Nos meus sonhos, tudo continua igual

Foi ao verificar bottons iguais de uma certa banda de rock alternativo em mochila de ambos, que nos conhecemos. Aos 14 anos, éramos adolescente acima da média, morando em cidade pequena, cidade praiana. Para mim, foi amor. Para ele, descoberta. Mudei de escola por pedido dele. Mudei de hábitos de leitura. Eu lhe apresentei a filosofia, ele me apresentou a ciência. Íamos remar em barcos e conversar sobre a vida, o universo e tudo mais, até perceber que ele já era a melhor parte dos meus dias, um sentimento nunca vivenciado antes, algo novo para mim, mas que não saberei como foi para ele. Nos tornamos íntimos, como grandes amigos que hoje somos, até eu beija-lo. Um beijo roubado, doce, que nunca esquecerei. Foi recíproco até certo momento, quando ele me disse que por mais que gostasse de mim, ele amava outra pessoa, outra pessoa ainda mais importante para mim, minha melhor amiga. Nunca esquecerei aquele sentimento de tristeza transbordante, desde que transbordei até quebrar, nunca mais voltei a me sentir cheio novamente. Mas o amor era real, pois eu ficaria satisfeito, ao vê-lo feliz. Então os juntei, formando o que é hoje o casal mais feliz que conheço. Nunca vou esquecer daquele ano, do primeiro amor irradiante, daquela pessoa. Fazem cinco anos e eu nunca mais amei ninguém com a mesma intensidade, mas quem ama alguém como na adolescência?! Aos 15, tudo é infinito. Mas também fazem anos que já me sinto feliz por eles estarem felizes, ao menos conscientemente, pois em sonhos, vários deles, ainda somos jovens e eu ainda o amo e sinto reciprocidade, me sinto pleno, até acordar com o rosto cheio de lágrimas e esquecê-lo novamente ao passar das horas.