Amor inocente

Descobri meu primeiro amor aos 9 anos, quando me apaixonei pelo filho do vizinho de uma tia. Na época eu, meu irmão e meus pais morávamos em Ribeirão Preto, mas tios e avó morava em Auriflama, ambas no interior de São Paulo, e sempre passávamos as férias na casa da minha avó. Entre uma brincadeira e outra na rua com os primos acabei conhecendo ele, que era mais velho que eu. Na época eu era toda tímida e bobinha, só de olhar pra ele e ver que ele também me olhava eu ficava toda feliz, mas queria me esconder no primeiro lugar que me coubesse! Com o passar do tempo descobri que ele também gostava de mim, começamos a trocar cartas devido à distância, e longe da minha mãe ligava pra ele toda a semana e passávamos horas nos falando. Sempre tentamos combinar de nos encontrarmos às escondidas por causa da minha mãe, mas nunca deu certo porque ela nunca saía do meu pé. Fomos crescendo e claro que ele teve várias namoradas, sempre foi tão lindo, menino de família, educado, não tinha como não se apaixonar! Mantivemos contato e todos os dias nos falávamos via MSN, até que um dia me mudei para Auriflama para fazer faculdade e encontrei ele. Lembro que minha esperança era de finalmente viver aquele amor de infância agora que estávamos tão próximos, mas descobri que ele estava namorando de novo e desisti. O tempo passou, sempre que nos encontrávamos conversávamos um pouco, coisas do dia a dia, a vida seguiu e eu também comecei a namorar. Um belo dia, quando abri o jornal da cidade, a primeira foto que vi foi dele e da agora mulher no dia do casamento. Meu coração parou de bater por alguns breves segundos, mas a sensação foi de ter perdido meu primeiro amor pra sempre! Fiquei triste por vários dias, mas o tempo foi passando e eu acreditava que isso também ia passar, até que descobri que eles estavam esperando o primeiro filho. Honestamente fiquei com raiva, porque ali eu realmente tive a certeza de que aquele amor não teria mais esperanças de ser vivido. Hoje já não sinto mais essa tristeza de um amor perdido, quando vejo a esposa dele, que é um mar de simpatia e educação, sempre nos cumprimentamos, e o filho deles também é lindo, a cara do pai, mas confesso que toda vez que vejo ele meu coração dispara e, apesar de não ter vivido esse amor de infância, eu sei que ele não morreu dentro de mim.