Éramos três

No ensino médio, eu tinha um melhor amigo desde 5ª série e sempre fazíamos a maior parte das coisas juntos. Mas no 1º do E.M. chegou um menino novo na escola, e algumas meninas começaram e elogiar ele e sempre eu ouvia suspiros e blá blá blá! Descobri que ele era um grande amigo do meu melhor amigo e que se conheciam desde crianças, assim como moravam bem pertinho um do outro.
Com o passar do tempo também fiquei muito amigo dele e sempre nos encontrávamos pra sair ou ver filmes juntos com outros amigos ou só nós três.
Notei algo diferente na amizade que existia entre os dois e aquilo começou a incomodar: meu melhor amigo começou a sentir ciúmes ou algo do tipo sempre que eu estava por perto. Entendi que ele não gostava que o outro me desse atenção ou simplesmente brincasse comigo ou trocasse ideias sobre diversos assuntos. Se ele me elogiava, meu amigo fechava a cara.
Um dia, cheguei na casa do outro sem que meu melhor amigo soubesse e perguntei o que estava acontecendo, se estava rolando algo a mais entre eles. Ele ficou nervoso e se explicou. Não entendia porque ele estava assim. Daí, fomos surpreendidos com a chegada do meu amigo e ficamos desconsertados e mudamos de assunto.
Depois disso, os dois tiveram uma conversa e brigaram. O outro chegou em casa transtornado e disse que tudo foi culpa minha por ter ido na casa dele e ter tocado em certos assuntos e que meu melhor amigo estava chorando fazia dias, que estava mau.
Conversei com meu melhor amigo e expliquei toda a situação; estava desconfortante tudo aquilo. Perguntei se eles tinham alguma coisa ou se ele era apaixonado pelo outro. Ele negou.
Era época das festas de final de ano e ficamos meio que cada um no seu canto, mas sempre estava mantendo contato com meu melhor amigo pelas redes sociais ou por ligação telefônica, e o outro quase não falava, pois ele meio que evitava falar com a gente.
Antes do natal, o outro me ligou e perguntou como eu estava, onde eu iria passar o natal. Respondi que iria ficar em casa e que não estava em clima de festa. Ele apareceu no natal e passou um bom tempo comigo conversando. No ano novo me ligou, ficou horas no telefone comigo. Nos dias seguintes, tempos intermináveis de boas conversas e risadas. Assim ele ficou presente nos meus dias e na minha mente. Os três, aos poucos, foram voltando a amizade até que eu me dei conta que ele queria estar mais próximo a mim. Me dei conta de que eu havia me apaixonado por ele.
Nunca confessei a ele, nem me declarei, nem nada do tipo “romance histórico para sempre”. Não queria machucar meu melhor amigo e nem danificar mais uma vez a nossa amizade.
Hoje, o outro está noivo de uma garota, meu amigo confessou que sempre foi apaixonado pelo outro e eu saí da cidade para viver minha vida.