Livro de memórias, romance de formação, crônica de costumes. São muitas as facetas destas Folias de aprendiz. Para celebrar seus 70 anos de vida e 54 de carreira, Geraldo Carneiro reúne lembranças da infância e da juventude que refletem também uma época de ouro do Rio de Janeiro e da música popular brasileira.
O olhar encantado do mineiro que aportou ainda criança no Rio nos transporta para os dourados anos 1950, quando seu pai dava expediente como assessor do presidente Juscelino Kubitschek. As memórias infantis misturam, então, a descoberta da literatura, os jacarés na praia de Ipanema e bastidores do poder – com personagens ilustres, como Jânio Quadros e Garrincha.
Com idas e vindas no tempo, Geraldo reconstitui seu mapa de afetos e divide com o leitor lembranças cômicas e comoventes. A convivência com intelectuais e artistas, como Paulos Mendes Campos e Jacob do Bandolim, que frequentavam as reuniões organizadas por seus pais; a entrada precoce na vida artística, aos 16 anos; as primeiras parcerias na música e no teatro; os porres com Vinicius de Moraes; a amizade de quarenta anos com Millôr Fernandes; as prisões e exílios de amigos durante a ditadura militar.
Entre a melancolia e o humor, o autor reflete sobre a singularidade de uma geração que vivenciou, por um lado, as revoluções culturais e sexuais e, por outro, a violência e o medo impostos pelo regime ditatorial.
Folias de aprendiz não é uma biografia, mas um manifesto de amor – à poesia, à música, aos amigos, à liberdade. Como adverte o autor logo nas primeiras páginas, “aqui só há a geografia sentimental de alguém assediado pelo delírio”.
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Geraldo Carneiro
Geraldo Carneiro (Belo Horizonte, 1952) é poeta, letrista, dramaturgo e roteirista. Autor de livros de poesia, crônicas e traduções, recebeu em 2020 o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, pelo conjunto de sua obra. Como letrista, compôs mais de duzentas canções com músicas de diversos parceiros. Para o teatro, escreveu textos originais e traduções, entre elas A tempestade e Hamlet. Em 2012, venceu o Emmy Internacional de roteiro pela minissérie O astro, escrita em parceria com Alcides Nogueira. Desde 2016 é membro da Academia Brasileira de Letras.
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