testeAbaporu, prazer

Do sol ao solo, a figura de cabeça encolhida se expande sem se mexer. Nessa tela, tudo é solidão; uma solidez estática. Na presença desse momento, o que se vê é a ausência de movimento. Há um cacto, um astro, um chão e um personagem disforme, desengonçado, desproporcional: Abaporu, prazer.

Sem dúvida, Abaporu é a figura mais famosa da Tarsila do Amaral. Quiçá, a obra brasileira mais reconhecida internacionalmente. É a pintura que, de certa forma, inaugura a presença do antropofagismo na arte da madrinha do modernismo nacional. Criado em 1928, o quadro foi um presente para o então marido da artista, o escritor Oswald de Andrade. Eles decidiram nomeá-la Abaporu, a palavra tupi-guarani que representa “homem que come”. O batismo traz essa ideia de comer as referências externas e regurgitar em algo brasileiro — conceito de todo o Movimento Antropofágico.

Chama atenção o crânio pequeno encaixado em um corpo agigantado. Observa-se a valorização da potência braçal, do esforço físico do indivíduo e, ao mesmo tempo, o esvaziamento do pensamento, da cultura no ser. Como se este fosse condenado a não pensar ou a pensar exclusivamente em produzir sem questionar. Não há o equilíbrio psíquico e físico que todos devemos buscar: mente sã, corpo são. Aqui, tudo é tão desencaixado. A mente está visivelmente exausta, encolheu. O restante corpóreo permanece imenso, imerso na busca de força para se levantar.

Outro ponto que puxa a atenção dos meus olhos é a secura de todos os elementos representados por Tarsila. O indivíduo é árduo nesse desenho árido. Abaporu é um gigante abaixado e solitário; solidário ao sol, ao chão e ao cacto. Sua cabeça, lá no alto, encosta no céu: seu semblante é cansado. Seu rosto tristonho está mais distante do solo. A lágrima, assim, demora mais a cair. A dor parece desproporcional à esperança. O cenário não transparece nenhuma alegria. Ainda assim, esse ser sobrevive nesse espaço ausente.

Abaporu sou eu, Abaporu é você. Estamos todos tortos e isolados, mas esperançosos de que o tempo gauche irá se endireitar. E, quando tudo isso passar, não seremos mais os mesmos. O gigante (o povo!) precisa se reerguer de verdade dessa vez e só se curvar novamente se for para estender a mão aos que demoraram um pouco mais para entender que juntos somos imensuráveis!

testeMinistro do Supremo Luís Roberto Barroso lança olhar sobre o Brasil e o mundo no próximo livro do selo História Real

Conhecido por sua atuação corajosa, lúcida e comprometida com o interesse público como Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso é um estudioso das grandes questões da vida brasileira e mundial.

Em Sem data venia: um olhar sobre o Brasil e o mundo, Barroso escreve pela primeira vez para um público amplo, não acadêmico, sobre nossos problemas mais candentes: a desigualdade, a polarização político-ideológica, a perda de representatividade dos partidos, os desafios na preservação do meio ambiente e na educação, o racismo estrutural e as ameaças à liberdade de expressão.

Luís Roberto Barroso aborda estas questões sob uma perspectiva própria, fundamentada em evidências e de amplo horizonte, sem escamotear a gravidade dos problemas ou a urgência de os enfrentarmos. Mas também enfatiza o quanto avançamos nas últimas décadas e afirma que somos, sim, capazes de encontrar o caminho para uma sociedade justa, próspera e moderna. Nas palavras dele,

“o Brasil vive um momento de refundação. Há uma velha ordem sendo empurrada para a margem da história e uma nova ordem chegando como luz ao final da madrugada. Não me refiro a governos, sejam eles quais forem, mas à cidadania e suas novas atitudes. O dia começa a nascer quando a noite é mais profunda. A claridade, porém, não é imediata. A elevação da ética pública e da ética privada no Brasil é trabalho para mais de uma geração. A notícia boa é que já começou”.

A obra, que já está em pré-venda, chega às livrarias a partir do dia 7 de dezembro e é a terceira publicação do História Real, selo de não ficção da Intrínseca dedicado aos grandes debates nacionais. Editado por Roberto Feith, o selo também conta com os títulos Liberdade igual e O caminho do centro, ambos já disponíveis.

testeComo nossa casa nos define

Por Naotto Rocha*

Se você fechar os olhos e se concentrar, é capaz de se lembrar de detalhes dos lugares onde já morou? Cada cômodo, móvel, quadro, cada marca na parede, no chão, nas memórias. Talvez você não perceba, mas todos somos moldados pelos lares onde vivemos, um conceito que durante o período de distanciamento social possivelmente se tornou um pouco mais claro. Quando a maior parte do planeta se recolheu e se isolou dentro de quatro paredes, a pressão exercida por elas pode ter aumentado ou diminuído. Varia de caso a caso, ou de casa a casa.

Lembro que, quando criança, cheguei a pensar que eu nunca me mudaria. Que eu nunca abandonaria a casa que meus pais levaram décadas para construir do zero. Que eu nunca mudaria. E ainda bem que estava errado. Mesmo que sem perceber, experimentamos esse movimento diretamente proporcional: nossas casas nos definem tanto quanto cada fase de nossa vida define nossa casa. A vida é movimento: não deveríamos ficar parados por muito tempo.

E é isso que os personagens de A Casa Holandesa se recusam a aceitar, ou ao menos admitir. Depois que os irmãos Conroy, os protagonistas da história, são expulsos pela madrasta da casa onde passaram grande parte da infância, os dois se veem abandonados e logo descobrem que só podem contar um com o outro. Embora tenham personalidades bem diferentes, Danny e Maeve só se sentem confortáveis quando estão juntos e, durante décadas, continuam visitando a rua de seu antigo lar para reviver e observar o passado e eventualmente refletir sobre o futuro.

Li o livro de Ann Patchet no começo do ano, quando ele saiu no intrínsecos, o clube do livro da Intrínseca, um pouco antes de a pandemia se instalar. E, se já naquela época eu havia gostado da leitura, hoje posso dizer que a acho ainda melhor. Quase nunca pensamos em como o lugar onde vivemos pode ser uma prisão ou nosso passe livre para a liberdade até que não reste escolha a não ser confrontá-lo.

“Eu sentia a casa inteira sentada em cima de mim como uma concha que eu teria de carregar pelo resto da vida.”

Para Danny, a Casa Holandesa era um fardo, uma lembrança constante de seu passado feliz que havia adquirido um gosto amargo com o tempo. Para Maeve, talvez fosse um conforto, uma afirmação de que haviam superado as dificuldades e vencido o destino. De qualquer forma, a construção era para ambos um monumento de suas próprias vidas — quando a encaravam, confrontavam versões passadas de si. E olhar para o passado com os olhos de quem somos no presente é incômodo.

Não sei se você teve oportunidade de visitar lugares onde morou depois de alguns anos, mas eu já. Por mais que eles conservem a arquitetura e até alguma decoração dos tempos antigos, o sentimento é… esquisito. É a sua casa, mas não é; é o seu quarto, mas o de outra pessoa também. Todos os móveis e cômodos parecem gritar isso: seu tempo aqui acabou. Porque você se mudou e, principalmente, porque você mudou.

E talvez isso seja bom. Pensar que outras pessoas, outras famílias, vão construir suas vidas e lembranças naquele lugar me consola porque lembro que ali também construí muitas coisas. Em outra casa, outro tempo. Um outro eu. Coisas que hoje moram, em mim, assim como já morei nelas.

“Eu vejo o passado como ele realmente aconteceu. Mas nós sobrepomos o presente a ele. Olhamos para o passado pela lente do que sabemos agora.”

 

* Naotto Rocha já mudou de casa duas vezes e atualmente planeja uma terceira mudança. Dentro de si, já perdeu as contas de quantas vezes mudou.

 

Ouça o nosso podcast sobre o livro:

testeSorteio Twitter – Bookplate Stephenie Meyer [ENCERRADO]

Vocês estão preparadas, Crepusculetes? Nossa querida Stephenie Meyer assinou bookplates exclusivos para celebrar a chegada de Sol da meia-noite e você pode ser um dos 15 sortudos que vão levar um deles para casa.

Para participar do sorteio, você precisa seguir o nosso perfil (@intrinseca), compartilhar essa imagem no FEED do seu Twitter PUBLICAMENTE e preencher o formulário abaixo!

Atenção:

– O sorteio será apenas do bookplate. Livro não incluso.

– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

– Você pode se inscrever no sorteio do Instagram e Facebook também, é só seguir as regras.

– Você pode comentar mais de uma vez no post, mas não pode repetir os amigos marcados.

–  Ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “Seu formulário foi enviado com sucesso”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição.

– Se você já ganhou um sorteio nos últimos 7 dias no Twitter, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 19 de outubro, segunda-feira, em nosso perfil no Twitter. Boa sorte!

testeSorteio Facebook – Bookplate Stephenie Meyer [Encerrado]

Vocês estão preparadas, Crepusculetes? Nossa querida Stephenie Meyer assinou bookplates exclusivos para celebrar a chegada de Sol da meia-noite e você pode ser um dos 15 sortudos que vão levar um deles para casa.

Para participar, marque DOIS amigos nos comentários do post no Facebook e preencha o formulário abaixo!

Atenção:

– O sorteio será apenas do bookplate. Livro não incluso.

– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

– Você pode se inscrever no sorteio do Instagram e Twitter também, é só seguir as regras.

– Você pode comentar mais de uma vez no post, mas não pode repetir os amigos marcados.

–  Ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “Seu formulário foi enviado com sucesso”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição.

– Se você já ganhou um sorteio nos últimos 7 dias no Facebook, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 19 de outubro, segunda-feira, em nosso perfil no Facebook. Boa sorte!

testeSorteio Instagram – Bookplate Stephenie Meyer [Encerrado]

Vocês estão preparadas, Crepusculetes? Nossa querida Stephenie Meyer assinou bookplates exclusivos para celebrar a chegada de Sol da meia-noite e você pode ser um dos 15 sortudos que vão levar um deles para casa.

Para participar, marque DOIS amigos nos comentários do post no Instagram e preencha o formulário abaixo!

Atenção:

– O sorteio será apenas do bookplate. Livro não incluso.

– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

– Você pode se inscrever no sorteio do Facebook e Twitter também, é só seguir as regras.

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–  Ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “Seu formulário foi enviado com sucesso”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição.

– Se você já ganhou um sorteio da Intrínseca nos últimos 7 dias no Instagram, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 19 de outubro, segunda-feira, em nosso perfil no Instagram. Boa sorte!

testeComo o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes escancarou o submundo do crime carioca

No dia 14 de março de 2018, a vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram vítimas de uma emboscada no bairro Estácio, no Rio de Janeiro. Eleita com mais de 40 mil votos, Marielle foi alvejada por tiros disparados de dentro de um Cobalt prata. Os assassinos seguiram o carro em que ela estava com Anderson e sua assessora desde a rua dos Inválidos, na Lapa, onde ela havia participado de um evento, até a rua Joaquim Palhares, na região central da cidade.

As mortes de Marielle e Anderson viraram notícia no mundo inteiro e causaram grande comoção nacional. Quem seriam os responsáveis pelos disparos fatais e, principalmente, quem foram os mandantes?

A cada nova descoberta, as investigações do crime, que ainda estão em andamento, revelam uma complexa rede de crime organizado que há décadas controla territórios no Rio de Janeiro, composta por traficantes, milicianos, assassinos de aluguel, bicheiros e torturadores egressos dos porões da ditadura. A noite do duplo homicídio de Marielle e Anderson pode ser a ponta de um iceberg de dimensões ainda não calculadas.

No livro Mataram Marielle, os premiados jornalistas Chico Otavio e Vera Araújo mergulham nas investigações do caso, construindo uma linha do tempo que ajuda a conectar todos os acontecimentos, descobertas e progressos ocorridos desde 2018. Além disso, os autores compartilham suas experiências na cobertura do caso, oferecendo uma versão inédita dos bastidores das apurações, pesquisas e entrevistas feitas nos últimos dois anos e meio.

O livro chega às livrarias em 17 de novembro e já está em pré-venda.

testeComo não ser um viciado em Instagram (ainda mais na pandemia)

Por Filipe Vilicic

Já se pegou arrastando para baixo a página do Instagram por tanto tempo que nem se lembrava mais por que havia acessado o app uns vinte minutos antes? De repente se está na aba Explorar, entre uma foto antiga do David Bowie com a Rita Lee, uma tirinha da Turma da Mônica, a capa de uma revista de moda, um grafite do artista @sitoumatt (que eu não conhecia) e fotos de jovens modelos de roupas transparentes, mostrando os mamilos por trás de uma lingerie ou de uma camiseta molhada. Sobre esse último, dei um google e descobri que a coisa teve origem em um movimento iniciado por uma top model, por uns retratos que ela fez de camiseta molhada para a Sports Illustrated com a mensagem “Do my nipples offend you?” (“Meus mamilos te ofendem?”).

(Isso pois o Instagram proíbe a exibição de mamilos femininos. Masculinos, tudo bem. Em julho do ano passado, tive um papo um tanto nonsense sobre esse assunto com uma doutora em sociologia que trabalhava para o Facebook, por meio de uma firma terceirizada em Barcelona, na Espanha, monitorando usuários e avisando ou punindo aqueles que infringem regras da rede social. Ela, que se declarou feminista, falou que é difícil ter de proibir posts com os quais ela concorda, como de mulheres do Femem protestando com os seios à mostra.)

Quando você mergulha muito tempo no Instagram, fica assim, cheio de parênteses. É difícil focar em uma coisa só. Percorre-se uma centena de imagens, uma ou outra lhe toma mais a atenção e lhe faz resgatar memórias, das boas ou das ruins… esquece-se da vida. As redes sociais são saborosas. Mas também são viciantes e alucinógenas. À caça de curtidas e comentários, repito, esquece-se do resto da vida. Da realidade.

Em 2017, um estudo de pesquisadores da Universidade de Seul, na Coreia do Sul, atestou, por meio de análises de ressonâncias magnéticas do cérebro de viciados em tecnologia, que essa dependência causa reações químicas similares às de drogas como a cocaína. Quem usa apresenta maior tendência a síndromes psíquicas como depressão, ansiedade, pânico.

Como já me disse, em uma conversa recente, o professor da USP Wagner Souza e Silva — com quem tive aulas sobre “imagens técnicas” —, aparelhos como redes sociais, ou smartphones, têm a função de “estruturar a realidade, assim atuando na reconfiguração do cotidiano e na construção de nossas relações”. Ao mesmo tempo, “nos ajudam a fugir da realidade, o que tem ganhado outra magnitude nessa época de quarentena”.

A pandemia levou ao isolamento, que levou ao maior uso de tecnologias como redes sociais, que podem se tornar viciantes como entorpecentes. Justo ter aumentado a utilização, já que as telas e os apps passaram a representar, para muitos, a única forma de falar com o melhor amigo, com familiares, com colegas de trabalho. Aplicativos como o WhatsApp tiveram crescimento de 40% no acesso logo em março, no comecinho da pandemia. Nota-se no dia a dia como cresceu a presença dessas tecnologias todas. Estamos bem mais mergulhados na realidade virtual. Sairemos facilmente dela? Ou será cada vez mais difícil cortar essa relação, mesmo que por uns minutos?

Capa

Em meu livro O clique de 1 bilhão de dólares, sobre os bastidores da criação do Instagram e que ganhou uma segunda edição pela Intrínseca, mostro como redes sociais e apps são pensados desde o início para atrair a nossa atenção, tomar nosso tempo, nos viciar. Isso está no DNA deles. Eles só fazem mal? Claro que não. Há muitos pontos positivos em pertencer a uma comunidade virtual como o Instagram. Só é preciso também considerar os contras, os poréns, o quanto as imagens podem nos ludibriar, como essas redes mexem com a cabeça para nos viciar. Deve-se ter cautela como um adicto com drogas: seja uma dose de uísque, um pega num cigarro de maconha ou uns posts no Instagram.

Nos últimos meses se tornou assunto um documentário da Netflix exatamente sobre essa nova dependência, a em substâncias digitais como Instagram, Facebook e Twitter. O Dilema das Redes é um tanto alarmista em uns pontos, lembra teorias apocalípticas do passado como a malthusiana, tem uma narrativa de dar sono, mas toca em problemas importantíssimos para nós, que vivemos em 2020. Chega até a relacionar o abuso desses sites e aplicativos ao crescimento de suicídio entre adolescentes.

“Bilhões de dólares são investidos por essa indústria para mexer com a mente das pessoas. Para que, ao se conectar em uma rede social, você perca o controle sobre si e não consiga parar de descer a barra de rolagem”, disse-me Tristan Harris, em entrevista em 2016, antes de o rosto dele ficar pop por protagonizar o documentário da Netflix. Tristan é um ex-designer topo de linha da Apple e da Google que abandonou a carreira que seguia por ter pesado na consciência o fato de que desenhava produtos cujo intuito era viciar as pessoas. Ele compara as redes sociais a drogas ilícitas e a máquinas caça-níqueis de cassinos.

É conversa que me interessa por eu ser também um adicto em tecnologias. Desde meus 13 anos, quando, para fugir de um problema familiar, passava dias e dias hipnotizado em frente ao videogame e ao computador (quando a internet ainda era discada), isso ao longo de uns dois anos de minha vida — e continua a ser um desafio controlar esse vício. Até por esse motivo que acabei por questionar Tristan, assim como vários outros, a exemplo do criador do Instagram, o brasileiro Michel Krieger, e do fundador da Atari, Nolan Bushnell, sobre como eles criaram inovações fantásticas, mas perigosamente viciantes.

Nessas conversas, perguntei: “E como não viciar?” Com as respostas, criei uma lista de dicas, que procuro seguir para ter maior controle das tecnologias do que elas de mim (difícil sair vitorioso brincando com máquinas caça-níqueis de cassinos). Compartilho cinco dessas medidas:

1. Instale programas que cronometram o tempo de uso de apps e de internet. Há aplicativos próprios para isso, assim como algumas ferramentas de contagem de tempo nativas das redes sociais, como no Instagram. Para não abusar, coloque um limite diário e faça com que o programa te avise quando alcançar esse limite;

 

2. Jamais leve celulares, tablets, notebooks, qualquer tecnologia conectada com a internet (no ideal, nem uma TV), para o quarto. Não dar atenção ao(à) parceiro(a) para checar notificações no celular já tem sido até motivo de divórcio;

 

3. Evite acessar e-mails, principalmente de trabalho, à noite ou fora do horário de expediente. Limite redes sociais a no máximo uma vez ao dia. Permita-se até uns dias distante do WhatsApp;

 

4. Não confira o celular antes de dormir, mantenha-se longe de telas pelo menos algumas horas antes de ir para a cama. O descanso será melhor. Ao acordar, não pegue logo o smartphone, como a primeira coisa a se fazer no dia. Levante-se, arrume-se, tome café da manhã, desperte antes de encarar a realidade virtual;

 

5. Fique um tempo sem redes sociais. Comece com horas, prolongue para dias. Se conseguir, sem qualquer acesso a internet. O detox vale a pena.

 

Se sentir que a tecnologia está tomando demais sua vida, te prejudicando, afetando relacionamentos, pense ainda em procurar ajuda. Já há psicólogos e psiquiatras especializados no tratamento desse novo tipo de vício, que leva a depressão, ansiedade, pânico, transtorno dismórfico corporal, entre outros distúrbios cujos nomes são cada vez mais familiares aos ouvidos dos que vivem nesta hiperconectada (e conturbada) segunda década do século XXI.

testeMãos silenciadas — parte 5

Queria ter mãos ausentes por alguns instantes. Um dia ou dois, no máximo. Não mais do que isso. Não quero perder para sempre o meu ponto de contato com o mundo nem a minha possibilidade de criar diálogos com o outro, mas gostaria de poder desencaixá-las vez ou outra. E deixá-las em stand-by na superfície de um móvel esquecido em algum canto. E achá-las — perdidas — no fundo de alguma gaveta quando o desejo de me expressar estiver restabelecido. Seria uma forma de aliviar os pensamentos. Uma maneira de parar de pensar, literalmente. Trago toda essa angústia nos meus traços. 

Agora me vem a lembrança de brincar com lego. Imagino meu corpo feito de encaixe e desencaixe. Eu me monto. Eu me desmonto. Eu me ergo. Eu me desmorono. Sou leigo sobre o que sou ou posso me tornar. E se eu enfiasse o braço esquerdo na mão direita… Será que eu escreveria breves palíndromos

até o poeta

reviver

esse

oco
?

E se eu pusesse a mão esquerda no braço direito… Será que eu desenharia um firmamento torto? Tudo anda tão de cabeça para baixo há algum tempo. Talvez por isso eu me sinta tonto por ainda acreditar que é possível endireitá-lo.

São horríveis, mas são minhas. Se elas tivessem outro corpo, outro dono, talvez fossem mais bonitas. Mas são minhas. Ninguém além de mim pode dialogar com elas. Não posso emprestar minhas mãos ao meu vizinho para chamar o elevador, por exemplo. Seria heresia enviar minhas mãos para o papa e abençoar a humanidade — sozinho — da praça São Pedro. Minhas mãos não poderiam substituir os dedos de Nina Simone. Minhas mãos nunca tocariam piano. Pianistas têm mãos bonitas; poetas, não… Don’t let me be misunderstood.

Se eu pegasse emprestadas as mãos de Drummond, saberia eu transcrever os sentimentos do mundo? Se eu roubasse as mãos de Tarsila, teria eu encontrado um outro Abaporu? Não, não, não e não. Mãos sozinhas são inúteis. Elas precisam da biografia, do complemento de vida do corpo que as acompanha. São necessários o cérebro, os órgãos, os óculos, a desilusão amorosa, os acontecimentos. As mãos — sós — não se bastam. Mãos solitárias não criam. Não sabem se escrevem, se ofendem, se afagam. Elas apenas gesticulam. O gesto pode ser qualquer um. Eu queria ter sido as mãos de Beethoven no exato momento em que deixaram escapar as primeiras notas da quinta sinfonia. 

 

Tan-tan-tan-tan!

 

Uma vez escrevi poeta não se cala, silencia as mãos. Ilustrei este verso num guardanapo. Quando quero conversar comigo, o papel frágil é o primeiro destinatário dos meus desassossegos. É meu divã, meu lugar de escuta. Uma poltrona flexível, pequena, que se encaixa perfeitamente nas mãos. É onde quebro a timidez. O recolhimento do artista não está na sua fala espaçada, na sua pouca interação verbal ou na sua postura cabisbaixa. Tudo está em suas mãos. Quando ele cerra os punhos, ele encerra qualquer possibilidade de expressão. É sua forma de calar a boca. As mãos são a garganta dos poetas.

Quando meu avô morreu, eu cerrei tanto, mas tanto os meus punhos que tive a sensação de quebrar todos os ossinhos dos meus dedos. Minhas mãos renasceram para dentro. Como se fossem procurar as palavras mais difíceis de pronunciar. Não existe um vocabulário dócil para explicar ou, ao menos, tentar entender a morte de um avô. Seria preciso inventar uma nova linguagem. Às vezes, penso ser fluente em saudade. 

 

(volta, 

vô,

volta!)

 

Você não voltou.

Só deus sabe o quanto eu senti vontade de socar a cara de Deus. Ele me perdoaria? Eu me perdoaria? Nesse dia eu chorei, mas as lágrimas não saíram. Elas ainda estão contidas nesses punhos fechados. Se eu abrir minhas mãos, o mundo inteirinho se 

A

F

O

G

A.

 

(((fim)))

testeQual é a ordem de leitura do Simonverso, de Becky Albertallli?

Você pode até tentar, mas garantimos que é impossível ler apenas um livro da Becky Albertalli. Sério. Os livros de uma das nossas autoras preferidas aqui na Intrínseca vão te conquistar já na primeira página. São quase como um crush que não sai da sua cabeça e faz você suspirar a cada capítulo. Pois é, depois não diz que a gente não avisou!

Com cinco livros lançados no Brasil — quatro deles do Simonverso —, as histórias da autora sempre deixam o coração quentinho ao abordarem temas importantes como amor, aceitação, representatividade, coragem e amizade.

Seu primeiro livro, Com amor, Simon, iniciou o Simonverso e também virou um filme de sucesso com Nick Robinson (Jurassic World) e Katherine Landgford (13 Reasons Why), em 2018, o primeiro longa de um grande estúdio focado em um romance adolescente LGBTQI+. Além disso, o universo criado nos livros também inspirou uma série da Hulu chamada Love, Victor.

Para ninguém ficar perdido, decidimos fazer uma listinha que explica qual é a ordem de leitura do Simonverso. Confira:

Livro 1: Com amor, Simon

Simon está apaixonado por um menino da sua escola que conhece apenas pelo pseudônimo Blue – usado nos e-mails que os dois trocam anonimamente. Mesmo com suas inseguranças, ele sabe que não tem nada de errado em ser quem é. Conforme o relacionamento virtual se aprofunda, Simon vai precisar sair da sua zona de conforto para dar uma chance ao romance na vida real.

 

Livro 2: Os 27 crushes de Molly

Aos 17 anos, Molly já viveu 26 paixões, mas todas dentro da sua cabeça. Isso porque, temendo a rejeição por ser gorda, ela nunca sequer tentou se declarar para os crushes. Quando sua irmã, de quem é muito próxima, começa a namorar, Molly se vê ainda mais solitária. Por sorte, um dos melhores amigos da cunhada é um garoto fofo e lindo, perfeito para ser seu primeiro beijo. Só tem um problema: Reid, o colega de trabalho meio esquisito e fã de Tolkien. Molly nunca, jamais se apaixonaria por ele. Né?

 

Livro 3: Leah fora de sintonia

Leah é uma menina decidida e que não tem o menor problema em expor suas opiniões, mas ultimamente tem sentido como se algo em sua vida estivesse fora de sintonia. Como está no último ano do colégio, em poucas semanas vai ter que se despedir de tudo o que conhece e mais adora. Para completar, seus amigos não fazem ideia de que ela pode estar apaixonada por alguém que até então odiava, uma pessoa que não sai de sua cabeça.

 

Livro 4: Com amor, Creekwood

Escrito a partir de trocas de e-mails, essa novela é perfeita para todo mundo que se apaixonou por Simon, Blue, Leah, Abby e todos os personagens do Simonverso! Ela se passa logo depois de Leah fora de sintonia e acompanha o primeiro ano de faculdade desses personagens queridos, nos permitindo acompanhar as alegrias e dilemas dessa nova fase de suas vidas.

 

Agora que você já sabe por onde começar, corra para garantir os livros e se encantar!