por outros assuntos, muitos

Como é possível por em palavras um sentimento de tamanho impacto? São sempre descrições de sintomas e nunca do sentimento em si. Eu acreditava ter amado ate ver aqueles olhos pela primeira vez. Meu coração ainda bate forte quando me lembro.
Nós conhecemos, veja só, num mundo de histórias bem onde pessoas se reuniam em fóruns pra ler fanfics. Nós liamos a mesma história e tínhamos paixão pelos mesmos personagens então fora inevitável a aproximação. Passávamos o dia falando sobre coisas fúteis, e nos declaravamos uma a outra de forma tão intensa que corriam os boatos que nós viviamos um amor em segredo. E vivamos! Tão secreto que nós não fazíamos idéia. Flertavamos, e eu passava toda a noite, grande parte do dia me sentindo flutuar enquanto repetia suas palavras em minha mente.
Eu tinha medo. Me apavorava a ideia de declarar meu sentimento e ser rejeitada, e acabar por perder o que nós tínhamos. Eu não conseguia viver sem aquilo, mas decidi que era o melhor pra mim seguir adiante. Foi quando comecei um namoro e ela mudou. Suas palavras, seus tons, seu jeito. Passou-se quase 1 ano até que ela decidisse abrir seu coração para mim; bem quando meu namoro teve fim.
Meses após nos encontramos pessoalmente. Eu senti todo meu corpo desfalecer quando me encontrei nos braços dela, um abraço tão apertado, com tanto a ser dito. Tocavmos as mãos, trocávamos olhares, mas meus lábios queriam os dela e tive quando em meio a uma fala minha ela me beijou e o mundo foi outro desde então.

Viver é diferente de somente existir.

Em um dia comum de um ponto de ônibus qualquer há alguns metros de distância, um olhar e nada mais, é assim “paixão” imediata. Quem era? De onde vinha? Para onde iria? Nada mais era importante, o que importava era ele, entramos no mesmo ônibus. Sabia que teria que ter uma certa veemência para aproximar e fazer amizade, foi o que ocorreu, dias depois ele correspondeu e demostrou interesse de manter contato por fim ficamos amigos, simples assim tudo tão simples e visceral ao mesmo tempo. Infelizmente nada poderia passar de uma amizade com fidelidade, pois ele já tinha um relacionamento monogâmico com outra pessoa.
Com desenvolvimento da amizade senti realizada e parecia que tudo estava sobre controle, até o dia em que ele resolve declarar-se de forma explicita e sem nenhum pudor, na inocência em que poderia controlar todos os sentimentos de imediato, sem ter conhecimento de que o próximo talvez não cogitasse algo similar, tudo acontecia sem nenhuma complicação ou explicação, nada mais importava, o frio da noite não incomodava nem ao menos o vento batendo a janela, pele na pele, toques sem vestígios que trazem arrepios e beijos mais profundos que a própria alma, um só encontro, um só momento, senti realmente viva.
Após aquela madrugada era nítida a despedida, o vazio que ficava era maior que o frio da madrugada, noite longa sem direção. Anos passaram mais aquela madrugada nunca foi apagada, se era uma paixão verdadeira, desejo ou a dor da perda estava tudo junto, a única coisa que tenho certeza hoje é que explicar a paixão sendo abstrata é algo impossível de por em palavras, ela só pode ser sentida, só quem realmente apaixonou-se de verdade pode entender e na maioria das vezes nunca explicar.

A primeira vez também pode ser a última.

Já ouvi dizer que o primeiro amor jamais perdura, mas eu fui pega nessa historia há 12 anos. Eu podia dizer que tudo começou em uma amizade entre duas pessoas que de semelhante só tinham o sexo e o pouco interesse em levar adiante aquela situação.
Minha nova vizinha era um tanto tímida, embora não tivesse muitos problemas para falar e ser gentil com as pessoas, eu era seu oposto, preferia ficar na minha zona de conforto que me empedia de me envolver demais com qualquer pessoa. Nossa amizade nem teve um início muito espontâneo, ela era nova ali e nossas mães queriam nos enturmar, seriam dois coelhos com um único golpe -embora esse seja um dito pesado de se propagar-então, entre poucas vontandes, acabamos descobrindo que mesmo tendo muitas discussões por ideais diferentes, podíamos ter uma amizade tão boa, duradoura e íntima. O que não esperávamos é que a mesma fosse além. Isso gera grande confusão em mentes jovens, ainda mais no início do milênio onde as mentes eram ainda mais fechadas que agora. Confesso que a maior relutância em auto-aceitação veio de mim, mesmo tendo todo o apoio da família, que não era o caso dela.
Os dias foram difíceis, entre tentar manter a amizade e não magoar com palavras desatentas-ou o afastamento súbito que sua familia nos propôs, o que nos rendeu encontros secretos-, porém mesmo depois de cada obstáculo os sentimentos transbordaram e cada uma de nós duas ainda estávamos olhando para trás, buscando fazer com que no meio dessa vida ainda pudéssemos estar juntas. As dificuldades não diminuíram, a mudança fora apenas em nossas mentes e essa podia ser a primeira e também a última vez que me apaixono e se tratando dela, a ideia me agrada.

Me chame de louco

Tinha eu meus quinze anos. Virgem. De cidade pequena. Naquela época eu ainda não tinha muito… contato romântico, se é que você me entende, com outras pessoas, era muito novo e muito tímido, ate que instalei um app de relacionamento. Um tempo depois eu comecei a conversar com um cara, ele tinha trinta e três anos, mais do dobro da minha idade e morava em Recife, conversamos por um mês e eu nem preciso dizer que eu me apaixonei perdidamente não é mesmo? Ele já tinha morado no exterior, era fluente em inglês, muito inteligente e acima de tudo era muito fofo comigo. O carnaval chegou e ele me chamou para passar na casa dele. eu disse que não poderia pois era menor de idade e meus pais nunca deixariam, então ele disse “eu vou buscar e deixar você”. Eu topei. Mesmo nunca tinha o visto, ele poderia ser um maluco, assassino, estuprador, tudo isso que se passa na nossa cabeça quando se faz uma loucura dessas. Inventei uma historia para os meus pai disse que a família de um amigo me chamou para passar o carnaval na casa de praia deles em recife e que o irmão mais velho desse amigo viria me pegar, ele veio parou na frente da minha casa apertou a mão do meu pai e fomos.
Foi louco, mas foi perfeito, quatro dias presos numa bolhinha de amor, mas nada dura para sempre, no caminho de volta ele disse que queria um relacionamento e que nós eramos apenas ficantes, (fiquei super na bad? fiquei sim). Ficamos três meses e meio “juntos” ele veio a minha cidade em um feriado e ficamos novamente, fiz sexo desprotegido (me chame de louco), brigávamos muito por eu querer algo fechado e ele não. No fim, nós brigamos e ele pediu um tempo, lembro ter dito “tempo? Acabou.” Foi um termino bem difícil (muito difícil, na verdade), mas hoje nós conversamos de boas e não ha nenhum ressentimento.

Comunhão

Era verão de 2013. Dezembro abafado e preguiçoso, como de costume. O último do Ensino Médio; eu tinha então dezessete anos. O que quero contar não tem nada a ver com escola, no entanto. O que surgiu, surgiu de uma inocência profana, entre missas e túnicas na igreja local.
Conheci-o lá, enquanto compartilhávamos as tardes de domingo repetindo orações tão antigas quanto o próprio pecado. Depois, nos aproximamos nos encontros de jovens que aconteciam nas tardes dos fins de semana. Não poderia dizer com exatidão em que ponto o desejo começou, às vezes tenho a impressão de que ele estivera ali desde sempre. Talvez não o desejo por alguém em específico – por ELE – mas o desejo em sua forma mais abstrata, que encontrou n’ELE o portal necessário para atravessar a fronteira entre o imaginário e o real. De modo que hoje, ligeiramente mais maduro, e tendo provado do fogo desse mesmo desejo (se é que era o mesmo) em outros corpos, não sei dizer se o que desejei foi ele mesmo, de fato, ou se apenas usei-o para saciar uma vontade sem rosto que já existia antes dele em minha vida, apesar de um nem saber naquela época que aquele ímpeto latejando dentro de mim tinha um nome.
Não, realmente não sei. E nem me incomoda não saber. O que posso dizer é que havia muitas particularidades dele que me agradavam: a ingenuidade quase infantil, embora estivesse no auge da adolescência; o modo como demonstrava precisar de mim – eu gostava de me sentir necessário para alguém – o jeito que apoiava gentilmente um cotovelo sobre meu ombro. Mas acima de tudo, a delicadeza com a qual costumávamos entrelaçar os dedos discretamente durante as missas: de pé, encostados na parede oposta ao altar, lado a lado, com os braços cruzados e as mãos se tocando disfarçadamente. Uma afronta secreta que ficava entre nós e a onisciência divina, apenas. Mas tudo isso era inconsciente, eram nossos instintos agindo. Era o desejo arquitetando sua passagem para o plano da realidade.
Quando me dei conta, ele e eu já éramos melhores amigos (antes de descobrirmos que não era amizade o que queríamos um do outro e de nós mesmos). O tempo todo juntos, trocando cochichos, olhares e pequenos momentos de contato físico que me davam sensações até então desconhecidas. Hoje posso resumi-las muito bem: sexo. Todo e cada gesto dele comigo e vice-versa gritava isso. Algumas pessoas enxergaram antes de nós. Eu era dois anos mais velho, era comigo que falavam. “São muito chegados, não é?”, perguntavam. “Pra que tanto abraço?”, até mesmo o padre questionou certa vez.
Tentei diminuir a proximidade, muito embora não visse mal algum naquela relação. “É só uma amizade um pouco mais carinhosa”, eu dizia a mim mesmo, “o que mais poderia ser, afinal?”. Ele, porém, não permitia o afastamento. Sua mão procurava a minha na missa; se eu a negasse, se agarrava ao meu braço. Se eu fosse para longe, me seguia. Se eu pedisse que mudasse de lugar, por mais doçura que eu imprimisse em minha voz, seus olhos escuros e profundos marejavam. Eu era fraco demais por ele. Não sabia de onde vinha toda aquela fraqueza, mas lutar contra ela era impensável para mim. Desisti do afastamento e devolvi-lhe minha mão.
Ainda assim, foi só no natal daquele ano que finalmente conheci o desejo em sua forma mais genuína, concreta e implacável. Era noite de natal e ele estava em minha casa – frequentava-a muito. Assistimos alguns filmes, comemos, jogamos conversa fora até olharmos para o relógio e constatarmos que já era muito tarde para ele ir embora sozinho. Cogitei pedir a meu pai que o levasse de carro, mas ele foi mais rápido. “Posso dormir aqui?”, pediu com um ar despretensioso. Perguntei aos meus pais se haveria algum problema. Nenhum. Coloquei o colchão extra no chão, ao lado da minha cama. Apaguei todas as luzes, tranquei todas as portas e voltei para me deitar.
Ele já estava deitado no colchão no chão. Totalmente vestido, exceto pelo par de tênis encostado num canto. O quarto estava escuro, mas ainda era possível distinguir silhuetas. Deitei-me e desejei-lhe boa noite. “Estou feliz por estar aqui”, foi a resposta dele. De repente, a consciência de tê-lo ali, deitado num colchão ao meu lado naquela madrugada me encheu de uma excitação ardente. Senti uma vontade incontrolável de tocá-lo. Deitado de bruços, estendi meu braço em direção à ele, tateando no escuro. Alcancei seu rosto. Acariciei sua face macia e ele beijou as costas de minha mão.
Neste momento cada nervo, cada célula, cada átomo em mim pareceu despertar para uma verdade inegável e ridiculamente óbvia: eu o queria. E queria mais ainda que ele me quisesse.
Como se pudesse ler meus pensamentos – e talvez pudesse, de certa forma, pois me conhecia nos mínimos detalhes – ele puxou minha mão… e meu braço… e meu corpo todo. E eu deixei que me puxasse com toda aquela delicadeza que só ele tinha. Logo estávamos os dois dividindo o colchão no chão. Meu corpo sobre o dele. Quente. Sem entender ao certo o que estava acontecendo. Sem QUERER entender o que estava acontecendo. Íamos aonde o instinto nos levava. O instinto, lacaio do desejo.
Tudo se deu tão rápido, mas ao mesmo tempo tão gradualmente, como a tarde que vira noite sem que percebamos, embora os ponteiros do relógio nunca tenham parado de se mexer. Eu sentia a respiração dele contra a minha. Quente e profunda enquanto ele afundava o nariz em meu pescoço e inalava meu cheiro. Eu queria ser o ar que entrava dentro dele. Nossas mãos passeavam por nossos corpos, ainda com certa cautela: braços, ombros, costas. Não mais que isso. Subitamente, percebi que estava excitado. Tentei afastar meu quadril do dele, envergonhado. Ele não permitiu. Moveu o próprio quadril para cima, mantendo contato com o meu, e depois para baixo. E repetiu o movimento. E de novo. E de novo. E de novo. Ele estava sentindo prazer. Prazer sexual. Mais do que isso: ele estava, literalmente, usando o MEU corpo para obter prazer sexual. Esta constatação me incendiou de dentro para fora e inebriou meus sentidos. Era o momento de me entregar definitivamente ou recuar antes de ultrapassar um ponto a partir do qual não seria mais possível voltar. Cedi ao desejo. Rocei meus lábios nos dele. Devagar, sem saber o que esperar. Me inclinando na beira do precipício em busca de um vislumbre qualquer do que me esperava quando eu me jogasse. Ainda não era um beijo, no entanto.
Rocei os lábios mais uma vez, pressionando-os um pouco mais, minimamente. Ele parou de mover o quadril contra o meu e entreabriu a boca. Sua língua, tímida, passou por meu lábios. Hesitante. Invadiu minha boca com gentileza e eu permiti com deleite. O desejo vencera, enfim. Assumira o controle absoluto.
O que aconteceu depois foi uma explosão de tesão. Mais rápido do que pude perceber, estávamos nus, explorando cada centímetro de nossos corpos com a língua e os dentes. Já não sabia a diferença entre o meu cheiro e o dele; entre minha pele e a pele dele. Essa comunhão que só os verdadeiros amantes conhecem. Só aqueles que se permitem ser humanos, no sentido mais primitivo.
Na manhã seguinte, porém, uma culpa aguda e incômoda. Uma mistura de remorso e vergonha que me fez querer expulsá-lo do meu quarto, da minha casa e da minha vida. De onde veio essa repulsa? Será que ele sentiu o mesmo? Quem sabe…
Mas essa sensação torturante, se dissolveu tão rápido quanto surgira, antes mesmo que eu pudesse refletir melhor a seu respeito.
Ao fim da manhã, enquanto eu o acompanhava até sua casa, tocamos no assunto (tínhamos trocado poucas palavras até então, carregadas de indiferença, como se aquela madrugada tivesse acontecido num universo paralelo ou num sonho distante).
“Estou com vergonha”, ele disse.
“Não precisa ter”, respondi, mas também me sentia envergonhado. “Somos adolescentes, essas coisas acontecem, é normal”, por ser um pouco mais velho, eu me sentia no dever de soar mais adulto, como se soubesse bem do que estava falando. Na verdade, sabia tanto ou menos do que ele.
“Não, você não entendeu”, ele sacudiu a cabeça, “não estou com vergonha do que aconteceu”.
“Então…?”
“Estou com vergonha de dizer que quero mais.”
As palavras dele falaram por mim. Manifestaram a minha própria vontade. E sim, tivemos mais, muito mais daquilo.
Meus pais fizeram uma viajem poucos meses depois e minha mãe, preocupada por me deixar sozinho pela primeira vez, sugeriu que eu convidasse alguém para me fazer companhia em casa.
Ele passou quase um mês dormindo comigo, talvez mais, e eu poderia narrar cada uma daquelas noites com seus românticos e obscenos detalhes. Contudo, antes de meus pais voltarem de viagem, tudo já tinha acabado. Sim, acabado. Não, não houve nenhum desfecho dramático, ou brigas, ou traições, ou qualquer coisa dessas. Simplesmente acabou como tudo nessa vida se acaba. O desejo é súbito e implacável na chegada e na partida.
Se o que tivemos significou para ele o mesmo que significou para mim… nunca saberei. Eu poderia perguntar. Tenho seu número, conversamos de vez em quando, mas cada mensagem que trocamos soa distante. Somos outras pessoas. De qualquer forma, prefiro não saber o que ele pensa a respeito e manter aqueles momentos cristalizados em minha memória, vistos sob a lente intensa do meu coração. Como um segredo guardado por mim e pela onisciência divina.

Amor ingênuo

ainda muito nova, conheci um rapaz do Colégio que de imediato me chamou muito a atenção. Não podia me aproximar por conta de minha Mãe, ficamos paquerando um bom tempo. Até que um dia sem querer nos encontramos na rua e ele falou comigo e me pediu em namoro. Encontrei a alegria da vida, mas sabia ser impossível, minha Mãe não concordou e na época era assim. Foi muito difícil a minha resposta, mas não havia outro jeito. Passado alguns meses tivemos uma excursão para Porto Feliz, a nossa Fanfarra ia se apresentar na cidade junto com a local. Consegui ir e os olhares entre eu e meu amado se intensificaram naquele domingo. No retorno ele sentou comigo no ônibus e sem querer uma beijada pela primeira vez na minha vida, acredito que foram várias tentativas de beijos até acertar, quando chegamos nada dissemos um ao outro, não havia o que dizer ele já sabia da resposta. Naquela noite não dormi só sonhava com o beijo. Meu primeiro beijo que nunca esqueci. O amor da minha parte continuou por mais dois anos, quando mudei de casa e nunca mais o vi. Foi lindo, como tem que ser um primeiro beijo de adolescente.

Amor ingênuo

ainda muito nova, conheci um rapaz do Colégio que de imediato me chamou muito a atenção. Não podia me aproximar por conta de minha Mãe, ficamos paquerando um bom tempo. Até que um dia sem querer nos encontramos na rua e ele falou comigo e me pediu em namoro. Encontrei a alegria da vida, mas sabia ser impossível, minha Mãe não concordou e na época era assim. Foi muito difícil a minha resposta, mas não havia outro jeito. Passado alguns meses tivemos uma excursão para Porto Feliz, a nossa Fanfarra ia se apresentar na cidade junto com a local. Consegui ir e os olhares entre eu e meu amado se intensificaram naquele domingo. No retorno ele sentou comigo no ônibus e sem querer uma beijada pela primeira vez na minha vida, acredito que foram várias tentativas de beijos até acertar, quando chegamos nada dissemos um ao outro, não havia o que dizer ele já sabia da resposta. Naquela noite não dormi só sonhava com o beijo. Meu primeiro beijo que nunca esqueci. O amor da minha parte continuou por mais dois anos, quando mudei de casa e nunca mais o vi. Foi lindo, como tem que ser um primeiro beijo de adolescente.

Eu me lembro

Nos conhecemos no twitter. Em dois dias eu já havia visto todas as fotos dele no instagram e aproveitado qualquer oportunidade de interagir com ele. Alguns dias depois, Clarice Falcão anunciou que faria um show no Beco 203 na Rua Augusta no dia 25 de maio, mas visto que prefiro curtir coisas quando compartilhadas, por falta de companhia acabaria não indo, e então ele postou que queria ir ao show, mas que também não tinha companhia. Em um ou dois dias estava tudo combinado, iríamos ao show juntos. Ingressos comprados, porém o único meio de se pagar o boleto era no banco Sicred perto da Liberdade, então no dia 6 de Maio de 2013 lá pelas 15:24 nos encontramos na saída do metrô. Eu ainda me lembro do sorriso dele, tímido, e desconcertante de lindo. Apesar de chegarmos ao banco em cima da hora, e termos um problema com o boleto (que ele resolveu enquanto eu tinha um pequeno ataque de ansiedade), tudo deu certo no fim. Então, nós começamos a andar e conversar e se conhecer, e a cada rua que eu começava a atravessar distraído do movimento dos carros e que sua mão encontrava minha cintura e me segurava com gentileza, a cada história compartilhada, a cada quilometro dos sete que andamos naquele dia, eu ia caindo mais e mais por ele… Alguns anos depois, conversando sobre aquele dia, tive a confirmação de que a falta de vontade de ir embora era mútua. E então chegamos no Shopping D, um marco da minha infância, pois minha mãe dizia que eu amava aquele shopping. Sem um centavo no bolso para nada, apenas encontramos um lugar para sentar e conversar pelo resto de tempo que ainda restava, até realmente termos de ir embora. Então sentados numa murada, ao lado de um elevador de um piso (que eu ironicamente não me lembro) do Shopping D, eu encostei no ombro dele (ou ele encostou no meu) e nossas bocas se aproximaram e ali aconteceu, simples como todo aquele dia havia sido, nosso primeiro beijo. Nós nos vimos no dia seguinte, e mais uma vez naquela semana. Minha gana por ele era difícil de controlar, e mais importante, eu não queria controlar. Nós ficamos juntos por sete meses, eu pedi ele em namoro depois de dois. Um pedido meio torto, mal idealizado, com todos os requintes de nervosismo de alguém que nunca foi capaz de expressar seus sentimentos, e estava para fazer num photo booth do YouPix (um festival que celebra a internet, embora só agora eu reconheça o simbolismo). Ele disse sim. Eu conheci toda sua família, e jamais vou esquecer a mãe dele, pois poucas vezes fui tratado com tanto carinho nessa vida, principalmente por um ser humano que não tinha de ir nem um pouco além da educação básica, mas que sempre o fez. No fim eu deixei as minhas inseguranças e ansiedade tomarem o melhor de mim. O ciúme dormente nascido de uma relação prévia recheada de términos e uma traição, se alimentou nessas “fraquezas” e assim eu me voltei diversas vezes contra o rapaz mais doce que já havia conhecido nesse mundo e que nunca, nunca, me deu qualquer motivo real para dúvidas, muito pelo contrário. Como todo babaca que percebe tarde demais o seus erros e problemas, eu tentei reatar, quatro meses depois do término, em Março de 2014, ele aceitou tentar, mas como diz uma frase atribuída a Heráclito, filósofo chave em Me Chame Pelo Seu Nome, “nunca se banha duas vezes no mesmo rio”, e simples assim as coisas não eram mais como antes. Por duas semanas ficamos juntos, e pelo menos por aquelas duas semanas eu não cometi nenhum dos meus erros anteriores, mesmo que não fizesse mais diferença. No dia seguinte ao término, no caminho da casa dele para a minha, passei pela Paulista, e andando pela Fnac encontrei o box da série favorita dele (Friends) em promoção, e mandei uma mensagem para ele. Ele foi para lá na hora. Box comprado, passamos uma parte do resto do dia juntos, andando pela Paulista, enquanto caía uma garoa fina. E mesmo tendo terminado na noite anterior, trocamos alguns beijos, alguns carinhos, algo que hoje em dia consideramos uma boa prova de que não somos bons nessas coisa de término. Então não nos vimos mais. Até 16 meses depois, em Setembro de 2015, quando voltamos a nos falar por uma dessas portas abertas que a gente vai deixando para certas pessoas na nossa vida. Do abraço dele ao me encontrar num metro da Avenida Paulista, ao abraço dele ao nos despedirmos na estação Luz, eu sabia que fosse o que fosse, eu ainda sentia algo, para além da romantização por ele ter sido meu primeiro amor. O local onde a mão dele se acomodou no meu cabelo ganhou vida por um bom tempo após partirmos, cada um para o seu lado, ele Norte, eu Leste. Então continuamos nos falando por mensagem, até não nos falarmos mais por outros 2 anos. Nesse meio tempo ele conheceu outro rapaz, sobre quem poderia muito bem ser a história dele aqui, caso ele decidisse escrever. O amor deles me incomodava, não por qualquer coisa além de ser lindo e forte. Quando fiquei sabendo que acabou, no dia 6 de maio de 2017, e não irei embelezar isso, em algum lugar em eu ainda esperava sentir alguma esperança ou talvez felicidade, mas só o que senti foi dor por ele e vergonha pelo sentimento mesquinho que nutri apesar de saber o quão feliz ele merecia ser, pois ele merece todo o amor do mundo. E por que motivo nunca entenderei, mas só após aquele momento fui capaz de enfim deixar a fantasia, a esperança a romantização, a idealização de nós como “Ross e Rachel”, como “lagostas” um do outro, de lado. Pouco mais de um mês depois ele me mandou uma mensagem, se desculpando por algo que ocorreu no breve período que voltamos a nos falar 2 anos antes, em 2015. Dali a conversa rendeu e continuou até então (fevereiro de 2018). Não somos amigos, não nos falamos todo dia e nem sequer voltamos a nos ver, mas o respeito mútuo ao que tivemos e a um pelo outro continua. Atualmente não sou uma pessoa de muitos amigos, então é sempre muito bom quando ele vem falar comigo sobre alguém que conheceu. Comigo, alguém que ele conheceu muito bem, os bons e principalmente os ruins e nunca me tratou com nada além de educação, respeito e até um certo carinho do qual nunca me achei merecedor. O fim do que tivemos sempre vai me trazer um gosto amargo na boca, um gosto de arrependimento, de fracasso, não por ter acabado, mas por como acabou, e por como eu tratei ele, mas mesmo me sentindo falido antes dos 30, incapaz de oferecer nada mais a mais ninguém, e me esforçando para não sentir nada, pelo bem de não sentir nada, me trás certa paz saber que apesar de tudo, entre nós, está tudo bem como está.
(Texto enviado com conhecimento e consentimento dele. Título inspirado, por razões claras, na canção Eu Me Lembro da artista Clarice Falcão com participação do artista Silva)

É melhor falar ou morrer?

Sempre fiquei com garotas e nunca tinha tido vontade de ficar com meninos, mas no fundo me faltava algo que eu não sabia. Tudo mudou quando conheci um garoto e fiz amizade com ele e ao mesmo tempo que eu gostava de sua amizade algo dentro de mim crescia loucamente.. eu estava me apaixonando, mas como isso daria certo se ele só fica com garotas? Assim como Elio fui atrás do que eu queria e consegui.. tivemos uma paixão intensa, algo que eu nunca tinha vivido com ninguém com nenhuma pessoa. Eu fazia parte dele e ele de mim. Mas não teve um final feliz, hoje ele namora com uma menina, mas ele sempre sera o meu “Oliver”

Primeiro amor

Quando eu tinha por volta dos 11, 12 anos, comecei a sentir todo aquele desejo, a vontade de experimentar o beijo e os anseios que sentimos quando começamos a desejar o outro. O estranho era que sentia isso por um outro garoto. Então precisava entender como eu, garoto, queria outro garoto. Mesmo assim falei com ele e passei pela minha primeira paixão/desilusão, já que não era o que ele curtia. Sofri, foram dias para entender quem eu era, isso que atrai e, mais ainda, saber que não é porque gosto de homens, que todos gostam. Foi difícil, mas bom demais viver/sentir tudo isso e sua intensidade.

Meu nirvana ou meu caos?

Eu sempre temi o novo. Qualquer ideia que me parecesse arriscada, eu automaticamente descartava por pura covardia. Isto era algo que eu costumava fazer desde a infância, ainda que nesta fase fosse inconscientemente.
Aos 14 anos, estamos dando o pontapé inicial da dita “melhor fase da vida”. Nossos hormônios ficam à flor da pele, nossos pensamentos e desejos mais secretos vem à tona e quase imploram para serem realizados, gritados, vividos. Foi exatamente nessa orla de sensações que o conheci.
As primeiras paixões costumam nos atingir em cheio, certo? Como uma espécie de amor ou fascínio à primeira vista. Mas esta paixão surgiu insólita. Foi uma espécie de paixão que arde com tamanha intensidade que parece te virar do avesso e você é capaz de sentir o calor que se apossa de todo seu corpo e os revérberos são quase palpáveis, porém você reprime todas essas vontades e deixa a chama oscilar, quase ao ponto de se extinguir por completo. Foi o que fiz.
Nesse tempo que me dediquei a negar meus sentimentos, ele se fez presente, dia após dia, ouvindo minhas incertezas, minhas inseguranças, sabendo exatamente as palavras certas a dizer nos momentos precisos. Descobri que não poderia mais conter minha paixão quando senti a sua me ser transmitida.
Aquele não era o momento para medos. Aquele era o momento de descobertas. E mesmo com a sombra do temor me circundando, eu avancei vacilante e colei nossos lábios. Foram frações de segundos e nelas eu senti um grão da imensidão dos nossos desejos.
Arrisquei novamente, dessa vez ousando mordiscar seus lábios e fazendo uma sucção com os meus. A chama novamente ardia, mais intensa à medida que nossas bocas faziam aquela dança sensual. Nossos corpos seguiam o ritmo, embora todo nosso sistema estivesse desempenhando suas funções sem controle algum. Respirações pesadas, mãos trêmulas que deslizavam por nossas peles, corações acelerados…
Mais tarde naquela noite, essas mesmas sensações recém descobertas foram saciadas. Em meio à dor e ao prazer, o medo se esvaiu, dando lugar à uma estranha sensação de libertação quase mística. Pensei que nada nem ninguém fosse capaz de me fazer sentir isso algum dia. Acredito que essa é a crença dos amantes de primeira viagem.
Mas paixões são passageiras, descobri com o tempo; o amor não, o amor permanece, ainda que esquecido ou isolado em algum cantinho do seu ser. Durante anos, ruminei sobre a possibilidade dessa paixão ter sido meu nirvana, mesmo ela me fazendo viver desequilíbrios, dores, desordens. – Nirvana ou caos? – Foi então que em meio à milionésima lembrança, eu cheguei a conclusão que ela era meu meio-termo. Minha paixão estava situada entre esses dois pólos opostos. Uma metade. Uma metade que eu achava necessitar por não me sentir completa.
Minha primeira paixão foi uma espécie de ponto de equilíbrio. Mas eu não precisava de equilíbrio, eu necessitava derramar-me para fora das bordas.

Frágil coração

Era apenas uma típica tarde de maio, onde eu estava voltando de mais um dia cansativo da escola quando me deparei com o Sr. J, eu já o conhecia apenas de vista, nunca havia me interessado antes, mas naquele dia eu vi tudo mudar, comecei a tentar descobrir seu nome, até que contei com ajuda de uma amiga minha que planejou como nos “conheceríamos”. Até que esse dia chegou, foi na época de uma festa do colégio, ele estava com um amigo que eu conhecia por ser namorado da minha melhor amiga, me surpreendi, naquele dia após a festa ele pegou meu número de telefone e mandou uma mensagem, meu coração batia descompassado de tanta felicidade, passamos a madrugada conversando e todos os dias foram assim, ele já fazia parte de mim, era como se já tivéssemos nos conhecido em outras vidas.Chegou no dia de meu aniversário e pensava que ele não iria se lembrar, mas estava errada, ele foi um dos primeiros a me desejar parabéns, aquilo me deixou tão feliz a ponto de gritar pela casa inteira. Escrevi uma carta para ele declarando parte do meu amor a ele, mas acho que foi uma das piores coisas que já fiz na minha vida, pois ele interpretou um pouco errado, e disse que não gostava de mim no sentido de amor, mas sim de amizade, o pior de tudo não foi isso, apenas ele ter se afastado bruscamente fez com que eu ficasse muito triste a ponto de sofrer de começo de depressão, pois ele era uma boa companhia, e me ajudava quanto precisava conversar com alguém. Tempos depois, descobri que ele estava com outra pessoa, o que restava do meu coração desapareceu depois disso, hoje em dia apenas agradeço por ele ter feito parte da minha vida, perdemos o contato e cada um seguiu seu rumo, ainda vejo o Sr.J por ai, mas não o vejo com os mesmos olhos de antes.