Por Danielle Machado*
Era uma vez uma garota que tinha acabado de se casar. Ela teria poucos dias de lua de mel, o que não a impediu de dar uma parada no aeroporto e procurar um livro pra levar na mala. Na primeira olhada pelas prateleiras, uma capa chamou a atenção como nenhuma outra. No meio dos livros de negócios da ponte aérea e dos romances que cabem certinho num voo doméstico, lá estava ela. E se a capa já era difícil de passar despercebida, a contracapa, então, nem se fala: quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.
Pois bem: a garota era eu e o livro, A menina que roubava livros. Num segundo ele já estava na mala (aqui, vale ressaltar que não foi roubado). E aquele crush de aeroporto virou um relacionamento sério: eu levei a Menina pra minha casa e ela me levou pra casa dela, a Intrínseca. Foi o primeiro livro que li da editora, e por causa dele, mais tarde naquele mesmo ano eu estava em um auditório lotado, na Bienal do Rio, só pra ver de perto o autor Markus Zusak. Não consegui o tão sonhado autógrafo (um grande arrependimento…), mas encontrei uma pessoa querida que, tempos depois, me convidou a trabalhar na Intrínseca. Estamos nessa desde então, a Menina e eu, seriamente juntas.
No primeiro aniversário dela, eu já a dividia com 350 mil pessoas Brasil afora. Sim, desde o início foi um relacionamento aberto. Conquistar a Menina é fácil, mas mergulhar nela de verdade requer fôlego. Mais de quatrocentas páginas de palavras falando de palavras. Mas isso não assustou quase ninguém. Aos 3 anos, se somássemos todas as palavras de todas as Meninas que existiam nas casas de vocês, já seriam mais de 125 trilhões.
Antes do aniversário de 6 anos, a Menina, pode-se dizer, já tinha se formado na escola — fazia tempo ganhara o diploma do Novo Acordo Ortográfico. E, para o aniversário de 7, aprendeu a falar outra língua: a do cinema. Vestiram-na apropriadamente para a ocasião. Quem já a conhecia, ficou surpreso; quem não, teve uma bela oportunidade de ser apresentado e, claro, se encantar.
Agora fazemos 10 anos. Eu, ela e meu casamento. E, se colocássemos deitadas em fila todas as Meninas deste país, daria pra cruzar 25 vezes a distância até aquele lugar distante da lua de mel, quando abri a primeira página que nos colocou juntas até hoje na minha segunda casa, que começou como uma casinha e agora é um casarão… mas, da Intrínseca, a gente mais fala em outro momento. Hoje o dia é dela! À Menina, nossos parabéns — meus e de todos os Intrínsecos cujos cartões de aniversário, abaixo, ilustram este texto. Porque aniversário, Menina, é coisa séria, e nós temos é que comemorar.
Artes dos cartões: Maria de Fátima e Beatriz Cajaty, a partir das mais loucas pautas já concebidas no ramo editorial.
Danielle Machado é editora executiva na Intrínseca e, junto com uma equipe fantástica de editores, cuida de todos as publicações estrangeiras do nosso catálogo. Uma vez por mês, ela trará para o blog um pouco da memória da Intrínseca, falando de livros, dos autores e dos causos mais dignos de nota desta jovem casa editorial.
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