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Às vésperas do Dia das Mães um pai liberal comenta os métodos da Mãe-tigre

6 / maio / 2011

 

Por Bruno Porto*

 

O feriado do Dia das Mães é a senha para jornais, revistas e programas de TV publicarem/exibirem reportagens e entrevistas discutindo as dores e os prazeres da maternidade. Estimuladas ou não por essas matérias, nessa época muitas pessoas passam a refletir sobre o tema: sou uma boa mãe? Sou um bom filho? Será que eu quero ser mãe?

No meu círculo de amigos não se fala de outro assunto desde que nós, aqui da Intrínseca, lançamos o polêmico “Grito de guerra da mãe-tigre”, livro escrito por Amy Chua, uma americana filha de chineses, que se tornou um dos maiores fenômenos editorais dos últimos tempos nos Estados Unidos. Para quem não sabe, Chua conta no livro que decidiu criar suas duas filhas, Sophia e Lulu, segundo os preceitos da rígida (ao menos para nós ocidentais) educação chinesa. Na prática, isso significa, entre outras coisas, que as duas meninas devem tirar a nota máxima em todos os testes da escola. Elogios em público, jamais. As únicas atividades extracurriculares a que se dedicam são as que podem render medalhas. De ouro, que fique bem claro.

Chua argumenta que a educação ocidental é liberal demais, o que deixa as crianças  desestimuladas e sem disciplina. Um pecado mortal num mundo cada vez mais marcado pela competição, diz ela. Falei do livro para os meus amigos que já têm filhos e os que querem ter um dia. Apesar de um ou outro ter discordado da autora de cara, todos ficaram curiosos, ainda mais ao saber que Sophia e Lulu vão indo muito bem, obrigado. A primeira, por exemplo, foi aceita em duas das mais prestigiadas universidades americanas, Yale e Harvard, e se tornou uma pianista renomada. As reações ao livro foram variadas: enquanto uns discordaram veementemente de Chua, outros estão até repensando a educação que dão para os seus filhos. Nenhum deles, no entanto, passou incólume pela Mãe-tigre. O que é um dos melhores elogios que um livro pode receber.

O livro, claro, também me afetou. Tenho dois filhos: Maria, de 10 anos, e Tomaz, de 5, e crio ambos de maneira bem liberal. Não cogito deixar de elogiar os dois em público. E também acho exagero exigir só nota dez. Nove e meio está bom. Brincadeira. Mas acho que Chua está certa em relação à disciplina e à importância de perseverar. É quase regra as crianças daqui entrarem e saírem de cursos de inglês, violão ou informática sem terminar ou ao menos aprender algo de verdade. O resultado disso é dinheiro gasto à toa e frustração à vista: eu mesmo me arrependo de não ter terminado um curso de violão. Enquanto isso, Sophia e Lulu estão lá, dando concertos. Maria e Tomaz que se cuidem. 😉

 

*Bruno Porto é editor de aquisições da Intrínseca.

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