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Eu tinha 10 anos. Ele, com seus 11, se mudou com a família para a casa vizinha à que eu ainda moro até hoje. Nos conhecemos brincando com as outras crianças da rua, que se encontravam todos os dias, no mesmo horário, para jogar bola, correr, etc. Ficamos amigos muito rapidamente, até que percebemos, assim como todas as outras crianças também notaram, que havia uma afeição maior que o normal. Era bem o clichê de primeiro amor infantil. Eu esperava na calçada ele chegar do colégio todos os dias à tarde, para ficarmos um pouco juntos, conversando, de mãos dadas, antes do restante da galera chegar. E foi assim por um tempo, até que um dia ele voltou da escola e me contou que ia embora para outra cidade na semana seguinte. Foi minha primeira experiência de paixão, e minha primeira experiência de perda, o que deixou marcas em dobro. Mesmo sendo tão nova na época, até hoje lembro de vários detalhes, vários momentos, e da magia infantil do primeiro amor.