Coisas em comum

A gente só conheceu porque éramos fãs da mesma banda, estudávamos no mesmo colégio porém em sedes diferentes. Entramos em contato primeiro por uma rede social, tínhamos muita coisa em comum, a conversa fluía muito bem. Eu tinha apenas 15 anos, não sabia nada sobre conquistar alguém e sobre ser conquistada, fiquei encantada com uma pessoa q tinha tanta coisa em comum comigo, logo eu q era tão diferente todo mundo. Nos conhecemos pessoalmente em um evento da escola onde estudávamos q foi na sede dele, me encantei mais ainda, mas não sabia se era recíproco. Um dia ele me convidou para o cinema e como éramos muito adolescente não queríamos ir só, por vergonha mesmo, então ele chamou uma amiga e eu tbm chamei uma amiga minha, porém depois desse dia tudo mudou.
Eu nunca fui uma garota de fingir algo que não sou, sempre transparente aos olhos dos outros, e também nunca segui o padrão das meninas da minha escola, porém a minha amiga aquela q levei comigo ao cinema, era uma garotinha perfeita para todos os rapazes, era meiga, fofa e mais recatada, eu nunca fui assim. Acabou que ele se apaixonou por ela e não por mim, o problema é q eu já estava apaixonada por ele. Eu sofria diariamente por saber que minha melhor amiga era o q ele queria e não eu, que ela, apesar de ser completamente diferente dele, era para ele um sonho. Eu q tinha tanto em comum me tornei apenas uma amiga que podia aproxima-lo da garota dos sonhos dele.
Com o tempo fui superando tudo isso e me afastando dele, anos depois permanecia amiga da garota por quem ele se apaixonou e acabei descobrindo que eles ficaram uma vez, ela não quis continuar, talvez pq não queria nada com ele, – lembrando que eles não tinham nada em comum – talvez por respeito a mim. Mesmo que tenham ficado só uma vez ele ainda ficou anos apaixonado por ela. Eu me senti traída quando soube que ela, mesmo sabendo o quanto sofria com essa situação, aceitou ficar com ele. A partir daí, apesar de ter descoberto esse fato anos depois, comecei a me afastar da minha melhor amiga.
Assim acabei sem ter o meu primeiro amor e anos depois me afastei da minha melhor amiga.
Lembrando disso atualmente vejo como fui imatura, mas sempre me dou uma colher de chá, eu só tinha 15 anos.

Nos meus sonhos, tudo continua igual

Foi ao verificar bottons iguais de uma certa banda de rock alternativo em mochila de ambos, que nos conhecemos. Aos 14 anos, éramos adolescente acima da média, morando em cidade pequena, cidade praiana. Para mim, foi amor. Para ele, descoberta. Mudei de escola por pedido dele. Mudei de hábitos de leitura. Eu lhe apresentei a filosofia, ele me apresentou a ciência. Íamos remar em barcos e conversar sobre a vida, o universo e tudo mais, até perceber que ele já era a melhor parte dos meus dias, um sentimento nunca vivenciado antes, algo novo para mim, mas que não saberei como foi para ele. Nos tornamos íntimos, como grandes amigos que hoje somos, até eu beija-lo. Um beijo roubado, doce, que nunca esquecerei. Foi recíproco até certo momento, quando ele me disse que por mais que gostasse de mim, ele amava outra pessoa, outra pessoa ainda mais importante para mim, minha melhor amiga. Nunca esquecerei aquele sentimento de tristeza transbordante, desde que transbordei até quebrar, nunca mais voltei a me sentir cheio novamente. Mas o amor era real, pois eu ficaria satisfeito, ao vê-lo feliz. Então os juntei, formando o que é hoje o casal mais feliz que conheço. Nunca vou esquecer daquele ano, do primeiro amor irradiante, daquela pessoa. Fazem cinco anos e eu nunca mais amei ninguém com a mesma intensidade, mas quem ama alguém como na adolescência?! Aos 15, tudo é infinito. Mas também fazem anos que já me sinto feliz por eles estarem felizes, ao menos conscientemente, pois em sonhos, vários deles, ainda somos jovens e eu ainda o amo e sinto reciprocidade, me sinto pleno, até acordar com o rosto cheio de lágrimas e esquecê-lo novamente ao passar das horas.

Me chame

Lembro que meu primeiro amor tinha um nome diferente, que me chamou a atenção numa rede social que era direcionada para leitores, foi por isso que falei com ele e começamos a conversar; não vivemos um amor de muito tempo, mas ele foi o tipo de paixão avassaladora, mas que vai embora deixando só calmaria.

Amar as vezes não é o suficiente.

Romance? Não.
Drama? Não (talvez por conta do meu signo ser câncer, mas infelizmente não alteram os fatos).
Paixão? Minha.
Amor? Meu.
Ele? Do mundo.
A rede social me permitiu conhecer a pessoa que talvez tenha mudado a minha vida… nada de romantismo porque não fazia parte da vida dele, só festas, novos lábios e noites inesquecíveis. Ele foi o meu primeiro – sim, em tudo. A primeira paixão, o primeiro eu te amo, o primeiro homem e fazendo um paralelo com hoje, gostaria que nem o último ele fosse. Somos instantes, não é assim que dizem? E eu vivi cada instante para ele e por ele como se fossem os últimos, quando ouvíamos Chopin, quando discutíamos obras de Monet e Manet, analisávamos Van Gogh e planejávamos um casamento baseado no arcadismo, com uma vida futurista. Foi intenso, pelo menos para mim. As amigas sentem quando não vai dar certo, a mãe sente, a família e até nós sentímos, e comigo não foi diferente, senti! Mas optei por insistir, ele valia a pena, nós dois valíamos, mas ele não sabia. Eu o amei, muito mais do que a mim, mas o amor as vezes não é suficiente e o meu amor tocou o coração dele, mas não foi o suficiente para deixá-lo ao meu lado até o fim dos tempos. Ele sumiu e eu também. Estou ótima e desejo o mesmo, que a vida dele seja repleta de lembranças nossas, mas as melhores… as quais eu guardo até hoje bem dentro do meu coração, mas em um espaço bem pequeno, afinal, o maior espaço agora é para mim.

Eu chamei teu nome em silêncio

Ele tinha 29 anos. Eu, 22. Ele era formado, concursado, empregado público, acadêmico, cientista. Eu, um estudante de arquitetura, morando em cidade universitária, longe dos pais e da família, dividindo apartamento com 5 colegas. Ele trabalhava em outra cidade e voltava a cidade apenas nos fins de semana. Eu iniciei um namoro com uma moça da faculdade, linda e inteligente. Mas aí surgiu ele, numa moto, me oferecendo carona. Eu aceitei e a partir dali tudo mudou. Foi impossível continuar o namoro com a garota tendo ele sempre a me perseguir. Eu o amei como nunca tinha amado. E fui amado por ela, mas não pude continuar enganando meu coração nem a ela. Então terminei com ela. Com ele eu me encontrei algumas vezes, em seu apartamento, em bares ou restaurantes. Fizemos viagem juntos e passamos a noite toda numa cama só conversando, dividindo angústias e particularidades da vida de cada um. Eu reclamava atenção e frequência nos encontros. Ele oferecia o que tinha. Eu me aproximava cada vez mais. Ele rareava os encontros. Eu chamava o nome dele na madrugada, em silêncio, enquanto eu tentava dormir ou aguardar um contato dele. Parece que ele me ligava sempre que bebia, ou sempre depois de chegar em casa , quando não já estava com os amigos. Uma vez ele ligou
cedo da noite, dizendo que queria me encontrar depois das 23h. E eu esperei por aquele encontro mais uma vez. Mas ele não veio e não deu explicações pela falta. As coisas começaram a mudar , mas logo naquele momento em que eu passava o dia ouvindo músicas, escrevendo poemas, digitando músicas inteiras e enviando por SMS. Mas eram tudo enviado ao além. As respostas nunca chegaram. Eu ainda enviei meu convite de formatura para seu antigo endereço. E nunca obtive resposta de nada. Nunca ele esclareceu o sumiço, nunca ligou pra saber das marcas e cicatrizes que deixou. Ele nunca teve a sensibilidade para perceber que aquilo foi meu primeiro amor, meu primeiro amante, meu primeiro tudo, para depois acabar em nada. Ele preferiu se ausentar sem explicações. Há menos de um mês, acidentalmente, citaram o nome dele numa conversa. Tremi e emudeci. Disseram que agora ele é um excelente profissional na área, casou, tem filhos e mora com a mulher na mesma casa onde vivia quando conheci, na casa onde visitei e secretamente mal ousava chamar seu nome, porque tudo era secreto, até mesmo o arrependimento.

Fagulha

Eu amei tão profunda e ingenuamente meu primeiro amor que torci sinceramente para que o primeiro amor dele desse certo. Não era eu. Eu era cumplicidade, companheirismo, admiração. Ela era fagulha. A sensação de ser boa, mas não boa o bastante, foi consumindo aquele primeiro amor que me consumia. Virou cinza.
A história teve início com uma amizade e terminou com um “a gente ainda pode ser amigo”, e eu hoje sou muito amiga daquela Fagulha. Meu primeiro amor virou primeira decepção, primeiras tantas vezes, últimas tantas outras, mas me trouxe a melhor amiga que eu já tive na vida.
E é bom o bastante para mim.

Temporada de caça aos passos

Eu sempre me apaixono à primeira vista. Ainda consigo ver claramente, mesmo de olhos abertos, a primeira vez que o vi, aquele perfil afiado como o gume de uma lâmina cortando a luz florescente de uma lampada atrás de sua cabeça, seu nariz fazia como uma espada e dividia o dia falso da eletricidade da noite em que seu rosto estava mergulhado. Parece muita poesia, mas foi exatamente isso o que pensei quando o vi: o perfil de faca, o dia e a noite, um corte de luz que me fez recordar imediatamente de uma passagem de Virginia Woolf em “Rumo ao Farol”. O corte entre o ordinário do presente e absolutamente tudo o que veio depois. Um cordão umbilical rompido.
Não faz nem uma hora que terminei de ler o livro, tudo o que eu digo é muito real e eu já nem sei em que parte do tempo eu estou agora para ser sincero. Eu fiquei chorando como uma criança e senti o amargor que os adultos gostam de cultivar nas recordações adolescentes dos amores de verão. Mesmo que esse não tenha sido um amor de verão, mas de alguns verões e sobretudo inverno lá na cidade mais ao sul do Brasil, naquela praia que não tinha nada a não ser vento e uma cabine de madeira e que você fotografou, na qual entramos e escrevemos nossos nomes e embaixo deles “Temporada de caça aos passos, 2013″ (este seria o título do livro que eu supostamente escreveria sobre nossas viagens), e a gente sabia que era um lugar que provavelmente não voltaríamos outra vez, mesmo que na hora quisséssemos acreditar nisso, e talvez eu já soubesse naquele momento que desse momento em diante só era possível uma vertiginosa queda, e talvez eu já te amasse como um passarinho morto: sem propósito, como se amasse por pena e hábito de amar, talvez eu já estivesse sabendo que geralmente o amor nunca é suficiente. E pensando nisso tudo, se eu decidisse te chamar pelo meu nome ou pelo seu, não faria diferença, exceto pelo chiado que o ”c” faz antes do ”t”, mas que ninguém chega a pronunciar no português brasileiro. Eu estaria fadado pensar em você todas as vezes que eu pensasse no meu nome? Mas me chamam de tantos nomes que disso eu posso fugir às vezes, e eu sei que muito provavelmente você nunca usava meu nome, só o apelido, então, agora eu sei, que eu estava à salvo de me transformar em você e de como isso era perigoso.
Antes das cinqueta primeiras páginas, eu me convenci de que iria entrar em contato com ele novamente, depois de tanto tempo em hiato. Por e-mail, era a única forma e a mais segura. Nossas vidas não poderiam estar mais diferentes. Agora ele tem um filho e eu um diploma universitário. Tive que engolir o rancor que eu cuidadosamente cultivei por tantos anos, eu não queria mais carregar essa tristeza por ai e um dia na semana passada, sem aviso prévio, eu a chorei inteira para fora do meu corpo. E está tudo bem. Abri as janelas da minha casa e o sol entrou, dentro de mim ouvi alguma coisa se encaixar em outra, nem sei dizer muito bem o que é. Depois disso, até me disseram que estou ficando mais moço e ando durmindo tranquilamente a noite. Já me dou por satisfeito. Posso dizer que quase somos amigos de novo.

Olhos que refletiam o mais puro amor

Foi numa dessas tardes, não como essas das histórias de amor, mas um dia comum, pelo menos eu considerava um dia comum. Na época faziamos aula juntos, mas não era no colégio, não como você leitor deve estar imaginando. Simplesmente descreveria como uma aula da vida, misterioso? A escrita me faz transbordar sentimentos, mas alguns desses precisam ficar com um certo teor de dúvida. Vamos voltar a tarde que nos conhecemos, era um dia como qualquer outro, estavamos entrando no mesmo ambiente e insistiamos na tão comum troca de olhares. Eramos um garoto e uma pessoa, dois jovens peculiarmente diferentes. Algo em você (não você leitor, mas pessoa da história) me chamava atenção. Não sei dizer se era seu sorriso contagiante que tanto me atraia, ou a maneira como você disfarçava quando eu virava os olhos e percebia que você estava me observando, ou até seus cachos que me deixavam a desejar delinear cada pedaço do teu rosto. Aos poucos fomos nos conhecendo mais, desbravando os nossos segredos e compartilhando carinhos. Isso foi antes de tudo. Agora você leitor me pergunta: “- o que seria tudo?” tudo poderia definir toda a mudança que você sofreu, esse tal tudo basicamente foi você fugir da sua realidade, de esconder o que você realmente sentia e fingir por causa das aparências, por causa da maldita sociedade. Isso foi antes de você se apagar, destruir a sua essência e antes de você sumir da minha vida. A tal história da primeira paixão não foi tão boa assim, envolveu um coração quebrado e muito choro. Você que está lendo isso provavelmente deve estar se perguntando ” – E o que aconteceu com a tal pessoa do sorriso contagiante, tímida e que tinha os cachinhos mais atraentes desse mundo?” fugiu da própria realidade, manteu as aparências e fugiu do amor, o nosso amor. Preferiu manter a sociedade feliz, preferiu apagar cada bela memória que tinhamos. Mas hoje posso admitir que o maior erro da minha primeira paixão, foi amar mais ao outro do que a mim, foi apagar a minha essencia. Essa foi a minha primeira paixão que mais parece a história de um coração quebrado.

Foi numa tarde de domingo

Fui convidado por um amigo para sair e curtir o resto do domingo, já que no dia seguinte as férias acabariam. Ele me levou para Itapuã, um bairro famoso em Salvador onde uma das baianas de acarajé mais famosas ficava. A gente adorava aquele lugar e sempre que possível estávamos lá.

Quando chegamos meu amigo Otávio combinou de estacionar o carro enquanto eu ia para a fila do acarajé (era muito cheia, a fama da baiana não é somente em Salvador) para não perder tempo. Fiquei na fila e depois de um tempo chegou um garoto e ficou ao meu lado, quase entrando na minha frente na fila, inquieto, falando demais, conversando demais com todos ao redor e isso começou a me deixar irritado. Pedi que por favor tomasse cuidado pois ele estava me empurrando e estava quase passando na minha frente na fila. Mas ele começou a puxar mais assunto, a fazer piadas e brincadeiras. Eu achei péssimo, pensava “esse cara nem me conhece e está com tanta liberdade”.

Otávio finalmente chegou e para minha surpresa fez uma festa também par alguém que estava atrás de mim na fila e quando olhei. para minha surpresa era ele, o garoto “para frente”, ousado, falante chamado Henrique. Agra finalmente eu sabia o nome dele.

Acontece que quando Otávio foi nos apresentar ele disse que já nos conhecíamos e disse que nem acreditava que ele estava com o “estressadinho da fila”. A partir desse momento a noite que tinha tudo para ser calma foi bem agitada com a presença de Henrique, que acabou sentando com a gente e passando o resto da noite ao conosco.

Ele falava em festa o tempo inteiro, Ivete Sangalo, Carnaval, e só. Não havia outro assunto que não fosse festa e diversão; eu estava preocupado com o final das férias e a faculdade, estava com sono e falando bem pouco, até porque fico travado perto de pessoas que conversam demais sobre assuntos que não me interessam, acho que isso é normal.

Ele começou a me criticar, dizendo que eu estava muito quieto, que eu não sabia conversar, que era totalmente sem graça e que eu não havia gostado dele. Nesse momento confirmei e o clima ficou um tenso. Meu amigo percebeu e propôs ir para casa. Mas antes passaríamos na praia.

O papo continuou entre eles, o mesmo assunto de festas, praia, diversão, garotos para pegar, fazer e acontecer. Eu ficava cada vez mais irritado. Mesmo assim ele insistia em conversar comigo. Quando não aguentei – nesse momento Otávio não estava perto de nós – perguntou se ele não tinha nada de mais interessante para conversar. Mais uma vez ele me criticou, dizendo que eu sou muito estressadinho e metido, que não me achou antipático, mas que eu era sem graça, sem sal e açúcar, etc. Eu comecei a ficar ofendido e passei a discutir com ele também. Foi ódio à primeira vista.

Num dado momento ele cansou de discutir e de rebatar as coisas que eu falava. Mandou que eu calasse a boca de um jeito estúpido. E eu continuava a falar irritado e cheio de raiva. Ele simplesmente me agarrou nesse momento e me beijou.

E disse a clássica frase “só assim para calar a boca”.

Eu dei um riso tímido e confesso que gostei do beijo. Fiquei sem entender. Chamei ele de idiota.

Ele disse: – “Eu sabia que era isso que você queria!”

Isso para mim foi a gota d’água. Chamei-o de idiota e sai andando pela praia atrás de meu amigo. Ele veio em seguida me chamando, dizendo que foi uma brincadeira, me provocando. E eu estava muito irritado, quase chorando de raiva.

Finalmente ele se despediu, eu fiquei sozinho com Otávio e fomos embora. No caminho de volta para casa eu só sabia falar na discussão e o quanto eu tinha odiado aquele garoto. Falava muito e assim foi a semana inteira. Eu ligava para Otávio para falar de Henrique, perguntava se ele havia perguntado por mim.

Um dia ele me ligou, havia pedido meu número. Me pediu desculpas, mas logo em seguida começamos a brigar novamente. No final de tudo, essa briga terminou em paixão. Nos víamos todos os dias, ficávamos e brigávamos em algum momento. Mesmo assim não conseguíamos ficar longe um do outro.

Foi assim durante um ano, muitas brigas e desavenças aconteceram. No ano seguinte ele me pediu em namoro; ficamos juntos por três anos, fizemos viagens inesquecíveis, visitamos lugares, descobrimos coisas juntos. Até que acabou.

E saber seguir sem ele foi um dos momentos mais dolorosos de minha vida. Ele foi meu primeiro namorado, a primeira pessoa por quem me apaixonei e amei. Terminamos em 2014, mas não conseguimos nos separar, mesmo hoje ele vivendo outro relacionamento sério. Acho que o amor não acabou, se transformou. Mas o coração palpita sempre quando lembro de todo.

Vivi uma história linda e estou aqui aguardando aquele que ficará na minha história, ao meu lado, até o último momento.

Obrigado, Eric.

Oi, Eric.
Eu não lembro quando te vi pela primeira vez ou quando reparei em você, acho que foi no dia que você apareceu com uma peruca rosa na escola. Eras tão livre, tão sem medo. Eu tinha tanta inveja. Eu ainda tava preso, amarrado no meu armário, suprimindo qualquer desejo. Mas você apareceu.
Uma amiga sabia,a Paula, a única que sabia. Eu tive que contar ou explodiria. Vocês se aproximaram. Eu amava o jeito que você falava o nome dela quando passava por nós. “Olá, Paula Gemaque!”. Nessas horas eu me escondia, eu era um covarde. Eu tinha medo que as pessoas descobrissem o que eu sentia por você, eu tinha medo de lidar com o que sentia por você.
Você não reparava como eu me tremia quando você chegava perto? Como eu perdia a noção do tempo? Dos meus sentidos? Parte de mim acredita que você nunca reparou em mim, mas nos encontramos anos depois. Você lembra? No banheiro do shopping Boulevard? Nós nos encaramos por alguns segundo através do espelhos do banheiro, eu sorri e fui embora. Naquele momento, naqueles poucos segundos eu acreditei que você também sentiu algo por mim quando estudávamos juntos. Mas não eramos mais os mesmo, tudo já tinha passado.
Você não sabe por que eu estou escrevendo, mas é para agradecer. Toda vez que eu lembro da sensação de estar apaixonado eu lembro da sensação que você me proporcionou. Eu me arrependo de não ter falado com você, mas eu agradeço por ter me libertado, por ter me feito sentir.
Obrigado, Eric.

Cabeça de moça

Certa vez minha irmã mais velha voltou de viagem do interior e anunciou que estava de namorado. A família do pretendente era conhecida da nossa, praticamente vizinhos da casa de vovó, no sertão da Paraíba. Eu tinha doze anos quando soube que o tal rapaz viria em nossa casa para pedir oficialmente minha irmã em namoro pro meu pai, apesar dela já ter seus 18 anos e já ter seu próprio emprego. Eu o odiei à primeira vista, primeiramente por segurar as mãos da minha irmã pra cima e pra baixo, como se ela pudesse se desequilibrar facilmente sem apoiar-se nele, e segundo porque na minha cabeça de criança ele iria levá-la para longe e eu provavelmente só a veria uma vez ao ano, como aos meus avós. Fiz minha melhor careta e disse a ele uns bons desaforos antes de desaparecer pro meu quarto aos beliscões da minha irmã. O namorico não durou muito, as férias acabaram e ele voltou pro interior. Na época não havia essa febre de redes e aplicativos sociais e as ligações telefônicas eram caras. À distância o relacionamento nunca vingou, e o tal namorado virou passado distante rapidamente.
Já moça, depois da minha primeira decepção amorosa, minha família resolveu viajar para o interior para fortalecer os ânimos e rever os familiares na virada do ano, na época eu tinha dezenove anos.
Numa visita à casa dos meus avós reencontrei o namoradinho da minha irmã, ele deveria ter seus vinte e oito anos. Cumprimentou meus pais, conversou um pouco sobre a própria vida e não se surpreendeu ao saber que a mais velha tinha casado e já era mãe. Ao se despedir, discretamente fez uma careta e eu morri de vergonha ao lembrar do que tinha feito anos atrás. Fui deixá-lo no portão e acabamos conversando na calçada de casa, conversa essa que durou horas. Trocamos risos, falamos sobre música, filmes. Até que não sobrou nada a dizer a não ser sobre o clima, e depois somente o barulho dos grilos que anunciavam que já tinha escurecido. Nos beijamos de olhos abertos debaixo do Pau Brasil que ficava na esquina da rua. Não pude deixar de pensar se ele não teria feito isso antes com a minha irmã, e sorri pensando em como a vida era engraçada. Ficamos juntos por apenas três dias. Tempo suficiente para perceber que não era a mim que ele enxergava ao me encher de beijos e segurar a mão. Na realidade eu não gostava do gesto, mas havia algo em mim que tinha se encantado com aquele homem. Algo que até hoje não sei explicar ou talvez fosse somente a quentura do sertão na minha cabeça de moça.

E eu o chamei pelo meu nome.

Eu nunca esquecerei dessa primeira paixão… Sempre fui bem introspectivo, não costumava ter amigos, sempre fiquei na minha.
Por volta dos 12 anos meus vizinhos costumavam me comparar com um garoto que nunca havia visto, diziam que éramos gêmeos por diversos motivos, como odiava ser comparado à alguém sempre hesitei em conhecê-lo. Certo dia eu estava sentado na calçada desenhando e ele me aparaceu, Lucas, sim, temos o mesmo nome! Ele é dois anos mais velho, 10 centímetros mais alto, mas mesmo assim éramos idênticos, não consegui acreditar ao vê-lo… todas as semanas ele costumava ir até a casa do seu primo que era meu vizinho (talvez ainda seja, faz tempo que não o vejo) e ficávamos conversando, brincando, não éramos tão idênticos assim como diziam, deixamos de nos falar muitas vezes, mas nos conectamos de uma forma intensa e inexplicável, nos tornamos melhores amigos e fomos crescendo juntos. Somos de famílias religiosas e isso só dificultou tudo, quando nos vimos gostando um do outro, foi uma confusão interna (principalmente pra mim) e externa, não dizíamos isso um ao outro por medo de uma das partes sumir por medo ou algo do tipo, com o tempo meus pais foram “abrindo os olhos” para os que sempre esteve explícito e me proibiram de sair, de ver meu único amigo em toda a vizinhança, passamos alguns anos sem nos ver e conversar com frequência. Em 2010 eu falei tudo que sentia, na verdade por uma mensagem pelo facebook, foi um drama só, pra minha “surpresa” ele sentia o mesmo, mas mesmo assim nada podia ser feito, éramos pré-adolescentes…
Em 2013 voltamos a nos ver bastante, mas ele estava namorando uma garota, e bem eu estava vivendo minha vida, me forcei a mudar de ideia sobre tudo, tentando negar meus sentimentos, porém sem sucesso. Ele passou a me tratar como um irmão mais novo, era bem fofo e triste, não era o que eu queria, e anos depois ele me disse que não era o que ele queria. Muitas vezes chorando eu enviava muitas mensagens à ele, mas as respostas eram às vezes curtas ou apenas visualizadas e não respondidas e quando nos víamos pessoalmente evitávamos falar sobre, mas por dentro doía. Doía sempre, então me afastei, comecei um relacionamento que não durou muito e ao terminar, ele estava lá, mas ainda como um amigo, então já estávamos no fim da adolescência e bêbados demos um primeiro beijo, o que demorou tanto para acontecer, e que aconteceu quando estávamos bêbados por tanto revés nas chances anteriores… Depois disso eu já quebrei bastante esse coração, não me vejo vivendo com alguém, não me vejo com maturidade pra tudo isso, talvez eu tenha sentido tanto quando mais novo que acredito ter atingido minha cota pra isso, ele continua sendo meu amigo, sempre falamos sobre isso, sempre nos abraçamos de uma maneira como se ainda fossemos aqueles pré-adolescentes, eu ainda o amo, e ele diz o mesmo. Agora “adultos” temos focos diferentes, mas mantemos uma das promessas de após os 40 se não estivermos com alguém ficaremos juntos. Talvez por medo, meses atrás falamos sobre tentar, eu quero muito e na mesma intensidade de um primeiro amor, mas não quero que nada estrague o que sentimos um pelo outro, que parece ir além de muitos sentimentos, hoje depois de tantos problemas (não descritos aqui) eu só penso que se algo acontecer de alguma forma vai estragar e vamos perder contato de novo, prefiro mantê-lo como um grande amigo… Logo quando assisti o filme lembrei de tudo, postei no stories e ele viu, quase uma semana depois ele me enviou “Nosso filme naquela época”, eu respondi “é verdade. Lembrou bastante”… Por dentro muitas coisas passaram pela minha cabeça, e acredito que na dele também, mas não disse nada pra não atrapalhar, sabe, é melhor deixar como está, e salvar como rascunho.
Enfim, eu só queria que o tempo voltasse, eu só queria que nossos pais fossem mais liberais, mas infelizmente não é como nos filmes pra todo mundo. Eu ainda o amo, e desejo tudo de maravilhoso à você, Lucas.

Talvez eu não ganhe um dos exemplares do livro, mas desabafei, não podia fazer isso no twitter ou em outro lugar, nem falar com ninguém, ninguém entenderia nada, mas eu adoraria ganha. Obrigado intrinseca por esse espaço, estou devastado. </3