Meu amor era gritante, e no entanto tão mudo.

Quando o amor nunca bateu a sua porta das duas uma, ou fica extremamente fácil de percebê-lo, ou torna-se uma missão quase impossível notá-lo.
O ano era 2009, eu tinha 17 anos quando me peguei num mar de pensamentos, eu ja tinha visto aquele moço várias vezes, mas até então era apenas um ser com uma beleza que me chamara a atenção na escola nova. (O ensino médio se torna um sonho quando se está saindo do ensino fundamental, é como a faculdade para o ensino médio, tão calorosa cada etapa…)
O tempo foi passando, as minhas amigas mais íntimas ja sabiam do fato, eu apenas era capaz de fazer o que sempre fiz: escrever e escrever sobre o que eu trazia por dentro. No início eu orava todas as noites pra obter respostas, pra compreender o real motivo de sentir aqueles frios na barriga por alguém que era tão longe de mim e da minha realidade; a namorada dele era extremamente divertida e atraente, (sim, ele era/é hetero), eu achava loucura, mas meu coração estava vivendo só…
Eu estava entrando num martírio.
O tempo corria e cada vez eu sentia mais intenso ele dentro de mim, todos ao redor ja haviam notado, e tenho certeza que ele também ja havia notado. Eu gostava de olhar pra ele, de entender as suas maneiras, ver quais eram seus amigos… todos os dias eu esperava ele passar pelo corredor da escola, todo fim de semana era uma tortura. E todas as vezes que eu o olhava sentia que ele retribuia, era o ápice do apego e de ilusões.
Em meu segundo ano resolvi que precisava me declarar abertamente, ja que eu ja gritara com a boca fechada todo aquele amor platônico que existia.
Ele era tão perfeito como homem e como ser humano; seus olhos eram escuros e o cabelo enrolado, tinha uma pele morena uniforme e uma altura inacreditável, seu rosto era fino e tinha fisionomia de dinossauro, e então eu umas amigas o chamávamos de dinossauro, o meu dinossauro. Como pessoa era calmo, meigo, e aparente mente genial.
No finzinho de 2011 juntei todas as coisas escritas, organizei e editei e pedi pra uma amiga entregar. Ele então recebeu e ficamos tempos sem trocar olhares ou até nos ver, foi degradante pra mim. Certo dia ele estava on line em uma rede social, criei coragem e o chamei no bate-papo, ele foi IMENSAMENTE educado e disse que admirava o meu sentimento, a minha letra e todos os desenhos feitos por mim. Mas que aquilo era algo inimaginável pra ele, disse que me admirava, mas que pra mim ele era como uma garota; pra ele eu era um garoto que como todos os outros não despertava nada sobre desejo e atração, afinal ele era/é hetero.
Fiquei feliz por não ter sido espancado, mas ao menos cumpri com o que pedia o meu coração e as borboletas em minha barriga.
Ainda guardo fotos dele que imprimi naquela época, 8 anos depois e ainda gostaria de ter em meus braços, mas acima de tudo ha amor em mim. Amores reais não são egoístas. Além do mais não o vejo desde de 2012, algumas vezes em rede social (fotos) vejo que está bem e mudou de cidade.
Ele marcou todo meu trajeto mesmo que nunca tenha estado fisicamente aqui.