Frank McCourt conta a história de Frank McCourt. Não troca sequer o nome do protagonista, que é ele mesmo, sem maquiagem nem elementos ficcionais. Trata-se de um memorialista, interessado em fazer literatura de si à base de realidade. Ei, professor faz parte da trilogia iniciada com o aclamado As cinzas de Angela, que lhe rendeu vários prêmios e virou filme. Após purgar a infância infeliz e miserável na Irlanda no livro de estréia, o autor revela como se tornou professor de inglês para adolescentes dispersos, mais interessados em riscar iniciais nas carteiras com canivetes do que em aulas.
Os alunos lêem a expressão corporal do professor e o radiografam. Sabem se é novato, covarde, chato ou autoritário. Criam perguntas ardilosas para o mestre perder-se em atalhos menos tediosos do que regras gramaticais. Frank não esconde a insegurança do começo da carreira, a incerteza sobre a vocação docente. Para subverter clichês escolares, inventa novos métodos, conta capítulos de sua vida: nascido em Nova York, foi para a Irlanda antes dos 4, perdeu três irmãos e foi abandonado pelo pai alcoólatra aos 10. A estratégia cria cumplicidade, mas o desvia das lições e desagrada a alguns pais de início.
Ao falar de si, Frank expõe questões que envolvem a arte de ensinar, seus segredos e mazelas. Um dia, ao chamar o pai de um menino problemático ao colégio, presencia um espancamento. Em outro, um adolescente abandona o estudo pela guerra no Vietnã. Ele lamenta, mas sabe que o poder do professor é restrito ao domínio escolar. Pouco a pouco percebe que, apesar da hostilidade de certos estudantes, deve-se unir a eles contra um mundo de diretores de escola, pais e convenções. Com uma narrativa direta e divertida, Frank McCourt traça um corajoso painel sobre grande parte da vida de todos os alfabetizados do mundo em suas salas de aula que são sempre, segundo o autor, lugares de “intenso drama”.
Frank McCourt
Ele se dizia um professor que se tornou escritor. O ofício literário só teve início após a sua aposentadoria, daí a estréia tardia no mercado editorial, aos 66 anos, com As cinzas de Angela, agraciado com o Prêmio Pulitzer, o Prêmio do Círculo Nacional de Críticos de Livros e o Prêmio Literário do Los Angeles Times. Foi a primeira obra da sua memorialística. Depois vieram ´Tis, inédito no Brasil, sobre seus primeiros anos em Nova York, e Ei, professor, que chegou ao primeiro lugar da lista de livros mais vendidos no jornal The New York Times. Frank McCourt faleceu em Nova York, em 19 de julho de 2009, aos 78 anos. Deixou mulher, Ellen Frey McCourt, quatro filhos e três netos.
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