Quando uma narrativa que foi tão longa e solitariamente meditada está prestes a ir para as livrarias, o romancista é tragado pelo mundo paranoico que ele mesmo criou.
6 de fevereiro de 2015 – sexta-feira
Cheguei ao Rio para uma reunião com a equipe da Intrínseca sobre o lançamento de A segunda pátria. Todos estavam muito bem-informados sobre o livro e fizeram comentários pertinentes. Vamos alimentar o blog da editora com material sobre o romance, haverá booktrailers, marcadores e folders para distribuição nas livrarias. Dedicarei o semestre à divulgação do livro. Nunca pude fazer isso.
9 de fevereiro de 2015 – segunda-feira
Escrevi a primeira colaboração para o site da Intrínseca. Esta seção vai se chamar “Biografia de um livro” – só com trechos destes diários.
13 de fevereiro de 2015 – sexta-feira
Semana de tumulto. Greve dos professores e funcionários estaduais do Paraná. Reuniões, debates, conversas. A ficção se torna um grande desafio ao escritor. Deixar de lado todos os problemas e criar horários vagos para habitar o mundo da imaginação. Por mais difícil que seja, esta é uma provação necessária. Ou escrevemos mesmo quando o temporal destrói nossa casa ou não somos de fato escritores.
Jornais manifestam interesse por A segunda pátria. Hoje saiu o release da editora. O que for soará, como diz Dalton Trevisan.
18 de fevereiro de 2015 – Quarta-feira de Cinzas
Trabalhando no carnaval, mesmo meio adoecido. Concluí a seleção inicial dos trechos deste diário sobre A segunda pátria. Serão sete blocos, um para cada fase da escrita.
23 de fevereiro de 2015 – segunda-feira
Saiu hoje no site da Intrínseca o primeiro conjunto de entradas deste diário sobre a escrita do romance. O livro entra em cena agora.
Às vezes, tenho pesadelos reais, muito intensos, em que estou sendo perseguido por conta desta história. Como se os nazistas por mim inventados ainda estivessem no poder.
10 de março de 2015 – terça-feira
Dedico-me aos contatos jornalísticos sobre o lançamento. Respondi a uma entrevista sobre o romance. As entrevistas são uma obra literária em paralelo.
11 de março de 2015 – quarta-feira
Nesta madrugada, tive outro sonho terrível do qual não me lembro bem, mas em que eu sofria a perseguição dos nazistas. Acordei em pânico, com taquicardia, tendo que tomar remédio.
Antes de dormir, ontem, revisei a entrevista e devo ter ficado muito preso às cenas do livro. O pesadelo e a crise de pânico criaram o receio quanto à repercussão do romance, que pode ser julgado sem ser lido. Só me livrei deste receio à tarde, quando concluí que a única resposta a este tipo de leitura literal é que o meu é um livro de literatura, uma história de amor inter-racial em um tempo de crença na eugenia.
caramba amigo! Intenso rssss
Abraços