Um bilhete das estrelas

Admito que demorei para me apaixonar. Achar alguém bonito é normal, acontece com muita frequência. Mas alguém com quem você espera viver algum sentimento nunca foi algo muito real para mim. Até ano passado, na faculdade. É, o amor é algo a ser estudado. Não se entende a princípio o que ele significa, mas ao mesmo tempo existem milhares de sinônimos para defini-lo. Mas afinal, o que a paixão é? O que o amor significa? Eu não sabia até me sentir amado de verdade.
O nome dele é Walysson. Estudávamos na mesma faculdade e vira e mexe nos esbarrávamos pelos corredores. E tenho que admitir que tinha um pouco de medo dele quando me encarava; ele era marrento, bonito e sério. Só havia duas alternativas para explicar o porquê de tantos olhares: ou ele me achava bonito (o que eu duvidava bastante) ou ele queria me assaltar. E acreditei na segunda opção.
Meu choque maior foi quando, em um dia aleatório de quarta feira, depois de uma aula adorável de genética, nos esbarramos no ônibus voltando da faculdade. Devia ser 11h40min, ou algum horário próximo. E ele sentou a um banco de distância de mim, e, mesmo tentando ignorar, não pude deixar de notar o quanto ele era bonito. E melhor, não pude deixar de notar quando ele passou a mão por detrás da cadeira ao lado e me cutucou, me entregando um bilhetinho com o nome dele e o número. Guardo até hoje esse bilhete.
E foi ali que meu mundo se tornou outro. Odeio ter que admitir que minha vida tomou um rumo diferente quando outra pessoa entrou nela. É estranho, e ao mesmo tempo excitante, a ideia de que alguém tenha sido tão importante na sua vida. Você se sente vulnerável e forte. É uma explosão de sentimentos que não fazem sentido, mas que são extremamente bem vindos a todo o momento. Passamos a conversar, a sair, ele disse que já alimentava um sentimento há meses, e essa foi a parte mais bizarra; como alguém poderia sentir qualquer que fosse o sentimento romântico por mim? Parecia algo de outro mundo. Começamos um namoro que perdura até os dias de hoje e, como nunca, me sinto flutuando nas estrelas. Eu cresci, aprendi, chorei, sonhei. Deixei-me pensar no futuro. Permiti-me planejar um casamento, ter filhos, viagens a dois. Minha primeira paixão talvez não tenha sido a primeira, mas foi a primeira que marcou minha vida a ponto de querer gritá-la para todos os sete mares o quanto eu o amo. O quanto ele me faz feliz e o quanto eu quero fazê-lo feliz. E irei fazê-lo. Eu te amo, Walysson Capel.