E eu o chamei pelo meu nome.

Eu nunca esquecerei dessa primeira paixão… Sempre fui bem introspectivo, não costumava ter amigos, sempre fiquei na minha.
Por volta dos 12 anos meus vizinhos costumavam me comparar com um garoto que nunca havia visto, diziam que éramos gêmeos por diversos motivos, como odiava ser comparado à alguém sempre hesitei em conhecê-lo. Certo dia eu estava sentado na calçada desenhando e ele me aparaceu, Lucas, sim, temos o mesmo nome! Ele é dois anos mais velho, 10 centímetros mais alto, mas mesmo assim éramos idênticos, não consegui acreditar ao vê-lo… todas as semanas ele costumava ir até a casa do seu primo que era meu vizinho (talvez ainda seja, faz tempo que não o vejo) e ficávamos conversando, brincando, não éramos tão idênticos assim como diziam, deixamos de nos falar muitas vezes, mas nos conectamos de uma forma intensa e inexplicável, nos tornamos melhores amigos e fomos crescendo juntos. Somos de famílias religiosas e isso só dificultou tudo, quando nos vimos gostando um do outro, foi uma confusão interna (principalmente pra mim) e externa, não dizíamos isso um ao outro por medo de uma das partes sumir por medo ou algo do tipo, com o tempo meus pais foram “abrindo os olhos” para os que sempre esteve explícito e me proibiram de sair, de ver meu único amigo em toda a vizinhança, passamos alguns anos sem nos ver e conversar com frequência. Em 2010 eu falei tudo que sentia, na verdade por uma mensagem pelo facebook, foi um drama só, pra minha “surpresa” ele sentia o mesmo, mas mesmo assim nada podia ser feito, éramos pré-adolescentes…
Em 2013 voltamos a nos ver bastante, mas ele estava namorando uma garota, e bem eu estava vivendo minha vida, me forcei a mudar de ideia sobre tudo, tentando negar meus sentimentos, porém sem sucesso. Ele passou a me tratar como um irmão mais novo, era bem fofo e triste, não era o que eu queria, e anos depois ele me disse que não era o que ele queria. Muitas vezes chorando eu enviava muitas mensagens à ele, mas as respostas eram às vezes curtas ou apenas visualizadas e não respondidas e quando nos víamos pessoalmente evitávamos falar sobre, mas por dentro doía. Doía sempre, então me afastei, comecei um relacionamento que não durou muito e ao terminar, ele estava lá, mas ainda como um amigo, então já estávamos no fim da adolescência e bêbados demos um primeiro beijo, o que demorou tanto para acontecer, e que aconteceu quando estávamos bêbados por tanto revés nas chances anteriores… Depois disso eu já quebrei bastante esse coração, não me vejo vivendo com alguém, não me vejo com maturidade pra tudo isso, talvez eu tenha sentido tanto quando mais novo que acredito ter atingido minha cota pra isso, ele continua sendo meu amigo, sempre falamos sobre isso, sempre nos abraçamos de uma maneira como se ainda fossemos aqueles pré-adolescentes, eu ainda o amo, e ele diz o mesmo. Agora “adultos” temos focos diferentes, mas mantemos uma das promessas de após os 40 se não estivermos com alguém ficaremos juntos. Talvez por medo, meses atrás falamos sobre tentar, eu quero muito e na mesma intensidade de um primeiro amor, mas não quero que nada estrague o que sentimos um pelo outro, que parece ir além de muitos sentimentos, hoje depois de tantos problemas (não descritos aqui) eu só penso que se algo acontecer de alguma forma vai estragar e vamos perder contato de novo, prefiro mantê-lo como um grande amigo… Logo quando assisti o filme lembrei de tudo, postei no stories e ele viu, quase uma semana depois ele me enviou “Nosso filme naquela época”, eu respondi “é verdade. Lembrou bastante”… Por dentro muitas coisas passaram pela minha cabeça, e acredito que na dele também, mas não disse nada pra não atrapalhar, sabe, é melhor deixar como está, e salvar como rascunho.
Enfim, eu só queria que o tempo voltasse, eu só queria que nossos pais fossem mais liberais, mas infelizmente não é como nos filmes pra todo mundo. Eu ainda o amo, e desejo tudo de maravilhoso à você, Lucas.

Talvez eu não ganhe um dos exemplares do livro, mas desabafei, não podia fazer isso no twitter ou em outro lugar, nem falar com ninguém, ninguém entenderia nada, mas eu adoraria ganha. Obrigado intrinseca por esse espaço, estou devastado. </3