Clóvis Bulcão

O Copacabana Palace e João Gilberto

15 / agosto / 2016

Sylva Koscina, João Gilberto, Tom Jobim and Mylene Demongeot in Copacabana Palace, 1962

Cena do filme “Copacabana Palace”, que teve participação de Tom Jobim e João Gilberto (Fonte)

O pesquisador João Carlos Rodrigues publicou em seu Facebook dois trechos de Copacabana Palace, filme italiano de 1962 dirigido por Steno Vanzina, cujo título original é Girl Game (assim mesmo, em inglês). O elenco, segundo Rodrigues, tem algumas starlets europeias, como as belas Sylva Koscina, italiana, e Mylène Demongeot, francesa. Do lado brasileiro, participam dois grandes nomes da MPB: Tom Jobim e João Gilberto. Trata-se de uma comédia romântica com três histórias entrelaçadas.

Em um dos trechos postados, os dois estão na praia da Barra, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ainda bem jovens, contracenando com as atrizes. Tom e João Gilberto aparecem dublados, falando em italiano. Assim que li o post e vi a cena me lembrei de um telefonema que recebi de um jornalista de São Paulo não tem muito tempo.

Em novembro de 2015, João Gilberto foi passar uma temporada no Copacabana Palace. Segundo a imprensa, o motivo da hospedagem era o mais insólito possível. Ele teria se mudado porque mantinha uma relação dúbia com os vizinhos, oscilando entre a cordialidade e os problemas com a vigilância sanitária. Conhecido por ser um tanto recluso, o músico não permitia a entrada de quase ninguém em seu apartamento, no Leblon. Entre os moradores do prédio corre a história que de seu apartamento, na rua Carlos Góis, na esquina da praia, exalava um terrível mau cheiro.

O jornalista que me ligou queria saber como ele poderia entrar no hotel para se aproximar do cotidiano de João Gilberto. Eu não sou biógrafo do Copa, mas da família Guinle, seus fundadores e ex-proprietários, e não tenho nenhuma relação com os atuais donos. Mesmo assim, dei algumas dicas.

A postagem de João Carlos Rodrigues me tocou bastante. A cena da praia me fez lembrar do cheiro de maresia, das areias cheias de tatuís, da alta qualidade musical que a cidade inspirava e de um Rio de Janeiro mais naif e cordial.

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