Pra Você, Vinícius

O fato de Call Me By Your Name ser um dos meus filmes preferidos é porque relata a história de um amor entre dois homens, sendo um o mais jovem, ainda na adolescência, que posso me relacionar. Eu tenho 19 anos, um pouco mais velho que o próprio Elio, mas me recordo logo de cara do primeiro menino que me apaixonei. Sem parecer clichê, eu era muito tímido, mas como era o segundo ano do Ensino Médio, eu estava tentando ao máximo me enturmar com todo mundo. As aulas começaram e logo no primeiro dia que ele resolveu aparecer, ele sentou do meu lado. Coincidência do destino já que ele nem sabia quem eu era. Mais pra frente, ele começou a puxar assunto comigo, pois a personalidade dele é muito carismática e amigável, e você sempre encontrava ele falando com alguém. Eu tentei ao máximo puxar assunto também, jogando conversa fora e tentando me enturmar com a classe no mesmo tempo. Uma vez, na aula de Sociologia, cada um da classe sentou em duplas e tive a sorte de sentar com ele. Nos falamos e falamos até o sinal bater, e quase não fizemos nada da matéria. Nós combinamos de ir pra lanchonete perto da escola assim que pudéssemos ir embora, e foi lá que passamos a se conhecer. Me julgava muito por gostar do mesmo sexo e me perguntava se um dia alguém ia gostar de mim até ele ter aparecido; nunca pensei que iria namorar, e logo com 17 anos. Pra não deixar tudo tão grande, continuávamos a conversar durante as aulas e no intervalo, e no próximo dia, na lanchonete, ele falou que gostava de mim, e eu mesmo sem ter acreditado na hora, falei que também gostava. Seguramos as mãos e foi a primeira vez que nos tocamos de verdade, e que eu me senti finalmente confortável com ele. Passamos o tempo inteiro juntos, fora e dentro da escola, em lugares legais e eventualmente em nossas casas, e foi aí que senti que tinha que assumir o que a gente tinha para os meus pais, e nada podia ter sido melhor, considerando que eles continuaram me amando. Principalmente meu pai, que achei que ia pensar duas vezes antes de me chamar de filho. Enfim, foi com ele que me senti confortável pela primeira vez na minha vida. Meu primeiro beijo, abraço, conchinha (haha), tudo… Nunca vou esquecer dele. Nós morávamos em São Paulo, e íamos na mesma escola, claro, mas no percorrer do ano, se formamos e seguimos caminhos distintos, já que não queríamos fazer a mesma faculdade. Eu sabia que iria acontecer. Ele conseguiu entrar pra Faculdade de Artes Cênicas no Rio de Janeiro e eu ainda estudo pra entrar na de Medicina. Mantemos contato as vezes pelo telefone, mas nem sempre como antes. Eu ainda amo ele… e soa muito estranho confessar isso, mas ele me fez sentir amado de um jeito que eu nem bem me amava. Ele me apresentou pros amigos dele e eu apresentei ele pros meus. Foi simplesmente maravilhoso. Eu espero que a primeira vez de todos sejam assim, e saibam que o amor existe. Independente da idade, fica a dica! Amor é amor. Obrigado pelo sorteio, Intrínseca. Esse filme relatou de uma forma maravilhosa um amor próspero, inesperadamente entre pessoas do mesmo gênero, e isso foi muito importante.