O garoto de Info

Era tudo novo: o colégio, as amizades, as descobertas. Conheci-o no início de dois mil e treze, tínhamos um amigo em comum que nos apresentou. Passávamos praticamente todos os intervalos juntos e nossa amizade só cresceu. Eu não esperava que fosse existir algo além de amizade entre nós e, na verdade, eu nem entendia direito o que seria esse “algo além”. Depois das férias de inverno eu comecei a questionar o que estava acontecendo comigo. Eu, aparentemente, estava sentindo alguma coisa por aquele garoto, mas como isso seria possível? Eramos melhores amigos e, bem, eu gostava de garotas até então. Fui deixando esses pensamentos de lado, bloqueando-os dentro de mim e seguindo a minha vida sem nenhuma novidade. Eu não poderia ser gay! Eu não poderia me apaixonar por um garoto. Isso era inaceitável.

O ano seguinte chegou, nossa amizade continuou e, aparentemente, o meu amor por ele também. Ele iniciou um curso técnico no nosso colégio, então, passaria a tarde inteira lá. E eu? Bem, eu não tinha nada pra fazer a tarde. Começamos a almoçar juntos: eu, ele e alguns amigos nossos. Eu costumava ficar até às duas da tarde, quando a sua aula começava.
Contei para as minhas amigas o que estava acontecendo comigo. Elas me apoiaram, mas tentaram me mostrar que ele não estava afim de mim e que nada passava além de uma amizade. Eu, teimoso demais, não dei a menor bola e continuei tentando conquistar aquele menino. Não sabia o que ele sentia. Tinha medo de entrar em algum assunto e descobrir que ele não gostava de mim, ou pior, que ele na verdade gostava de outra pessoa.
Eu continuei a acompanhá-lo no almoço todos os dias até que, num certo dia, éramos só nós dois. Todo mundo havia faltado ou tinha algo para fazer. Subimos até o andar da sala dele e deitamos no chão, como sempre. Começamos a conversar e, de uma forma súbita os dois calaram-se. Estávamos olhando um para o outro, nos olhos. Meu coração disparou e eu perdi o fôlego. Quando me dei conta, estávamos nos beijando. Descrever esse momento é quase como vivê-lo novamente. É como se fosse possível sentir o seu corpo junto ao meu e nossos corações palpitando numa frequência acelerada.
Ficamos estranhos um para com o outro depois disso. Não sabíamos direito como lidar. Era tudo novo mas eu tinha uma única certeza: eu amava esse garoto.
Talvez fosse rápido demais, mas era verdade. Eu nunca tinha sentido por ninguém o que senti por ele. Além de me descobrir, eu me libertei com ele.
Aconteceu tudo rápido demais. Um mês depois ele me pediu em namoro. Ficamos juntos por um tempo mas, aparentemente não daríamos mais certo. Eu queria contar aos meus pais sobre nós, queria que conhecessem o homem que eu amava mas ele disse que não se importava e que não fazia diferença. Rompemos.
Eu fiquei triste e mais que isso, fiquei com raiva. Eu estava querendo arriscar tudo por ele, mas parecia que ele não faria o mesmo por mim.
Houve então uma festa do colégio. Festa de terceirão. Ele não foi. Eu bebi bastante e, me lembrando da raiva que estava sentindo, acabei beijando outra pessoa.
Contei pra ele no mesmo dia, não queria que ele soubesse por outras pessoas o que tinha acontecido. Ele não me perdoou por isso e nós cortamos totalmente os laços.
Eu me arrependi depois. Nunca ninguém me fez tão bem como aquele garoto. Eu nunca fui capaz de amar alguém de novo. Hoje só guardo lembranças. Não temos mais contato e quando nos cruzamos na rua, desviamos. Eu ainda sinto saudade. Não do amor, mas da sua amizade. Não o conheço mais, nem sei quem ele se tornou, mas ainda conservo
suas lembranças comigo. O meu primeiro amor me marcou e deixará para sempre sua marca em mim.