testeResultado da seleção de parceiros 2016

CampanhaParcerias2016_Facebook2

Depois da difícil tarefa de analisar mais de 1.600 inscritos de todas as regiões do país, selecionamos as páginas que farão parte da equipe de parceiros da Intrínseca em 2016! Preparados para conferir o resultado?

Como já temos mais de 130 páginas que nos acompanham há muito tempo, tivemos que fazer uma seleção menor neste ano para não abandonar quem sempre esteve conosco. Se a sua página não está na lista, fique tranquilo! Abrimos vagas anualmente.

Novos parceiros:

http://www.desejoadolescente.com/
http://www.crescendoemflor.com
http://www.pipocanerd.com
https://www.instagram.com/sobreissoeaquilo/
http://estantesfalantes.com
http://www.allmystuff.com.br
https://www.instagram.com/nasuaestante_/?hl=pt-br
http://www.youtube.com/temMaisGenteLendo
http://www.booknerd.com.br
https://www.instagram.com/becodoslivros/
https://www.youtube.com/contoemcanto
http://youtube.com/kabooktvoficial
https://instagram.com/sobrevicios/
https://www.youtube.com/LeonIdrisAzevedo
http://www.cantodosclassicos.com
http://www.youtube.com/freaktv
http://www.acidamentesensivel.com
cabanadoleitor.com.br/
https://www.instagram.com/colorindodevaneios/
https://www.youtube.com/elefanteliterario
http://www.maegnifica.com.br
https://www.instagram.com/queriaseralice
http://www.youtube.com/c/livrariaemcasa
https://www.instagram.com/ingridbooks/
https://www.instagram.com/meninoliterario/
www.cinemadebuteco.com.br/
https://www.instagram.com/danny_med/
http://www.dearmaidy.com.br
https://www.instagram.com/kennys30/

Parcerias renovadas:

http://afabricadiversaoearte.blogspot.com.br/
http://www.meninaquecompravalivros.com.br/
www.alemdacontracapa.blogspot.com
http://alemdolivro.com/
http://www.allpopstuff.com/
astronerd.com.br
http://blablablaaleatorio.com/
www.instagram.com/_bookhunter
https://www.youtube.com/user/borogodolit
http://www.brincandocomlivros.com
https://www.youtube.com/user/canalromeuejulieta
http://juoliveira.com/cantinho/
http://www.chovendolivros.com.br
http://cinesiageek.com.br/
http://claqueteliteraria.blogspot.com.br/
www.clubedas6.com.br
http://clumsyluv.com
http://conjuntodaobra.blogspot.com.br/
http://www.conversacult.com.br/
http://coolturalblog.wordpress.com/
http://coracao-de-leitora.blogspot.com.br/
http://www.decaranasletras.blogspot.com
http://www.detudoumpouquinho.com
http://despindoestorias.com/
https://www.instagram.com/desteffanisreading/
www.entrandonumafria.com.br
https://www.youtube.com/user/entreparagrafos/
http://equalizedaleitura.com.br
http://www.escolhendolivros.com.br
http://www.estantedovisconde.com/
www.estejali.com
http://euinsisto.com.br
www.feedyourhead.com.br
www.fleurdelune.com.br
http://fluffy.com.br
http://gavetaabandonada.blogspot.com.br/
https://www.youtube.com/c/geekemdobro
http://www.gemeasescritoras.com/
www.guardiadameianoite.com.br
http://www.heyevellyn.com/
www.hostgeek.net.br
http://www.houseofchick.com/
https://icebookcream.wordpress.com/
www.indica-ai.com
www.canalindicex.com
http://www.bloginsagas.com/
www.inspiradaporpalavras.com.br
http://laviestallieurs.blogspot.com.br/
https://instagram.com/lara.furtado
www.leioeu.com.br
www.leitoracompulsiva.com.br
http://www.leitorespossessivos.com.br/
http://livrolab.blogspot.com
www.livrologias.com
livrologos.com.br/
www.livrosebolinhos.com
http://www.livrosefuxicos.com/
http://www.livroseblablabla.com
http://www.livrosecitacoes.com
www.livrosemserie.com.br
http://www.livrosfilmesemusicas.com.br/
http://www.livroterapias.com/
il-macchiato.com
http://www.maisquelivros.com/
https://instagram.com/mandy_itbook/
http://maquiadanalivraria.blogspot.com.br/
www.mardemarmore.blogspot.com.br
http://www.memoriasliterarias.com.br/
http://www.monpetitpoison.com/
https://www.youtube.com/vlogmundoparalelo
www.mybooklit.com
http://www.neonkiss.com.br
http://www.nerdivinas.com/
http://nostalgiacinza.blogspot.com.br/
http://nuvemliteraria.com
www.opoderosoresumao.com
https://olhandoporai.net/
http://pacmae.com.br
palaciodelivros.blogspot.com.br
http://www.paradageek.com/
www.parafraseandolivros.com.br
http://pausaparaumcafe.com.br/
http://poderosasegirlies.blogspot.com.br/
http://poesiadestilada.blogspot.com.br/
https://www.youtube.com/pontoepulalinha
http://www.poressaspaginas.com
www.porumaboaleitura.com.br
http://portal.julund.com.br/
www.procurei-em-sonhos.com
http://www.rderesenha.com/
www.ratasdebiblioteca.com
www.recantodachefa.com.br
www.recantodami.com
https://roedordelivros.wordpress.com/
http://s2ler.blogspot.com.br/
www.blogsemserifa.com
http://www.sobrelivros.com.br/
http://sobrelivrosetraducoes.com.br/
https://instagram.com/sobreumlivro/
www.sopaprimordial.com.br
www.talvezgeek.blogspot.com
http://tediosoc.blogspot.com
http://thedandelioninspring.blogspot.com.br
http://tpapertowns.blogspot.com.br/
www.trechosdelivros.com
www.universoliterario.com.br
http://blogvagandoedivagando.blogspot.com
www.vailendo.com.br
http://versificados.com.br/
http://www.viagemliteraria.com.br
http://www.viagensdepapel.com
www.viajenaleitura.com.br
http://vivendoentrepalavras.blogspot.com
www.wherethelightis.com.br
whosgeek.com/
whosthanny.com

testeCon*ite pra *ocê

untitled

Querido leitor, espero que valorize este post, pois a situação na qual me encontro para escrevê-lo é:

Em meu colo tento equilibrar Gabriel, 9 meses cvkjqjl (tapa dele no teclado), que olha para as letrinhas certo de que vai engolir todas, uma a uma, do A ao                                          (pezinho no espaço)                                Z . 

Ao meu lado, LUCAS – 8 A N O S: QUERO MINECRAFT (ele que escreveu). 

No meu pé direito, a cabeça de Nala está apoiada com os olhos virados para cima como queeeeeeeeeeeeeeeeeem (Gabriel teclando) sente pena. Muita pena. Eu a entendo.

Lucas pede licença para um recado:

POR ISSO DESCULPEM MINHA DINDA SE ELA ERRAR ALGUMA PALAVRA PORQUE O GABRIEL É PEQUENO E QUER OCUPAR O COMPUTADOR ENQUANTO EU ESTOU COMPORTADO ESPERANDO ELA COMPRAR O MINECRAFT.

Imparcial, né? Mas oks! 

Eu até pensei em gravar vídeor, mandwdar foto, enviar áucfdio ou só o convite mesmo, mas queria escredever pra ficar algo mais quente (UI. Eu seiLLLLL.)

Fato é que o llançAMEN    dddddddfdfffffffffffffffffffffffffffddfdfdfdfddfdffdfddfdf 

 

OI.
É O LUCAS.
GABRIEL GOLFOU.
MINHA DINDA FOI LIMPAR.
QUANDO CHEGAR ELA COMPRA O MINECRAFT.

d57tyhl  ( Gabriel ).

Retornamos porém já detectei que o golfo deixou sequelas no teclado perdi a   írgula e a letra que   em depois do U então pra facilitar   ou usar um “*” no lugar da letra perdida.

Bom *oltando ao assunto eu queria mesmo era chamar *ocês  toooooooooooooooooooooooooooooooooo- ia parar aqui mas Gabriel quer apertar mais – oooooooooooooooooooooooooo(CONTROLEI O DEDINHO!!!!!!!!!)dos pro lançamento do li*ro que *ai ser na li*raria Tra*essa (maldita letra pra perder neste momento) do Barrashopping dia 21 de Junho terça-feira às 19:30h!!!!!!

*ou ficar muuuuuuuito feliz em receber *ários amigos conhecidos colegas parentes e principalmente quem não conheço também porque afinal de contas fazer amizade é o meu forte *ocês podem compro*ar isso *endo minha relação com Gi Grazi Sandy Fê Lima e Angel(ica pra *ocês) — todas minhas BFF´S!!!!

———————————-    ——————

(Descobriu o tra*essão) 

ATENÇÃO: na falta da *írgula e daquela letra eu *ou botar aqui o con*ite físico mesmo pra todo mundo *er guardar e decorar as informações ok?!?!? ——————————-    ————–  –         —-

 

13308583_10154441839410579_5989085392876555393_o

 

É ISSO!!!!!!!! ESPERO TODOS LÁÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAacho queAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAGabriel agoraAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAquer realmente começarAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAa comerAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAo alfabeto AAAAAAAAAAAe já começou pelo AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAou seja já sei queAAAAAAAAAAAAAAAAna fralda mais tardeAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAencontrareiAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAliteralmenteAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAsopa de letrinhasAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAdeus!!!!!!

 

 

É O LUCAS.

MINHA DINDA *AI ME DAR MINECRAFT.

testeCauby no Golden Room

Cauby Peixoto na década de 1990. (fonte)

Cauby Peixoto na década de 1990. (fonte)

 

Em 1980, o cantor Cauby Peixoto festejou 25 anos de palco. Para aproveitar a efeméride e turbinar a carreira, que andava em baixa, gravou um disco repleto de novidades, como as músicas “Cauby! Cauby!” (o mesmo nome do álbum), de Caetano Veloso, “Bastidores”, de Chico Buarque, “Oficina”, de Tom Jobim, e “Brigas de amor”, de Roberto e Erasmo Carlos.

Após o lançamento do LP, o resultado ficou longe do esperado. Nem mesmo o especial realizado em setembro pela TV Globo para festejar a data conseguiu impulsionar as vendas. O programa não foi bem produzido e recebeu muitas críticas. Segundo a colunista do Jornal do Brasil Maria Helena Dutra, “nem festa de fim de ano de colégio de interior deve ser tão amador”. Para ela, só havia um ponto positivo no programa: a bela letra de Chico sobre a vida nos bastidores.

No mês seguinte, em outubro, foi feita uma nova ação para promover o disco, dessa vez no salão Assyrius do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A avenida Rio Branco foi fechada, o teatro, cercado por holofotes, e Cauby chegou precedido por batedores. O show foi um sucesso e reuniu o beautiful people da cidade — estavam lá, entre outros, Jorginho Guinle, Danuza Leão e Caetano Veloso.

O auge das comemorações de suas bodas de prata, no entanto, ainda estava por vir. Embalado pelo surpreendente estouro de “Bastidores” nas rádios, Cauby foi chamado para ser a estrela da reabertura do Golden Room do Copacabana Palace. A casa de espetáculos estava fechada desde o fim da década de 1960, e doravante estaria sob o comando dos empresários Clemente Netto e Ricardo Amaral.

Em noite de gala — o traje era black tie para os homens e longo para as mulheres —, o Golden Room buscou resgatar o glamour dos anos 1940. O salão foi totalmente redecorado pelo arquiteto Gilles Jacquard e suas instalações foram modernizadas. Os ingressos custavam 2 mil cruzeiros (aproximadamente 333 dólares) e, além do show, davam direito a jantar (o histórico picadinho de Octávio Guinle) em mesas à luz de vela e a dançar ao som de duas orquestras comandadas pelo Maestro Cipó.

O espetáculo foi aberto com Cauby cantando “New York, New York” e teve sua apoteose ao final, quando o Golden Room cantou em uníssono “Bastidores”.  Segundo o colunista social Zózimo Barrozo do Amaral, do Jornal do Brasil, Cauby só faltou fazer chover. Para o crítico de música do jornal, Tárik de Souza, o ano de 1980 marcou a “ressurreição fulminante” do cantor, que morreu no último dia 15, em São Paulo.

testeComo desarmar um número (ou comprar pasta de dente)

Por Bernardo Barbosa*

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Ilustração de Irving Geis

Se alguém perguntar a você o que vem à cabeça quando se fala em defesa pessoal, seu pensamento provavelmente formará imagens de um golpe certeiro para desarmar um assaltante com uma faca ou de uma aula de krav maga. Mas devo dizer que o livro Como mentir com estatística, relançado agora pela Intrínseca, talvez lhe seja mais útil.

Calma, querida leitora, querido leitor: não é o caso de recorrer ao seu exemplar para afugentar um trombadinha ou coisa do tipo. No entanto, quando números de origem obscura partem para o ataque e você não é um faixa preta da estatística, os ensinamentos desta obra clássica, escrita em 1954 e que desde então nunca saiu das livrarias, devem ajudá-lo a escapar são e salvo.

untitledComo mentir com estatística é assinado por Darrell Huff (1913-2001), um jornalista e escritor americano que nunca foi especialista em números. Isso não o impediu de fazer um livro leve, educativo e bem-humorado sobre um tema tão árido, levando ninguém menos que Bill Gates a dizer, em pleno 2015, que a obra era “mais relevante que nunca”. Segundo o magnata, o livro é um “lembrete oportuno, dado o quão frequentemente infográficos aparecem no seu Facebook e no seu Twitter atualmente”.

De fato, somos confrontados com estatísticas a todo momento, e não só nas redes sociais. Quem nunca se deparou com a proverbial propaganda da pasta de dente recomendada por oito entre dez dentistas? Ou abriu uma reportagem e leu que uma cidade está 20% mais violenta?

Huff mostra que fazer os números falarem o que se deseja pode ser tão tentador quanto colocar “espanhol intermediário” no currículo. Claro, isso pode acontecer por má-fé (a pessoa sabe que só fala portunhol, e mal) ou por um desconfiômetro baixo (a pessoa realmente crê que fala espanhol, apesar de não conseguir pedir um bife de chorizo em Buenos Aires). Seja qual for o motivo, quem acredita naquela informação errada será igualmente prejudicado, e o escritor explica passo a passo como isso acontece quando lidamos com estatísticas.

Por exemplo, no caso da propaganda da pasta de dente: é possível saber quantos dentistas foram entrevistados ou qual foi a pergunta feita a eles? Sobre a violência, que tipo de delito está sendo levado em conta? Que definições de “violência” estão sendo usadas? Qual a base de comparação?

Desconfiar de números tão certeiros, mostra Huff, nunca é demais – especialmente quando eles vêm acompanhados por um gráfico. Ah, os gráficos… Quase sempre coloridos, às vezes até animados, volta e meia cheios de nada. Os capítulos sobre gráficos são um ponto alto de Como mentir com estatística, e não é preciso voltar à década de 1950 para ver o que pode acontecer com leitores desprevenidos.

Em 2014, a renomada agência de notícias Reuters publicou um gráfico para mostrar o impacto de uma nova lei no estado americano da Flórida sobre o número de mortes por armas de fogo. Uma mera inversão de eixo fez com que ficasse praticamente impossível entender o que a ilustração queria mostrar. Além disso, como apontaram críticos, “a redução de uma estrutura causal complexa a apenas um fator é insatisfatória”.

Viaje mais alguns anos no tempo para chegar a 1982, quando Leonel Brizola e Moreira Franco eram os favoritos na corrida pelo governo do Rio de Janeiro. Naquele ano, pela primeira vez, a apuração dos votos seria informatizada. Em paralelo, veículos de imprensa montaram uma estrutura própria, com base nos dados oficiais, para chegar ao resultado da disputa.

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As eleições de 1982 no Rio de Janeiro, que quase foram fraudadas por estatísticas. (fonte)

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio contratou a empresa Proconsult para processar os dados das urnas. Ao mesmo tempo, o Jornal do Brasil e a Rádio JB tinham uma estrutura própria de contagem dos votos. A Proconsult deu prioridade às zonas eleitorais do interior, onde Moreira Franco era tido como favorito, e a TV Globo se fiou nos dados da empresa em sua cobertura. Já a Rádio JB investiu na capital, onde estavam a maioria dos votos no estado. Notou que ali Brizola liderava e depois conseguiu atestar sua vitória. A Globo nega ter dado favorecimento a Moreira Franco – então candidato do PDS, sucessor da Arena, o partido da ditadura militar. Suspeitas à parte, o fato é que a confusão colocou a apuração em xeque. No fim, após denúncias, admissão de erros e recontagens, Brizola foi reconhecido como vencedor do pleito.

Seja para ler corretamente um gráfico, entender o resultado de uma eleição ou não cair em armadilhas publicitárias, Como mentir com estatística é daqueles livros que mudam nossa forma de ver o mundo. Ainda tem a vantagem de contar com as ilustrações divertidíssimas de Irving Geis (também conhecido por seu trabalho na ilustração de livros e artigos científicos) e poder ser lido numa tarde na praia ou no parque. Melhor que krav maga.

 

Bernardo Barbosa é jornalista e agora pensa duas vezes na hora de comprar uma pasta de dente. Trabalhou no jornal O Globo e na agência de notícias Efe.

testeTerceiro livro da série Para todos os garotos que já amei

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Os leitores apaixonados por Lara Jean podem comemorar: o terceiro livro da série Para todos os garotos que já amei será publicado no ano que vem. O anúncio de Always and Forever, Lara Jean, ainda sem título em português, foi feito pela autora Jenny Han recentemente nas redes sociais.

Na continuação, Lara Jean está aproveitando ao máximo o último ano do ensino médio. O namoro com Peter está indo bem, seu pai finalmente vai se casar com a vizinha, Sra. Rothschild, e Margot estará de volta nas férias, a tempo de participar da cerimônia. Mas muitas mudanças estão prestes a acontecer. Apesar de Lara Jean estar se divertindo ajudando a organizar a festa do pai, ela não pode ignorar as grandes decisões que estão pela frente. Mais precisamente, escolher em qual faculdade vai estudar e descobrir como lidar com o impacto que essa resolução poderá ter em seu relacionamento com Peter. Lara Jean acompanhou de perto as consequências das decisões de Margot, e agora será sua vez de deixar para trás a família — e, possivelmente, o garoto que ama. Quando o coração e a cabeça dizem coisas diferentes, qual deles devemos ouvir?

O livro será lançado no Brasil pela Intrínseca simultaneamente com os Estados Unidos e está previsto para abril de 2017. Ansiosos?lara jean

testeO furacão chamado Destinos e Fúrias

Por João Lourenço*

Foto_Destinos_eFurias

A animação do verão ficou para trás, a luz da cidade desaparece rápido. As camadas de roupa aumentam e o humor diminui. Festas em rooftops e banhos de sol no Central Park são substituídos por festivais literários e grandes lançamentos na Broadway, nos cinemas e nas livrarias. Esse é o típico outono em Nova York: estação em que as pessoas procuram conforto e energia em atividades culturais. O calor da cidade renasce em peças, filmes e, claro, livros! E sempre há um favorito entre a enxurrada de lançamentos na cidade. Quando você percebe, todo mundo está segurando a mesma obra no metrô, em cafés e nos restaurantes. Amizades são formadas. Ano passado, algo curioso aconteceu: o favorito do outono se transformou no favorito do ano — um furacão chamado Destinos e Fúrias que atingiu todos os 50 estados americanos.

Do Instagram de celebridades como Miranda July e Sarah Jessica Parker às listas de melhores do ano dos grandes veículos, o romance estava em todos os lugares. A Amazon tornou oficial tamanha comoção e o nomeou o melhor livro publicado em 2015. Até a Casa Branca se manifestou: “Destinos e Fúrias é o melhor livro que li este ano”, sentenciou o presidente Barack Obama. Em seguida, a autora, Lauren Groff, tuitou: “Acabei de morrer, voltei à vida, reli o que ele disse e morri novamente. É isso: posso me aposentar.” Calma, Lauren, este é apenas seu terceiro livro.

untitledVamos lá: por que um livro sobre casamento mexeu com tanta gente? Não tenho resposta para essa pergunta, mas Lauren Groff começou a escrever Destinos e Fúrias tentando justamente responder aos próprios questionamentos sobre o assunto. “Quando se trata de casamento, sou ambivalente. É a melhor e a pior coisa do mundo. É um lugar seguro, mas também uma camisa de força”, explicou em entrevista para o site Gawker.
Em Destinos e Fúrias, os dois personagens principais são Lotto e Mathilde. Eles se conhecem em uma festa já no fim da faculdade. Mathilde é uma estudante solitária e de beleza um tanto excêntrica. Lotto é ator com um futuro promissor, carismático e rico. No impulso, eles se casam em duas semanas. Os primeiros anos são difíceis, mas a união se solidifica com o apoio de amigos e familiares.

Anos mais tarde, após sucessivos fracassos, Lotto se torna um dramaturgo famoso enquanto Mathilde passa a se dedicar exclusivamente ao sucesso do marido. Apesar do relacionamento causar inveja em muita gente, nem tudo é o que parece. Aqui, a autora nos lembra da máxima “no fim do dia, nunca sabemos com quem estamos dormindo” e analisa o casamento em um microscópio. “Desde o começo, eu sabia que escreveria algo que tivesse o clássico: ele disse vs ela disse. Cheguei a pensar que poderiam ser dois livros separados, mas isso não teria funcionado, no fim das contas”, disse para o Gawker. 

Os dois livros acabaram reunidos em um romance estruturado em partes distintas. A primeira, “Destinos”, narra os eventos sob a perspectiva de Lotto, e a segunda, “Fúrias”, de Mathilde. É assim porque Lotto é o mais dramático, aquele que o destino (a sorte de nascer com dinheiro e privilégios) favoreceu. E é dividido dessa forma porque Mathilde opera nos bastidores e nas sombras, guardando a maior parte dos segredos — os piores.

É preciso ler a versão de Lotto sobre Mathilde para compreender a versão de Mathilde sobre Lotto, mas não se trata de duas versões sobre a mesma história. Destinos e Fúrias compila as narrativas de dois personagens diferentes que têm apenas um detalhe em comum: são casados. “As duas partes do livro têm tons diferentes. Vejo Lotto como a Flórida, lugar em que nasceu: selvagem, verde luxuriante, ouro, luz do sol. Já Mathilde eu vejo como um azul muito frio”, afirma a autora.

A mudança na sonoridade e na estrutura de Destinos e Fúrias foi inspirada nas peças de Shakespeare. “Li muitas peças de Shakespeare. O que me fascina no seu trabalho é que ele é cômico e trágico ao mesmo tempo. Bastante poético e, às vezes, pega pesado”, contou à rádio NPR. As vozes do romance são distintas: a de Lotto é lírica e sonhadora, lembra a voz de um melhor amigo que conta histórias em volta de uma fogueira; a de Mathilde é áspera, direta e cruel.

Destinos e Fúrias é um livro que requer atenção e dedicação do leitor, apresenta uma estrutura complexa, linguagem afiada e tons variáveis. Porém, neste caso, a escritora criou um labirinto que seduz ao invés de assustar: sua narrativa é atraente a ponto de convencer o leitor a ser levado por todos os caminhos propostos.

Fui fisgado logo nas primeiras páginas. Quando começo um livro, penso no que a escritora Joan Didion disse: “Alguns romances devem ser devorados em apenas uma sentada.” Para minha surpresa, passei por essa experiência com o furacão que é o romance de Lauren. Li Destinos e Fúrias em uma sentada — com exceção de algumas paradas para devorar tudo que encontrasse na geladeira. A narrativa deixa um vazio no estômago, uma fome insaciável, faz você ficar ansioso e te leva a questionar das mais básicas às mais complexas questões sobre o significado não apenas de um casamento, mas de qualquer relacionamento.

 

João Lourenço é jornalista. Passou pela redação da FFWMAG, colaborou com a Harper’s Bazaar e com a ABD Conceitual, entre outras publicações estrangeiras de moda e design. Atualmente está em Nova York tentando escrever seu primeiro romance.

testeMergulhe na estranheza com Jeff VanderMeer

Jeff VanderMeer (Fonte)

Alternando pontos de vista, locais e épocas distintas, a série Comando Sul é uma das mais inovadoras obras de ficção científica dos últimos anos. Envolve o leitor em um mundo onde criaturas estranhas e fenômenos incomuns são norma, e cabe ao governo local buscar algum sentido nos acontecimentos em torno da região isolada do resto do mundo conhecida apenas como Área X.

Editor e autor premiado, Jeff VanderMeer já teve seus livros traduzidos para vinte idiomas e garantiram ao escritor três World Fantasy Awards, além de indicações para os prêmios Hugo e Bram Stoker. Ele cresceu nas Ilhas Fiji e hoje mora em Tallahassee, na Flórida, com a esposa. Publicou também pela Intrínseca a trilogia Comando Sul, cujo primeiro volume, Aniquilação, foi vencedor do Nebula de melhor romance em 2014.

Para apresentar a série, que chegará aos cinemas em 2017, fizemos uma entrevista exclusiva com o autor. Confira:

Que autores e obras literárias serviram como fonte de inspiração para a trilogia Comando Sul?

Quase 80% da trilogia reflete e é inspirada em minhas experiências do mundo real. O primeiro livro inteiro, por exemplo, tem como cenário uma trilha de 22 km do St. Marks Wildlife Refuge, aqui na Flórida. Várias experiências estranhas de trabalho influenciaram o segundo livro, Autoridade, e o terceiro volume reflete meu amor por diversos sítios naturais dos Estados Unidos. É difícil pensar em influências literárias, porque é muito provável que sejam todas inconscientes, já que passei anos estudando todo tipo de estrutura de narrativa. Virou tudo adubo para a parte mais profunda do meu cérebro, várias camadas de material sedimentar alimentando minha forma de fazer ficção de um modo que muitas vezes é invisível para mim. Então até posso dizer que amo A montanha morta da vida, de Bernanos; Os salgueiros, de Blackwood; ou qualquer livro de Angela Carter e Nabokov, mas não sei se faria muita diferença. Além disso, a trilogia contém tantos traços de thriller, de ficção científica e de weird fiction que cada leitor vê referências diferentes.

Qual é a sua relação com a produção do filme de Aniquilação? Você recentemente anunciou que Oscar Isaac fará parte do elenco… Tem mais alguma coisa que você possa compartilhar com os leitores brasileiros?

Bem, a expedição do filme de Garland conta com cinco membros, então ainda falta anunciar um ator. Além disso, a versão dele começa na agência Comando Sul, portanto tem mais três ou quatro membros da agência no elenco, e os atores em breve serão anunciados. Vi algumas fotos do set e gravações de testes ainda da pré-produção e acho que pode se tornar um dos filmes com cenários mais estonteantes que já vi. O tom geral e as paisagens serão bem parecidos com os do livro, mesmo que os eventos do roteiro sejam um pouco diferentes.

>> Leia também: filme de Aniquilação chega aos cinemas em 2018!

A série apresenta conceitos e temas que podem parecer muito complexos para quem nunca teve contato com o “New Weird”. Como apresentar a trilogia para novos leitores?

O que é “New Weird”? Nome de um perfume? Uma marca de produtos de supermercado? Bem, independentemente do que isso seja, posso afirmar que meus livros são sobre pessoas honestas tentando compreender o que não conhecem em meio a situações desesperadoras. Os livros tratam de expedições fascinantes em meio à natureza estranhamente “imaculada”, de burocracias ineficazes do governo e dos vários modos que tentamos — e não conseguimos — nos relacionar na era moderna. Além de tratar de como o insólito — o weird — está em todos os aspectos da vida cotidiana, a trilogia Comando Sul é — espero — uma história de aventura e mistério, um suspense que vai se construindo aos poucos.

Outro aspecto importante é a diversidade de personagens, uma vez que a maioria dos livros de ficção cai no clichê do homem branco hétero. O que o levou a quebrar esse padrão?

Nunca aderi ao padrão do personagem homem branco hétero, nem mesmo nos primórdios da minha ficção, durante a adolescência, porque um futuro só com gente branca parece bem bizarro e bastante improvável. No caso de Comando Sul, inclusive na agência secreta, os personagens refletem a diversidade do mundo como eu o vejo — e como o vi durante todos os anos de trabalho formal antes de ser um escritor em tempo integral. É mais uma reflexão do que uma tentativa de afirmação. Não fazer isso seria deixar de lado a diversidade e criar um falso retrato do mundo real. Dito isso, quando no primeiro livro eu ainda tinha quatro personagens sem nome, perguntei a mim mesmo se seriam homens ou mulheres. E achei que seria muito mais interessante se todas fossem mulheres, porque o mais comum é serem vários homens e uma mulher, ou algo do tipo. Então disse a mim mesmo: “Vão ser todas mulheres por enquanto, mas vou reconsiderar isso se as personagens não estiverem completamente formadas em uma semana.” Na manhã seguinte, porém, eu já sabia quem todas elas eram, suas vidas passadas e tudo o mais, então soube que tinha acertado.

 

Em Aniquilação, a bióloga usa seus sentidos para analisar a Área X, o que faz uma grande diferença. As descrições com frequência incluem sinestesia. Isso também é uma coisa que você experimenta, ou foi apenas um recurso para aumentar a sensação de estranhamento?

Ao entrar em contato com a natureza, eu já tive essa sensação de total epifania e felicidade que a bióloga vivencia em alguns momentos de Aniquilação. Lugares como esses me proporcionam uma fonte de conforto e a sensação de que tudo está correto. Isso acontece sobretudo em paisagens costeiras, porque fui criado em Fiji. Acho relevante dizer que algumas das características e experiências consideradas estranhas em relação à bióloga são coisas que todos nós experimentamos em diversos momentos da vida. Às vezes acho que isso acontece quando entendemos como as coisas deveriam ser e as relacionamos com como elas são, e às vezes acho que é porque, de certa forma, nossos cérebros sabem do que precisamos — temos sentidos tão limitados, e de vez em quando algumas coisas pairam no limiar do alcance desses sentidos nos impelindo a ver o mundo de uma forma mais ampla. Nesses momentos, quando percebemos isso, tudo parece mais brilhante.

trilogia

Uma das características mais impressionantes da série é a forma como o ponto de vista muda ao longo dos livros — indo da primeira pessoa em Aniquilação para a terceira em Autoridade, e incluindo muitos pontos de vista diferentes em Aceitação, inclusive a segunda pessoa. Isso foi planejado desde o princípio, ou algo criado no processo? Quão desafiador foi escrever a mesma história de tantas perspectivas?

Em certa medida, eu não tinha como *não* mudar de ponto de vista. Nunca escrevi o mesmo livro duas vezes, e seria chato escrever Aniquilação três vezes, por assim dizer. Além disso, ao criar uma série de livros sobre algo além da capacidade de compreensão humana, queria os personagens mais intrinsecamente falhos — ainda que intensamente humanos — que eu pudesse criar para contrabalancear o desconhecido. E eu queria que o conhecimento do leitor acerca do mistério central fosse se desenvolvendo através das diversas experiências dos personagens. Odeio livros em que tudo acaba muito bem explicado, como uma apresentação. E odeio livros em que um personagem tem uma epifania pouco realista e resolve o mistério do nada. Por isso os diversos pontos de vista ajudaram. A segunda pessoa funcionou bem para narrar um personagem que é basicamente um fantasma, mas, além disso, a composição foi muito importante para o terceiro livro. Não é só um recurso inteligente. De muitas maneiras, é o mais próximo que podemos chegar da Área X.

testeUma playlist espacial para Garoto21

“O espaço é o lugar.”

space is the chegada de gráfica

Sun Ra foi um músico de jazz que acreditava na chamada filosofia cósmica: ele se dizia um habitante de Saturno, deixou de usar seu nome verdadeiro e passou a investir num estilo musical que influenciaria o Afrofuturismo.

É a figura de Sun Ra que o autor Matthew Quick utiliza como referência para o personagem de Russell Allen, que após um trauma familiar começa a acreditar ser uma criatura vinda do espaço para aprender sobre os sentimentos humanos. Ao longo de Garoto21, Finley McManus é o jovem escolhido para tentar trazer Russ de volta à realidade. Além do basquete, os dois jovens se conectam através da música.

Inspirado nas canções do livro, preparamos uma playlist especial sobre a relação de Russ e Finley. Repleta de músicas sobre o espaço, a lista vai do rap ao pop, passando por alguns dos clássicos do rock:

Além da playlist, cabe uma menção honrosa a Space Jam: O Jogo do Século, filme de 1996 no qual Michael Jordan joga basquete contra alienígenas.

testeEscolha seu final feliz

Desde que participara da celebração das bodas de ouro dos pais, ela se emocionava com quase tudo. Qualquer gesto de gentileza, como um homem abrir a porta do carro para a esposa grávida, ou a mais corriqueira expressão de afeto, como um bilhete tão simples quanto o de “bom trabalho” que a chefe lhe deixara, era motivo para seus olhos lacrimejarem e sua voz ficar embargada. Tentava, sempre, controlar-se.

Ele sabia que havia sido negligente com a ex-esposa, é incrível que as pessoas possam parecer tão comuns quando estão por perto. Oito anos se passaram e agora, bem agora, ela escrevera um livro. Não era sobre eles, não podia ser, mas ele se sentia como se fosse. Apaixonou-se de novo, dessa vez pelas letras. Quando a gente é jovem, acha que vai encontrar um número infinito de pessoas especiais. À medida que envelhecemos, descobrimos que elas existem em quantidade limitada.

Sentada no canto direito do Lumio, seu café preferido em Buenos Aires, ela se perguntava se aceitar esse convite para mais um encontro às escuras — na verdade, já tinha visto fotos dele no celular — fora uma boa ideia. Depois de anos mantendo-se aberta, conforme lhe dizia sua mãe, só conhecera pelos aplicativos três tipos: impertinentes, cafajestes e casados. Dessa vez, insistira para que ele viesse até seu território. Se tudo corresse muito mal, ela se levantaria em vinte minutos e voltaria para sua maratona de séries de TV.

O chá dele estava bem quente, era bom colocar a mão em volta da xícara. Nos últimos tempos, começara a fazer coisas que nunca havia feito, até a tomar chá. Aos trinta e até mesmo aos quarenta, fugira de tudo o que podia ser permanente. Aos cinquenta, tudo o que queria era algo a que se agarrar. Comunicara-se com a ex uma vez, elogiando-a. Recebera uma resposta educada. Esperava mais e decepcionou-se. Era grande e forte, sempre forte. Agora sentia-se pequeno.

Talvez o efeito das bodas de ouro dos pais sobre ela residisse no fato de que sempre buscara finais felizes mirabolantes, épicos, cinematográficos. Na verdade, o desfecho perfeito sempre estivera ali, bem na sua frente. Sentia-se cega por não vê-lo antes, mas amparada porque entendia ser capaz de construí-lo.

Impaciente, sem tempo a perder, ele manda uma mensagem para o celular dela — e ouve o barulho do aparelho recebendo-a, a poucos metros de distância, ali naquele café. Os dois se olham, por dois ou três segundos. Sorriem. Ele é o mesmo homem da foto. Um pouco mais velho, ainda grande e resistente, porém um tanto cansado. Ela, estranhamente, não acha isso ruim.

Ele se levanta. Ela observa a xícara de chá pequenina naquelas mãos gigantes e as pulseiras de couro que parecem ter estado sempre ali. Ele repara no suéter escuro dela, com bolinhas claras, no cachecol leve e azulado ao redor do pescoço e gosta do seu sorriso tímido. De repente, forma uma memória boa de alguma coisa que nunca viu. Ela sente algo, e é bom. Ele sente algo, e é bom — e inexplicável — também.

testeMergulhe no caos como se fosse 1992

Por Pablo Rebello*

A California Highway patrolman directs raffic around a shopping center engulfed in flames in Los Angeles, 30 April 1992. Riots broke out in Los Angeles, 29 April 1992, after a jury acquitted four police officers accused of beating a black youth, Rodney King, in 1991, hours after the verdict was announced. (Photo credit should read CARLOS SCHIEBECK/AFP/Getty Images)

A primeira vez que ouvi falar em Todos envolvidos foi numa conversa de bar com o pessoal do trabalho. Um amigo me recomendou a leitura, dizendo que o livro era a minha cara, seja lá o que isso quer dizer. Dei corda para saber um pouco mais sobre a trama. Ele me contou que a história se baseava em fatos reais, nas revoltas que tomaram as ruas de Los Angeles após a Justiça absolver três policiais que espancaram um taxista negro no início dos anos 1990, com foco nas gangues que se aproveitaram do caos para realizarem os próprios acertos de contas. Pedi mais uma cerveja ao garçom. O assunto parecia interessante.

Naturalmente, quis saber mais sobre o livro, então perguntei detalhes da história, momento em que meu amigo se embolou um pouco. Primeiro, por não querer me dar spoilers, o que acho muito justo. Aproveito para dizer que também não farei isso aqui. Afinal, não quero estragar a diversão de ninguém. Segundo, pelo livro não ter uma narrativa tradicional, mas podemos falar disso daqui a pouco. O que importa é que a conversa me deixou intrigado.

Eu me lembrava vagamente das revoltas de 1992 em Los Angeles. Na época, eu não passava de um pré-adolescente que ainda estava descobrindo o mundo e não compreendia bem a relevância daquelas notícias bombásticas. Tudo que eu via na televisão eram cenas de violência, lojas pegando fogo e nuvens de fumaça enormes. Podia ser um filme, se não estivesse passando no Jornal Nacional (ainda assistíamos a TV aberta naqueles tempos). Se fiquei preocupado foi só por ver o impacto que tais matérias provocavam em meus pais. Seja como for, as imagens ficaram gravadas na minha cabeça. Talvez até tenham influenciado, de forma subliminar, a minha decisão por cursar jornalismo, embora até eu admita que esteja forçando um pouco a barra nesse ponto.

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Menciono isso pelo fato de, quando estava na faculdade, ter flertado com a ideia de me tornar correspondente de guerra. Não lembro exatamente por quê. Pode ser que estivesse apenas atrás do lado com mais adrenalina da minha profissão. Acabou que o destino me levou a conhecer outra zona de guerra muito mais próxima da minha realidade: o jornalismo policial. Por anos, frequentei delegacias, cenas de crimes, subi morros, entrei em favelas, entrevistei policiais e bandidos, recebi uma dúzia de ameaças e conheci famílias devastadas pela violência urbana. Não sinto saudades de nada daquilo. Mas reconheço a importância que tais experiências tiveram na minha formação. E acabo me interessando por livros, filmes e séries que se aprofundam nesse universo criminal.

211319todosenvolvidosLogo, mesmo sem o título cair nas minhas mãos quando chegou ao departamento de comunicação, fui atrás para descobrir do que se tratava. E bastou ler o primeiro capítulo para perceber que devoraria o livro em bem pouco tempo. A narrativa de Ryan Gattis me pegou de jeito. Além de ser crua e visceral, tem um tom confessional, como se os personagens estivessem me contando seus segredos mais íntimos enquanto reagiam ao caos que se espalhou por Los Angeles. De repente, me vi embrenhado naquela realidade violenta e assustadora, compreendendo a revolta de uns e me indignando com o oportunismo de outros.

Também compreendi a dificuldade do meu amigo em me passar uma sinopse do livro. Não é fácil resumir uma experiência como a que Ryan Gattis oferece em Todos envolvidos. A história segue uma cronologia linear, no sentido de que cobre seis dias de revoltas e tumultos, mostrando tanto a instalação do caos como a sua inevitável extinção (e isso não é spoiler, antes que apontem o dedo para mim). Só que isso não é feito seguindo os passos de um protagonista específico ou por meio de histórias que apenas utilizam o mesmo cenário e momento para se desenvolverem. Isso é feito conectando todos os personagens, de modo que tenham o seu lugar ao sol e vejamos como cada um influencia a vida do outro. Dizer mais do que isso seria flertar com a zona de spoilers.

Demorei uns quatro dias para terminar a leitura porque decidi ler sem muita pressa, saboreando os detalhes e as conexões entre os capítulos. Quando virei a última página e fechei o livro, contemplei a capa mais uma vez, pensando em todos os pontos de vista que me foram apresentados naquela jornada por uma Los Angeles em pé de guerra, e fiz algo que não faço com frequência: suspirei. Eu sentiria falta daqueles personagens, de suas histórias, suas perdas e suas dores. Eu refletiria sobre as desigualdades sociais e econômicas que criam barreiras entre as pessoas não só em L.A., mas em qualquer cidade que já tive oportunidade de conhecer. Eu pensaria sobre o Brasil e tudo pelo que passamos nos últimos anos.

Eu me conectei com o livro. No fundo, acho que isso é tudo que importa. Por se basear num evento real, por não se apoiar em nenhum protagonista específico, por me colocar na pele de cada um dos seus 17 personagens principais, por tudo isso e muito mais, tiro meu chapéu para Ryan Gattis e sua prosa provocadora, imersiva e iluminada pelas chamas de coquetéis molotov jogados em vidraças de consciências desavisadas. Obrigado por me envolver nessa armadilha literária montada com tanto cuidado. E boa leitura para aqueles que se arriscarem por essas perigosas páginas.

Pablo Rebello é assistente de Comunicação na Intrínseca e escritor nas horas vagas. Participou das coletâneas Contos da Confraria (Ed. Bookmakers) e Dragões (Ed. Draco) e é autor do e-book Deserto dos desejos (disponível na Amazon).