Viver é diferente de somente existir.

Em um dia comum de um ponto de ônibus qualquer há alguns metros de distância, um olhar e nada mais, é assim “paixão” imediata. Quem era? De onde vinha? Para onde iria? Nada mais era importante, o que importava era ele, entramos no mesmo ônibus. Sabia que teria que ter uma certa veemência para aproximar e fazer amizade, foi o que ocorreu, dias depois ele correspondeu e demostrou interesse de manter contato por fim ficamos amigos, simples assim tudo tão simples e visceral ao mesmo tempo. Infelizmente nada poderia passar de uma amizade com fidelidade, pois ele já tinha um relacionamento monogâmico com outra pessoa.
Com desenvolvimento da amizade senti realizada e parecia que tudo estava sobre controle, até o dia em que ele resolve declarar-se de forma explicita e sem nenhum pudor, na inocência em que poderia controlar todos os sentimentos de imediato, sem ter conhecimento de que o próximo talvez não cogitasse algo similar, tudo acontecia sem nenhuma complicação ou explicação, nada mais importava, o frio da noite não incomodava nem ao menos o vento batendo a janela, pele na pele, toques sem vestígios que trazem arrepios e beijos mais profundos que a própria alma, um só encontro, um só momento, senti realmente viva.
Após aquela madrugada era nítida a despedida, o vazio que ficava era maior que o frio da madrugada, noite longa sem direção. Anos passaram mais aquela madrugada nunca foi apagada, se era uma paixão verdadeira, desejo ou a dor da perda estava tudo junto, a única coisa que tenho certeza hoje é que explicar a paixão sendo abstrata é algo impossível de por em palavras, ela só pode ser sentida, só quem realmente apaixonou-se de verdade pode entender e na maioria das vezes nunca explicar.