Descoberta.

De todos os amores que eu possa me lembrar o primeiro e o maior que tive foi tarde na adolescência.
Tinha lá meus 16 pra 17 anos, mantinha uma rotina chata e monótona de casa e cursinho e não fazia nada diferente de estudar o dia inteiro e ver algum filme de noite. Em meio as tardes com a cara nos livros acabei conhecendo um rapaz. No começo comecei a ter o que conhecidos meus chamam de “crush de amizade” (aquela pessoa que a gente sonha em ter no nosso círculo de amizade) e assim fui tentando me aproximar dele. Vamos coloca-lo como Fábio nessa história.
Fábio era sorridente, simpático e bem introvertido, passava os dias como monitor de exatas naquela escola e vivia fazendo seus deveres acadêmicos enquanto ajudava os alunos com problemas banais de matemática. Nos primeiros meses comecei a pedir ajuda com algumas questões e aos poucos fui ficando cada vez mais fascinado por ele. Adicionei nas redes sociais, trocávamos músicas todos os dias. O tempo passou e comecei a me dar conta que aquele interesse era maior que amizade, era bem uma paixão avassaladora. Dezessete anos e eu me descobrindo apaixonado por um rapaz (na época não tinha descoberto minha sexualidade por inteiro); para mim foi algo tão forte que nem me importei com esse fato, só queria ficar do lado dele, conversar e estar ali, presente.
Enfim, os meses passaram e eu tentava me manter no controle, passado os vestibulares e sabendo do meu resultado pensei em agradecer o mesmo. Fiz vários docinhos com morango e levei para o colégio, aguardei a mesa ficar vaga e me sentei ali mesmo, conversa vai e vem e acabo dando o embrulho. Ele agradeceu com aquele sorriso de orelha a orelha e devorou tudo de uma vez. Aquela era hora de falar alguma coisa e expôr os sentimentos né? Era, mas a frase seguinte foi pior que um maremoto. “Desculpe Pedro, eu sei que isso tem um algo mais mas não fui sincero, estou com alguém no momento”.
Não preciso dizer que foi um belo tiro no pé mas pelo menos foi algo que vivi tão intensamente com ele que depois de 10 anos não esqueço. Era algo tão singelo, simples e inocente que hoje me faz falta de ver e sentir.