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Tudo o que você precisa saber sobre a tradução de um livro

28 / outubro / 2022

 

O que você sempre quis saber sobre a tradução de um livro? Recebemos diversas perguntas dos nossos leitores e selecionamos algumas delas para serem respondidas por tradutores da Intrínseca! Vem conferir as respostas e tirar todas as suas dúvidas.

 

1. Vocês leem o livro inteiro antes de traduzir ou vão traduzindo capítulo por capítulo? 

Mesmo que o prazo permita, não compensa fazer uma leitura completa, porque atrasa a tradução. Eu costumo dar uma olhada nas primeiras 30 páginas para ter uma ideia do estilo de quem escreveu e do tom da história, mas sigo a leitura no ritmo do trabalho. O bom é que, como leitor, também fico na ansiedade de chegar no final, então o elemento surpresa ajuda muito na produtividade.

Resposta de Carlos César da Silva (@carlostraduz), tradutor

 

2. Quanto tempo leva para traduzir um livro?

Depende muito do tamanho e da dificuldade do texto, claro. Em média, levo de dois a três meses. Mas já houve livro que levou cinco.

Respostas de Jaime Baggio, tradutor

 

3. Como é ter acesso às obras em primeira mão? Dá para aproveitar a leitura? 

Com certeza. Até ajuda a fruição, de certa forma, porque não há como devorar tudo em um ou dois dias e dá tempo de absorver o clima da narrativa.

Respostas de Jaime Baggio, tradutor

 

4. O que é mais difícil no processo de tradução de um livro?

Para mim é a pesquisa de termos específicos, com certeza, ainda mais quando são termos médicos, policiais e jurídicos, assuntos dos quais não entendo muito bem. Quando eles surgem, além de pesquisar muito, tento perguntar para amigos ou familiares da área quais são as nomenclaturas mais utilizadas, na tentativa de deixar a tradução o mais correta possível. De longe, essa parte é a que mais consome o meu tempo na hora de traduzir.

Respostas de Karoline Melo, tradutora

 

5. Um livro escrito em idioma sem ser inglês recebe tradução direta ou tradução da tradução? 

Hoje as editoras estão preocupadas em contratar traduções diretas, pois já se sabe o quanto as traduções indiretas costumam deixar a desejar. Temos grandes tradutores, das mais variadas línguas, de modo que não faz sentido – a não ser em casos muito específicos – recorrer a traduções indiretas, que acrescentam mais uma camada de “perdas”.

Já foi bem diferente: sabemos que não faz tanto tempo assim a gente traduzia muita coisa a partir do francês, por exemplo. Sabe aquela brincadeira de telefone sem fio? Pois é. Imagina que a tradução indireta acrescenta mais um participante ao jogo, de modo que há mais margem para “ruídos”.

 Respostas de Debora Fleck (@apretexto), tradutora

 

6. Você já se emocionou tanto com um livro que estava traduzindo que chorou? Qual? 

Muitas vezes! Se não choro por algo triste do enredo, é por ter que me despedir da história depois de semanas/meses trabalhando nela. O epílogo de “E se a gente tentasse?” foi inteiro traduzido em uma crise de choro, e “O primeiro a morrer no final” me fez chorar várias vezes também (não é à toa que os dois são do Adam Silvera, né?).

Resposta de Carlos César da Silva (@carlostraduz), tradutor

 

7. Como é fazer a tradução de piadas/trocadilhos de fora, para o que vamos entender aqui?

Esse tipo de tradução costuma ser complicado, mas é recompensador quando a solução vem. De vez em quando, pode ser até fácil transmitir a ideia em português, seja por termos estruturas semelhantes na língua ou correspondentes de piadas genéricas, mas às vezes precisamos adaptar de forma que se encaixe na história e atenda à proposta do original. Estas últimas são sempre mais difíceis, e em enigmas dentro da própria narrativa, abreviações que podem significar uma coisa ou outra, fica ainda mais complicado. Particularmente, quando isso acontece, anoto as ideias que tenho em um papel e continuo pesquisando por mais alguns dias para obter o melhor resultado.

Respostas de Karoline Melo, tradutora

 

8. Como é o processo de se tornar um tradutor? 

Esse processo é muito individual, particular. Para ser tradutor, não existe um caminho único que funcione para todo mundo. Mas acredito muito em formação, em qualificação, independente da área de origem do aspirante a tradutor. Há muitos cursos disponíveis, das mais variadas durações, com diferentes focos. O mais importante é entender quem são os professores, para não cair em furada. Tornar-se tradutor é um processo constante, acho que nunca estamos totalmente prontos. A formação é contínua, porque a gente nunca para de ler, por exemplo, e ler melhor. Para além dos cursos específicos de tradução, recomendo também cursos de escrita e de literatura aos que desejam traduzir para o mercado editorial. A gente esquece muitas vezes o óbvio, que o tradutor é essencialmente um escritor. E que precisa escrever muito bem na língua para a qual traduz; no nosso caso, o português.

 Respostas de Debora Fleck (@apretexto), tradutora

 

Ficou com mais alguma dúvida? Manda para a gente aqui nos comentários!

Comentários

Uma resposta para “Tudo o que você precisa saber sobre a tradução de um livro

  1. Qual a técnica que podes propor para quem não domina o inglês lê e entender um livro da sua área de atuação?

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