Maurício Gomyde

Prêmio acumulado (ou Nada é maior que o amor)

25 / novembro / 2015

Love - by picjumbo

(Fonte: picjumbo)

Nos últimos dias, tenho notado que a todo instante aparece o assunto “Mega-Sena acumulada”. No trabalho, na padaria, no almoço em família, no encontro com os amigos ou nas redes sociais, vira e mexe alguém comenta sobre como a vida, aí, sim, ficaria perfeita. Simples: basta ganhar os 200 milhões da Mega-Sena! As frases são praticamente as mesmas em todas as conversas: “Eu compraria tudo”, “Eu faria as coisas que sempre tive vontade”, “Finalmente realizaria meus sonhos”, “Eu ajudaria os mais necessitados” — esta, algumas vezes, dita apenas para ver se Deus dá uma força e faz saírem os seis números que a pessoa jogou.

Interessante como a gente amarra nossos desejos sempre na famosa condição “se […], aí vou […]” — aqui, as duas lacunas podem ser preenchidas com o que cada um quiser. As perguntas que me vêm daí são: por que não começamos hoje mesmo a realizar esses desejos? Por que só começar se […]? Uma caminhada não precisa do primeiro passo? Por que não o dar agora? Se o que está dentro dessa última lacuna for “eu ganhar na Mega-Sena”, lembro que a chance de isso acontecer é de uma em cinquenta milhões. Então, é melhor não se animar demais.

Sonhar é bom, claro! Dinheiro também, não discordo. Ele proporciona conforto, segurança, momentos de prazer. Palmas para o dinheiro! Mas de quanto precisamos? Não apenas do mínimo necessário? Passamos boa parte de nossos dias focados nos bens materiais que pretendemos comprar. Para onde será a próxima viagem, qual será meu próximo carro, quando terei aquele novíssimo celular? E nos esquecemos de olhar para o lado e ver quantas coisas boas não dependem do dinheiro.

Caixão não tem gaveta, é o que diz o ditado popular. No fim da vida, todos os bens materiais acumulados não servirão de nada. Nessa hora, o que você fará para voltar no tempo e abraçar um amigo, um filho, um desconhecido que lhe fez uma gentileza? Para dar aquele beijo no seu amor, no seu pai, na sua mãe? Para pedir o perdão que ficou engasgado e não saiu? Para perdoar? E, sem nada em troca, para ajudar os mais necessitados? Nada disso depende do dinheiro.

O bem mais valioso que podemos acumular ao longo da vida é uma soma que decorre do exercício diário de compreensão, cumplicidade, caridade, respeito e, principalmente, amor. Como diz uma das minhas canções favoritas de todos os tempos, dos meus amigos do Alma Djem: “Nada é maior que o amor.” Talvez o mais importante, no fim das contas, seja o quanto de amor sincero cada um vai praticar, para que o mundo que ficará aos que virão se torne ainda melhor, mais justo e feliz. Esse, sim, um tremendo de um prêmio acumulado.

Comentários

5 Respostas para “Prêmio acumulado (ou Nada é maior que o amor)

  1. Um sorriso duradouro. Ainda que em uma experiência de poucos instantes. “Em cofre, perde-se a coisa à vista”; que o melhor da vida então transborde do coração para o dia-a-dia… 🙂

  2. Adorei o texto. Os verdadeiros prêmios da vida não são comprados pelo dinheiro.

  3. Blablabla, quanto clichê… Amor é lindo, mas não enche barriga.

  4. Quero mais livros e mais artigos do Maurício (olha a intimidade kkkk). Sempre perfeitos.

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