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Michael Pollan: “Não há contradição entre prazer e saúde”

1 / agosto / 2014

Michael Pollan

Uma das grandes preocupações do mundo atual está relacionada com os desafios inerentes à alimentação da população global. Para Michael Pollan, autor de Cozinhar, a industrialização da comida não é a melhor solução para esse dilema. Como convidado da Flip 2014, ele conversou com jornalistas sobre os problemas que acompanham a produção alimentícia industrializada:

– Hoje, 40% de tudo que a agricultura industrializada produz se perde no intervalo entre a produção no campo e a mesa do consumidor. Nos Estados Unidos, 20% da indústria alimentícia está voltada para alimentar carros com a produção de etanol, que é feito por lá a partir do milho. Esse não me parece o modelo ideal para vencer o desafio de alimentar a população mundial.

Pollan defende que o estabelecimento de uma agricultura sustentável, sem abuso de produtos químicos e conservantes, não só é viável como também atenderia os consumidores de maneira muito mais satisfatória e saudável. Ele vê a proliferação de redes de fast-food como uma ameaça para uma cultura alimentar natural e sadia. E acredita que manter a saúde e sentir prazer ao comer podem perfeitamente andar de mãos dadas:

– Não há contradição alguma entre o prazer de comer e a manutenção da saúde. As comidas têm uma relação profunda com os seres humanos. Nós criamos nossas identidades a partir delas, expressamos nosso amor ao dividir refeições com pessoas queridas e até desarmamos nossos inimigos por meio de almoços ou jantares que implicam a partilha de uma intimidade.

O autor aproveitou o momento para elogiar a cozinha brasileira:

– Não sei se as pessoas percebem, mas o Brasil tem uma das melhores cozinhas do mundo. Comi muito bem por aqui. Em Salvador, tive oportunidade de provar moquecas, acarajés, feijoadas e cachaças, que não é bem comida mas faz parte do contexto.

E deixou um alerta:

– As companhias alimentícias estão de olho no Brasil. Às vezes, o glamour do fast-food pode obscurecer as maravilhas de uma cozinha local e suas tradições. As empresas se prezam de oferecer refeições individuais enquanto os brasileiros têm o costume de dividir a comida de uma mesma panela, o que é fantástico e mostra um laço comunitário profundo, que não deve ser perdido.

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