detalhada o estupro de uma menor não ajuda no processo de educação dos jovens.” A notícia deu a volta ao mundo e circulou em todos os idiomas. Como consequência, o Ministério da Educação do Chile retirou o livro
das escolas. O argumento de que ler um livro em que se descreve em detalhes um estupro causaria danos irreparáveis aos estudantes não me convence. O que eu tenho certeza que causa danos irreparáveis aos estudantes é serem vítimas de abusos sexuais.

Em nosso imaginário os estupros acontecem nos parques escuros, no meio da noite, e o estuprador é um sujeito mascarado que ameaça a vítima com uma arma, arranca-lhe a roupa e a subjuga à força. Na realidade, de acordo com as estatísticas, esse tipo de estupro é o menos frequente.

A maior parte dos estupros acontece na casa da vítima, a vítima é uma mulher, em muitos casos menor de idade, e o agressor é uma pessoa próxima, o pai, o avô, o irmão, o tio, o padrasto, o amigo, o namorado, o marido… A maioria dos estupros transita por uma zona ambígua na qual não há violência aparente, o estuprador é um ente querido, uma pessoa de confiança que a vítima, sobretudo se for menor de idade, pensa que quer o seu bem. Um estupro, se considerarmos o ponto de vista da menor vitimada, pode se parecer à sedução e é muito provável que ela, por não ter sido ensinada sobre como acontece a maioria dos estupros, não saiba ou não entenda que está sendo estuprada.

Caperucita se come al lobo não é um livro para crianças em idade escolar, mas, antes de retirá-lo das escolas, de armar um escândalo, de rotulá-lo como livro pornográfico e censurá-lo, poderiam ter aberto um debate sobre sexo e educação, sexo e literatura, sexo e censura. Ele poderia ter sido usado para ensinar às meninas o que é um estupro e de que maneira é mais provável que aconteça.

 

***

 

A primeira forma que a censura assume é a mais explícita. Assim como fizeram com o Marquês de Sade, eles metem você na prisão. Assim como aconteceu com a poeta chilena Teresa Wilms Montt, eles trancam você em um manicômio. Assim como Alexandr Solzhenytsin, você é mandado para o exílio.

Meses antes de publicar Caperucita se come al lobo, fui convidada para uma residência literária em Hong Kong. Os organizadores, tenho certeza, fizeram isso sem ler minha obra. Um ano antes eu havia participado do International Writing Program, outra residência para escritores, antiga e muito prestigiosa, que ocorre na Universidade de Iowa. O pessoal de Hong Kong, depois eu soube, me conheceu por essa residência de Iowa e imagino que o que chamou a sua atenção, além da minha biografia, foi a minha foto. Eu era uma sudaca (termo pejorativo usado para se referir a pessoas da América do Sul), e eles nunca tinham convidado uma. Talvez tenham pensado que eu ficaria bem em seu site ao lado dos chineses, dos gringos e dos indianos. As residências internacionais de escritores gostam que suas páginas se pareçam com anúncios da Benetton.

Aceitei o convite, compraram as passagens, pediram meus trabalhos para traduzi-los para o mandarim e para o cantonês e eu os enviei. Faltando dois dias para a viagem, quando não podiam mais inventar uma desculpa para não me levar, eles me perguntaram se eu não tinha contos mais suaves. Eu havia enviado os mais suaves, porque Hong Kong faz parte da China, um país conservador, e a última coisa que eu queria era escandalizar. Disse a eles a verdade: que não, que os outros contos eram mais fortes.

Quando cheguei não me colocaram na cadeia, mas me disseram sem rodeios que eu não poderia ler meus trabalhos em público e que eles não seriam publicados, pois, cito textualmente, “não são apropriados à cultura chinesa”. Meus colegas de residência tiveram os trabalhos publicados em mandarim e cantonês e iam a eventos aos quais eu não era levada. Como parte da residência, passamos quatro dias na China continental e lá, na entrada de um evento, me puxaram de lado e disseram que não poderia ler meus trabalhos em voz alta como fariam os demais. Já estávamos diante da plateia e não me ocorreu nada a não ser me sentar à mesa. Quando permitiram que eu falasse, disse que havia sido censurada e que por isso não tinha lido meus trabalhos. O público de universitários me olhou impassível e não disse nada.

Esse tipo de censura, o mais direto, faz você se sentir desqualificado. Dói. Indigna. É uma afronta. Mas pelo menos você sabe o que está acontecendo e por quê. Pode dizer aos censores o que pensa deles. Pode escrever isso em um ensaio. Vocês são uns puritanos de merda e eu vou desacreditá-los. A raiva deixa você corajoso e lhe dá presunção para continuar escrevendo.

A segunda forma que a censura assume é silenciosa. Eles ignoram você. Não publicam o seu trabalho. Não convidam você para eventos. Fingem que você não existe. É uma censura terrível e, para mim, pior do que a censura direta, porque você não sabe que está sendo censurado. Você se enche de pensamentos. Eles me odeiam. Odeiam meu trabalho. Ele é ruim. Eu sou ruim. Não vale nada. Eu não valho nada. Esse tipo de censura faz você duvidar de si mesmo e de seu trabalho. O pior de tudo é que a pessoa pode suspeitar que está sendo censurada dessa forma sem nunca ter certeza. Eu, embora não possa garantir, acho que sofri esse tipo de censura em meus primeiros anos como escritora e para sempre ficarei na dúvida se na verdade não fui paranoica ou ressentida.

O terceiro tipo de censura é o pior de todos. Durante os quatro dias em que estive na China não só fui censurada como testemunhei outras formas de censura. Na televisão do hotel pegava CNN. Eu estava assistindo às notícias e, de repente, a tela ficava preta e depois de um tempo o sinal voltava. Pensei que era um defeito. Nada disso. Um de meus
colegas nos contou que era assim que o governo chinês censurava as notícias. Porque “não são apropriadas à cultura chinesa”?…

Durante esses dias na China conhecemos o diretor de uma revista literária. Em um evento lhe perguntei se era censurado e, caso não fosse, como fazia para burlar a censura. “Oh, não”, disse ele por meio de nosso intérprete, “eu nunca sou censurado porque sei o que publicar.” Havia orgulho em suas palavras. Ele estava satisfeito consigo mesmo. Fiquei horrorizada. Esse editor tinha sido tão moldado pela cultura chinesa que carregava o censor dentro de si. Mais do que saber o que publicar, ele sabia o que não publicar. Senti vontade de abraçá-lo e propor que fugíssemos juntos da China.

 

Que me censurem, digo agora, mas livrai-me, oh musa, da autocensura.

 

Antonio Nariño foi preso por traduzir e publicar A declaração dos direitos do homem e do cidadão. Passou dezesseis anos na prisão. Nosso país se chamava então Nova Granada e ainda era uma colônia espanhola que censurava do mesmo modo que a China censura.

Trata-se de censura política. Censura-se aquele que propõe a subversão da ordem estabelecida. Esse é um dos territórios onde mais se exerce a censura: a política. O outro é o sexo, e eu me pergunto se é porque este tem um poder subversivo.

Em Caperucita se come al lobo há contos que descrevem situações violentas, amputações de órgãos, sequestros, surras, de forma tão minuciosa quanto são descritas as cenas de sexo. No entanto, durante o escândalo no Chile, não vi ninguém chamar a atenção para essas passagens terríveis, não vi ninguém dizer que descrever de maneira tão detalhada a violência de uma amputação ou uma surra não ajudava no processo de educação dos jovens.

Chamaram a atenção apenas para as passagens sexuais. Havia pessoas que postavam fotos de certas páginas do livro e destacavam com amarelo fluorescente os trechos sexuais mais gráficos. Enrubesci porque dessa forma elas os tornavam mais notórios e importantes. Enrubesci não pelo conteúdo dos trechos destacados, mas sim por aquelas mentes tão perturbadas pelo sexo. O fato de sublinharem aquelas frases, e não outras, dizia mais sobre eles como leitores do que sobre meu livro, dizia mais sobre suas taras, seus medos e suas perversões do que sobre a natureza dos meus relatos.

Por que o sexo os ofendia e a violência não? Por que é aceitável fazer filmes para crianças em que pessoas se matam e games com brigas e tiroteios, mas com sexo não? Por que o sexo escandaliza e a violência não? Intuo que talvez seja porque o sexo é um espelho no qual as pessoas não querem se ver, um espelho incômodo.

Talvez não queiramos aceitar que a violência acontece em nossas casas? Num dos contos que gerou mais desconforto, o mesmo a que se referiu o prefeito de Río Bueno, descreve-se como um padrasto abusa sexualmente, sem violência aparente, em sua casa, de uma menina de treze anos que não se queixa e é possível que até experimente alguma sensação de prazer no corpo. Talvez prefiramos continuar acreditando que os estupros são coisas alheias que acontecem nos parques escuros?

Em outro dos contos que mais causaram desconforto há sexo oral consensual entre dois adultos. Antes do escândalo no Chile, esse conto tinha sido censurado. A editora de um jornal de Cali quis publicá-lo. Seus chefes não permitiram porque há uma linha que diz “pica rosada e dura”. Uma revista de Buenos Aires aceitou publicá-lo com a condição de
que eu cortasse a parte do boquete. Não, obrigada. Em uma revista peruana ele foi recusado porque poderia me prejudicar. “Me prejudicar?”, perguntei ao editor. “Sim”, ele disse, “as pessoas não sabem diferenciar ficção e realidade, e vão pensar que você fez isso.” E daí? Levante a mão quem nunca fez (ou recebeu) um boquete. A revista peruana publicou, entretanto, o conto que descreve amputações de órgãos e sequestros de pessoas.

Por que esses atos violentos não são ofensivos e uma mulher com tesão pagando um boquete para um homem é? Por que o editor peruano não teve receio que as pessoas se confundissem e pensassem que sou uma mafiosa que tortura e sequestra? Afinal, eu não sou colombiana, e de Cali, onde existiu um cartel?

 

***

Desde que comecei a ter trabalhos publicados, me perguntam se o que faço é literatura feminina. Essa pergunta me incomoda. Nenhum de meus colegas homens é questionado se o que ele faz é literatura masculina. O que os homens fazem é chamado de literatura. O que nós, mulheres, fazemos, por sua vez, é rotulado. Trata-se de literatura feminina, ou seja, um pequeno capítulo dentro da enciclopédia que se chama Literatura, com ele maiúsculo, que é o que os homens fazem.

O mesmo acontece com os escritores que por acaso são gays. Eles fazem literatura gay. E os escritores negros, literatura afro. Quando uma mulher escreve sobre sexo recebe mais um rótulo sobre o rótulo de literatura feminina. Ela faz literatura erótica.

Bret Easton Ellis, que é homem, recheia páginas e mais páginas com sexo. Em seu romance Glamorama há uma transa entre dois homens e uma mulher que se estende por cinco páginas, e ele descreve nos mínimos detalhes os boquetes, as lambidas, as penetrações. Em seus outros livros também há trepadas por toda parte. Nunca vi os jornalistas se referirem a ele como o escritor erótico Bret Easton Ellis. Já li, sim, em seus tempos áureos, que ele era o grande escritor estadunidense.

Antonio García Ángel, escritor da minha geração com uma carreira similar à minha, e que assim como eu nasceu em Cali em 1972, também escreveu sobre sexo. Em seu romance Recursos humanos o personagem principal passa o tempo todo entre os peitos de sua amante ou trepando com ela num motel. Ele também não foi chamado de o escritor hot Antonio García Ángel, nem a sua literatura foi chamada de pornô.

Basta, entretanto, que uma mulher faça um poema, um romance ou um conto em que insinue o desejo para que imediatamente seja rotulada.

Esses rótulos são uma forma de discriminação, de invalidar seu trabalho, de separá-lo da verdadeira Literatura, que é feita pelos homens (os homens heterossexuais brancos). A outra, a literatura dos gays, dos negros, das mulheres e das mulheres que gostam de sexo, é acessória. Essa é a quarta forma que a censura assume.

Existe uma quinta forma de censura, e sobre isso serei breve aqui. “Ah, claro, é que ela escreve sobre esses assuntos porque quer escandalizar.” Disseram isso sobre mim muitas vezes. Na primeira resenha do meu primeiro livro publicado, em outras que vieram depois, nos artigos a respeito do que aconteceu no Chile, em eventos públicos, sem fundamento. Foi o que a minha mãe me disse, com raiva, ao ler um dos meus trabalhos.

A essa forma de censura quero responder com uma pergunta. Será que uma mulher escreve sobre determinados temas porque são os que a perturbam, assim como acontece com Borges e os labirintos e espelhos?

 

Pilar Quintana é escritora e roteirista colombiana, autora de A cachorra. Foi selecionada em 2007 pelo Hay Festival, no País de Gales, como um dos 39 escritores com até 39 anos de maior relevância da América Latina e participou da edição virtual da Festa Literária Internacional de Paraty em 2020.

teste10 artistas de K-pop que você precisa conhecer

Por Talitha Perissé*

Como kpopeira oficial da Intrínseca, me pediram para compartilhar um pouco da minha experiência de conhecedora de K-pop e falar sobre alguns artistas que ouço e que talvez você tenha curiosidade em conhecer ou já seja fã (nesse caso, VAMOS SER AMIGOS). Entrar no mundo do K-pop foi uma longa jornada de convencimento de uma das minhas amigas mais próximas, que por uns dois anos tentava me fazer ouvir, mas eu tinha muita resistência, não sei por quê. O problema não era não compreender a língua, não era o amor intenso dos fãs, porque sou uma pessoa completamente intensa com tudo de que eu gosto. Atribuo essa resistência à dificuldade que tenho de sair da minha zona de conforto. 

Depois de muita insistência, ela, que é EXO-L (fã do grupo EXO), me convenceu a assistir ao k-drama Star of the Universe, estrelado pelo líder do EXO, Suho. Vou só deixar registrado que não consigo falar de Star of the Universe sem chorar. Meu deus, que história linda, como ela me destruiu. 

Como editora e amante de livros, acredito que qualquer pessoa pode se tornar leitora. Ela só precisa do livro certo, e não tem nada mais lindo do que encontrar esse livro. Essa convicção valeu para mim como kpopper e dorameira (sim, também sou a dorameira oficial da editora). Foi como se uma chave tivesse virado no meu coração, abrindo passagem para esse amor intenso e único. Para isso acontecer, dois interesses surgiram: séries e músicas asiáticas. Minha irmã e eu buscamos que nem loucas mais conteúdo na Netflix (nosso único lugar de referência na época). Fomos parar no incrível Good Morning Call. Quando ele acabou, fomos atrás de qualquer história, e foi aí que conhecemos Dream Knights, com um GOT7 maravilhoso em início de carreira e com os olhos brilhando (ainda não superei Jinyoung chorando na ponte. Entendedores entenderão). 

Foi realmente como se algo tivesse sido acionado dentro de mim, e de repente eu queria saber tudo sobre eles e sobre outros artistas. Mergulhei intensamente no assunto (como faço sempre que fico obcecada por alguma coisa), e o K-pop me recebeu de braços abertos e com a mesma intensidade. Quer vídeo de apresentação? Temos um milhão deles. Quer câmera focada exatamente no artista que você ama? Temos. Quer conceito sombrio? Temos. Sexy? Opa! Temos, sim. Feliz? Temos também. Quer que tipo de estilo? Temos todos.

Eu me senti igual a Bela na cena em que o Lumière apresenta as opções de jantar como “À vontade”. Era um caminho sem volta, e eu estava apaixonada. Daquela época até hoje foram muitas horas gastas no YouTube, Spotify, no finado DramaFever (saudades eternas), na Netflix, no Viki, no Kocowa, acordando cedo (ou dormindo tarde) para assistir a premiações e muitos artistas incríveis que batalharam muito para realizar seus sonhos, assim como Rachel Kim, de Shine.

Se você não conhece K-pop e quer conhecer, ou se tem interesse em descobrir artistas novos, vou dividir um pouco dos que ouço e amo. Foi um processo doloroso chegar a esse número, porque o universo do K-pop é vasto, mágico e maravilhoso, então, se quiser sugerir algum grupo, conta pra gente nos comentários!

P.S.: Como foi muito difícil selecionar esses nomes, me deixaram fazer uma parte 2. Confira aqui.

 

1) Mamamoo

No momento em que eu vi o vídeo de “Starry Night” fui capturada pela mágica das maravilhosas Hwasa, Solar, Moonbyul e Wheein. Seja em suas carreiras solos perfeitas ou em grupo, essas mulheres são verdadeiras aparições com vocais perfeitos, músicas inovadoras, carisma e personalidades únicas. Quando você acha que não tem como elas acertarem mais, elas lançam o miniálbum Travel, que cada música é um presente. Fica aí a sugestão para ouvir “AYA”:

 

2) Block B

Se você é fã de K-pop, talvez não tenha ouvido falar do grupo, mas pode ter ouvido falar de seu líder, Zico, o rapper premiado e superprodutor. Block B é um grupo formado por Zico, P.O (que também está em vários k-dramas), Taeil, U-Kwon, Park Kyung, B-Bomb e Ahn Jahyeo, e tem meu coração inteiro com suas músicas únicas e conceitos totalmente fora do óbvio. Só eles para fazerem um vídeo em um terreno baldio com roupas completamente doidas para uma música como “Shall We Dance” e ao mesmo tempo fazer uma balada linda como “A Few Years Later”. A discografia é impressionante, e cada música é melhor que a outra (perfeitas para elevar os ânimos, lavar a louça ou chorar no banho). Confere aqui:

 

3) EXO

Em nenhuma lista sobre K-pop poderia faltar EXO, principalmente a minha, porque Suho sempre me faz chorar. EXO é um grupo incrível com diversos prêmios, milhares de álbuns e produtos vendidos, sem falar que os integrantes são talentosos demais. Eles não só cantam e dançam como também atuam. Depois de toda a minha jornada, Suho não é mais meu bias porque D.O roubou esse posto com seus vocais e atuações perfeitos (e também com o prêmio para 100 Days My Prince – disponível na Netflix). O grupo conta ainda com Kai, Chanyeol, Sehun, Chen, Xiumin, Baekhyun e Lay. Eu poderia sugerir muitas músicas como “Growl”, “Monster” e “Tempo”, mas fica aí a alucinógena, colorida e incrível “Ko Ko Bop”. 

Menção honrosa: o ensaio de “The Eve” (confia em mim e assiste).

 

4) iKon

iKon teve uma perda enorme em 2019 com a saída do líder B.I, que deixou o grupo sem seu principal letrista e produtor. iKon foi formado a duras penas depois de seus integrantes, que treinavam na empresa YG Entertainment, passarem por não um, mas dois programas de sobrevivência até chegar na formação do iKon e poderem lançar seus álbuns. O iKon continua lançando músicas, mas meu coração sempre vai doer pelo B.I e pelos meninos, Bobby, Kim Jinhwan, Yunhyeong, Donghyuk, June e Chanwoo. Fica aí a sugestão de “Love Scenario”. Garanto que você vai querer cantar junto. 

 

5) BIGBANG 

Eu procuro tanto BIGBANG no Google que não aparece mais nada relacionado ao evento que originou o universo, só aparece o grupo que teve uma influência muito parecida no no K-pop. É inegável a importância do BIGBANG para a música coreana, assim como para que o mundo todo a conhecesse. Capitaneados por G-Dragon, os vocais de cada membro sempre impressionam, as músicas são inovadoras, as apresentações são sempre marcantes e a presença de palco do grupo deixa claro por que os membros são considerados referências – com carreiras solo igualmente relevantes. O grupo sofreu com escândalos nos últimos anos, mas fica aí a torcida por um comeback com G-Dragon, Taeyang, Daesung e T.O.P. 

Foi muito difícil escolher uma música deles, mas fica aí a clássica “Fantastic Baby”.

 

6) VICTON

Conheci VICTON de um jeito triste: quando Han Seungwoo e Byungchan fizeram o teste para o Produce X 101, reality que montaria um grupo depois de vários testes e provas. Produce é só um de muitos programas de sobrevivência que fazem trainees competirem para debutarem em um grupo, e esse, em especial, tinha lançado grupos incríveis como I.O.I, Wanna One e IZ*ONE. A vantagem nesse caso é que membros de grupos que já debutaram podem participar, e isso ajuda a dar projeção para o grupo original, já que o formado no reality dura dois anos e depois seus integrantes seguem as carreiras nos grupos originais, nos novos grupos ou tomam novos rumos. 

Já no teste fiquei apaixonada pelo talento de Seungwoo e Byungchan, mas partiu meu coração quando Seungwoo, líder do VICTON, falou sobre as dificuldades do meio artístico e a sensação de ter decepcionado os membros do grupo porque VICTON não se tornou um sucesso. Claro que corri para ouvir o grupo e era simplesmente incrível.

VICTON é formado por Seungwoo, Byungchan, Hanse, Sejun, Subin, Seungsik e Chan, e cada um é mais talentoso que o outro. Então, se tem um grupo que eu digo que você precisa conhecer, é esse. Assista ao maravilhoso “What I Said”:  

 

7) GOT7

GOT7 foi o primeiro grupo pelo qual fiquei obcecada, então foi muito triste receber a notícia de que eles iriam para empresas diferentes com o fim do contrato com a JYPE. Mas ser fã é apoiar as melhores decisões para a carreira dos nossos ídolos, então fico ansiosa para acompanhar os novos passos de cada um, torcendo para vê-los juntos novamente no futuro e, enquanto isso, assistirei a todos os vídeos e ouvirei todas as músicas maravilhosas que JB, Jinyoung, Jackson, BamBam, Mark, Youngjae, Yugyeom fizeram juntos. Deixo como sugestão a música mais recente, “Last Piece” e também “Poison”, com a dança perfeita dos lenços.

 

8) Monsta X

Monsta X é dono e proprietário do meu coração porque consegui ir ao show que eles fizeram no Brasil. Foram mais de duas horas de muita gritaria, pulo e suor, com direito a um set inteiro de Hyungwon discotecando, coreografias impecáveis e todos chocados porque estávamos cantando cada palavrinha com eles. Também foi uma alegria enorme poder ver o Wonho antes de ele ter saído do grupo. Formado no programa de sobrevivência NO.Mercy, Monsta X é formado por Shownu, I.M, Hyungwon, Kihyun, Joohoney e Minhyuk. Minhas sugestões são a mais recente “Love Killa” e o debut do Wonho em carreira solo, “Open Mind”.

 

9) Seventeen

Não se deixe enganar pelo nome, são 13 (maravilhosos) membros. Responsável por hits como “Very Nice, “Clap”, “Home”, “Left & Right”, são três subunidades: vocal, dança e rap. Ou seja: 13 membros + 3 subunidades + a equipe toda (às vezes eles falam que na conta entra o fandom, Carat), e tudo isso dá 17 (Seventeen. A-há!). Os integrantes não só cantam, dançam, como produzem, escrevem as músicas, coreografam e fazem programas incríveis no canal de YouTube deles, como a série Going Seventeen, em que eles fizeram diversos jogos, desafios e viagens (o canal tem legenda em inglês, mas muitos fãs disponibilizam o conteúdo em português também). Acha difícil lembrar de 13 membros? Pois é impossível não conhecer Vernon, S.Coups, Jeoghan, Joshua, Jun, Hoshi, Wonwoo, Woozi, The8, Mingyu, DK (Dokyeom), Seungkwan e Dino. Cada música que eles lançam tem vocais impecáveis e uma coreografia maravilhosa, mas fica aí minha difícil escolha: a clássica “Don’t Wanna Cry”:

 

10) TWICE

Formado em um reality show chamado SIXTEEN, esse grupo da JYP Entertainment ganhou meu afeto não só pelos vocais incríveis, mas por sempre inovar com muito talento. As maravilhosas Nayeon, Sana, Dahyun, Tzuyu, Chaeyoung, Mina, Jihyo, Jeongyeon, e Momo têm personalidades marcantes, vozes únicas e alguns dos MVs mais divertidos a que já assisti. Fica aí meu favorito, “TT”:

 

Minha jornada no K-pop me fez entender que existe um universo de pessoas talentosas prontas para serem descobertas e apreciadas. Então, espero que você tenha gostado das dicas! Não se esqueça de contar para a gente quem mais você ouve. Ah, e aproveita para conhecer um pouco mais dos bastidores do K-Pop em Shine: Minha chance de brilhar, da Jessica Jung.  

Todas as músicas indicadas nesse post estão disponíveis em uma playlist lá no nosso Spotify, confira:

 

*Talitha Perissé é editora de aquisições de livros jovens e ávida usuária de gifs. Descobriu o maravilhoso mundo dos doramas e do K-pop e acha que todo mundo merecia ser tão feliz assim. Não se sente capaz de escolher um dorama ou banda favorita, mas sabe recitar as frases de Le Coup de Foudre Goblin de cor e sonha com a vacina para poder se aglomerar em um show de K-pop (ou do McFly).

testeComo as empresas de tecnologia estão ameaçando a democracia e o futuro da humanidade

Programas que sabem tudo sobre a nossa vida, capazes de reconhecer rostos de familiares, que organizam nossos afazeres matinais e até monitoram batimentos cardíacos. Dispositivos que nos dão o que queremos na hora que queremos e anúncios que parecem prever nossas necessidades e desejos. Todos esses elementos estão conectados, mas você já parou para se perguntar como isso é feito? E quais são as consequências?

No início dos anos 2000, o Google foi pioneiro ao utilizar dados dos usuários — muitas vezes sem o consentimento destes — para gerar “mercados futuros comportamentais”, essencialmente utilizados para prever o comportamento dos usuários. Essas informações são vendidas para outras empresas, para que possam oferecer bens e serviços direcionados ao nosso perfil, mas também moldar nosso comportamento, manipulando nossos desejos, necessidades e visão de mundo. Shoshana Zuboff, professora emérita de Harvard e um dos destaques do documentário O dilema das redes, propõe um novo nome para a era que surgiu com o advento desse mercado: A era do capitalismo de vigilância.

Cena de O dilema das redes, documentário da Netflix

Esse modelo de negócios que alçou o Google ao patamar de segunda empresa mais rica do mundo também foi adotado pelo Facebook e logo se alastrou, tornando-se a estratégia padrão do capitalismo de informação na internet. Hoje, não é possível dar um clique sem participar dessa máquina de extração de dados e a obra de Zuboff investiga como esse padrão foi construído e as ameaças que oferece.

Com bacharelado em filosofia e doutorado em psicologia social, Shoshana Zuboff é professora emérita na Harvard Business School e ex-docente associada do Centro Berkman Klein para Internet e Sociedade na Escola de Direito de Harvard. Seu livro anterior, lançado em 1988, In the Age of the Smart Machine, foi descrito pelo The New York Times Book Review como “uma obra de rara originalidade”.

No novo livro, ao contrário do que muitos pensam, a autora esclarece que não somos o “produto” das vendas do Google. Na verdade, nosso comportamento serve de matéria-prima, que então é vendida para os verdadeiros clientes da empresa. Ou seja, essa estratégia se apropria de nosso estilo de vida e o condensa em dados comportamentais analisáveis e rastreáveis para fins de aperfeiçoamento do controle de outros sobre nós. E, devido à política institucional de resguardar os métodos e práticas internas dessas empresas, temos apenas uma ínfima noção de como isso é feito e de como somos controlados.

Shoshana Zuboff, autora de A era do capitalismo de vigilância

Para Shoshana, essa arquitetura global de modificação comportamental ameaça impactar a humanidade no século XXI de forma tão radical quanto o capitalismo industrial transfigurou o mundo no século XX. Essa ameaça não é mais representada por um estado totalitário, simbolizado pelo Grande Irmão da literatura de George Orwell, mas por uma arquitetura digital presente em todos os lugares, agindo em prol dos interesses do capital de vigilância.

A análise perturbadora de A era do capitalismo de vigilância escancara a condição econômica, política e social de nosso tempo. Por ser um território novo, e por abranger o planeta inteiro, ainda não dispomos de todas as ferramentas necessárias para nos protegermos. Estamos diante da construção de uma forma de poder inédita, que a todos seduz com a promessa de lucro máximo garantido, mesmo que à custa da democracia, da liberdade e do futuro da humanidade. Enfrentando pouca resistência por parte da lei e da própria sociedade, o capitalismo de vigilância está em vias de dominar a ordem social e moldar o futuro digital — se nós assim permitirmos.

Considerado referência absoluta nas discussões em torno das consequências da revolução digital em nosso cotidiano, economia e saúde, sobretudo entre as crianças e os jovens, A era do capitalismo de vigilância aborda de forma franca, e a partir de ampla pesquisa científica, temas delicados como o aumento de casos de suicídio, depressão e engajamento em grupos extremistas. O livro chega às livrarias e lojas on-line a partir do dia 8 de fevereiro. Garanta em pré-venda.