Amor de Desenho

Gosto de pensar que meu primeiro amor foi muito inocente, tanto que paixão não é nem um nome que possa ser atribuído a esse sentimento, mas sim um afeto tão grande que nem eu mesma entendia.
Acho que tinha 4 ou 5 anos, não me lembro ao certo, mas me recordo que a ansiedade das aulas na primeira escolinha traziam também uma pequena felicidade pelo encontro com o João Paulo. A esta altura da minha vida, não me lembro se éramos amigos, se brincávamos juntos ou se dividíamos a mesma mesa, mas o fato é que eu o adorava de tal forma que precisava demonstrar tudo o que sentia. E a forma que encontrei para isso foi desenhando.
Eu fazia milhares de desenhos destinados à ele, na aula e em casa, vários papeizinhos com desenhos aleatório e uma caligrafia infantil de quem ainda aprendia a escrever.
Os adultos achavam engraçado, mas continuei o ano todo desenhando para ele, continuamente.
Esse primeiro amor passou com a chegada do outro ano, quando fomos separados, cada um para uma sala diferente.
Só fui por meus olhos nele novamente aos 7 anos, numa reunião de escolas da cidade, quando passava, o primeiro da fila. Reconheci na hora o sorriso tímido e os cabelos castanhos caídos na testa, contrastando com a pele clara.
Ah se as redes sociais já existisse naquela época ou minha memória fosse boa o bastante para me lembrar sei sobrenome… talvez hoje eu pudesse voltar a vê-lo e entregar o último desenho que ainda tenho guardado….