6 anos de um amor platônico que não deu certo

Eu o conheci no primeiro ano do ensino médio, nós estávamos na mesma turma. Logo de cara achei ele muito interessante, inteligente (tinha uma das melhores médias da turma) e bonito, mesmo com o projeto de bigode adolescente no rosto e o visual nerd, mas eu também era nerd, então não fazia tanta importância. Ele tinha uma voz linda, que desafinava vez ou outra por causa da puberdade, e ainda tocava guitarra. Ele era perfeito para mim e, mesmo assim, preferi deixar isso de lado, era nova de mais para me importar com relacionamentos amorosos.
O segundo ano passou e quase não nos falamos, estudávamos na mesma sala e não nos víamos, meus olhos não procuravam por ele. Tanto que não percebi que ele estava mudando e me assustei quando o vi no terceiro ano. Graças ao grupo da turma no whatsapp, nós finalmente começamos a conversar de verdade e ele se sentiu à vontade para se abrir comigo. Foi aí que descobri que ele gostava de uma amiga minha e eu me ofereci para ajudá-lo. No fim deu o maior rolo, por que minha amiga não gostava dele e o achava o maior idiota do mundo. Tentei mostrar os pontos positivos dele, mas não adiantou. Foi então que ela me disse o que eu precisava ouvir:
“Se acha tão bom assim, por que não fica com ele para você?”
Foi aí que a ficha caiu. Eu estava apaixonada por ele.
Nós dois continuamos conversando depois disso, cada vez mais próximos, virou rotina falar com ele e ir dormir de madrugada também. Era a primeira e a última pessoa com quem eu falava. Resolvi ser mais direta já que ele era muito mais introvertido que eu. Comecei a fazer perguntas sobre o que ele achava de mim e as respostas as vezes eram agradáveis, mas na maioria não eram.
Num momento de muita irritação contei que gostava dele, nós acabamos discutindo e não nos falamos por cinco meses.
Porém, no entanto, todavia tínhamos os mesmos amigos e acabamos indo para o cinema com o mesmo grupo em um domingo. E claro que todo mundo sabia o que não estava rolando entre nós dois. Acabamos assistindo Malévola um do lado do outro, foi a ida ao cinema mais desconfortável da minha vida. Pior do que não ter acontecido nada, foi ouvir nossos amigos reclamando por não ter acontecido nada.
Depois de um mês de férias, ele veio falar comigo dizendo que tinha me desculpado e tudo mais. Tudo voltou ao normal, tirando o fato de que ele tinha uma nova “amiga” grudada nele. Ela pegou muito no meu pé e eu tive que conversar com o carinha que eu gosto para que ela parasse com a implicância. Ficou tipo um joguinho de ciúmes, mas eu estava decidida a esquecer o cara e disse a ele que só queria amizade mesmo. Só que dona amiga grudenta não acreditou e ficou envenenando a cabeça dele contra mim. Pouco tempo depois, ela sumiu do mapa e ele ficou super pra baixo. Aí lá vai eu, a senhorita apaixonada, consolar o cara bonitão, só que ele queria continuar no buraco ou apenas queria sair sozinho dele. No fim, eu tive que insistir muito para que ele me deixasse ajuda-lo e ainda não sei se consegui.
Me deu a louca, disse que ainda gostava dele. Pedi pra ele sair comigo e ele aceitou dizendo que queria me conhecer melhor, só que não era um encontro e pouco tempo depois eu descobri que ele só aceitou por pena.
O ensino médio estava acabando e tive a coragem de pedir um abraço no dia do festival musical. Um abraço ao som de cover de Paramore. Foi a última vez que o vi.
Passamos um bom tempo num chove e não molha trocando mensagens pelo aplicativo. Discutíamos dia sim dia não. Foi assim por mais dois anos. Até que mandei uma carta de amor para ele. Não, não foi por correio e acho que isso tirou todo o encanto da carta com desenhos fofos e escrita totalmente à mão.
Mesmo assim, ele ficou muito agradecido, muito mesmo, e perguntou se eu queria conversar. A primeira vez depois de tanto tempo. E nós conversamos muito, sobre todo tipo de coisa. Ele chegou até a dizer que tinha um pouco de interesse em mim. Mas, algo deu errado e esse interesse, que já era pouco, acabou. E voltamos para o grande nada.
Um ano depois isso se repetiu, conversamos muito. Como amigos. Não achei certo, eu ainda gostava dele e ainda gosto. Não parecia certo me esforçar tanto para vê-lo como um amigo. Queria ser amiga dele, isso já seria muito para mim, mas exigia muito esforço e então paramos de conversar de uma vez por todas no fim do ano. Cheguei até a apagar o número dele e os históricos de conversas. Só não consegui apagar o que sinto por ele e, sinceramente, espero que o acaso colabore e possa encontra-lo por aí. Ele é o meu primeiro amor.